A pequena menina albina da foto talvez tenha sete/oito anos, faz uso de um capucho de plástico na cabeça e segura um outro pequeno plástico no qual guarda as pobres moedinhas que os automobilistas se dignam dar-lhe no cruzamento das avenidas Julius Nyerere e 24 de Julho. Dói ver essa e outras crianças que mendigam nas ruas de Maputo. Foto por mim tirada há cerca de uma hora.
Adenda às 16:14: uma oficial da polícia foi por mim alertada telefonicamente para o facto e acredito que ela irá evitar que a situação perdure.
9 comentários:
Já ontem tinha me referido a isto, as crianças estão órfãos do Estado. Isto não pode continuar. Há que denunciar esta realidade cruel. Este Diário está de parabéns.
Zicomo
NB: Professor, era de opinião que se ocultasse a matricula do caso na imagem...
Tomara mesmo que ela ajude, levando em conta que não se trata de um "caso de polícia", como querem muitos de nós.
Lá está a tradução indesejada que o meu computador faz, outra vez a trair-me. "Carro" e não "caso".
Consta que a criança na imagem é albina. Chamo a atenção do meu colega Belegarde, membro da recente associação dos albinos, para olhar por esta situação. Claro, é um mal que não escolhe a cor, etc., pelo que insisto que o governo deve dar espacial atenção nestes casos.
Se calhar por ser pai, esta situação choca-me. Uma criança indefesa entregue ao destino, ao diabo. Meu santo Deus!!!
Zicomo
É de uma crueldade desoladora a condição das crianças desprotegidas, sobretudo aquelas cuja doença as torna alvo de discriminação... Obrigada por partilhar connosco as suas vivências do quotidiano. Sou particularmente sensível à questão dos albinos em Moçambique e eu própria tratei muitos de queimaduras solares e afins quando lá trabalhei.
P. Lopes
no Brazil, a ex governadora do são Paulo(se não me engano) apelou aos cidadaos para que nao dessem gorojetas as crianças que estao nas ruas porque a maioria sao usadas por pessoas maior de idade principalmente homems, e dito feito as crianças disapareceram das ruas porque ja nao tinham lucros os usuarios e violadores de menores.
so que a diferencia é que no Brazil existem leis para ese tipo de abusos, emquanto que este Pais os 15%(dum certo partido) donos nao se ligam para isso porque os filhos crescem na Europa.
quanto a matricula não é visivel
Caro P. Lopez,
O albinismo é uma predisposição genética (dependente da combinação dos genes dos pais) e não uma doença adquirida. Por isso nenhum albino deve ser tratado como doente! A causa é um defeito na produção de melanina, responsável pela ausência total da pigmentação da pele, dos cabelos e a cor rosado dos olhos. Os albinos não sofrem devida a cor de pele, sofrem devida a exclusão social, preconceitos e discriminação. São o Estado e a sociedade civil (tu e eu) que devem garantir, a dignidade humana, boa alimentação, serviços de saúde, segurança e uma vida digna dos albinos, mesma da menina albina na foto. Porque segunda a Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 16, nem a cor da pele, nem a raça tem importância.
Oxalá
Já da última vez o Governo foi de favor (Ministra da mulher e acção social)da Primeira dama! para a cerimónia da Crans Montana como é que vai fazer face a esta situção? esta situação é chata e constrangedora, será que este ministério tem espaço para funcionar? ou então acabamos com esta fachada e passamos todos os rolls e status para o gabinete da esposa da primeira dama porque de facto este é que está a trabalhar!...
Eu gostaria de poder dizer umas coisas muito mais desagradaveis a respeito desta situacao. Mas vou abster-me para nao me incompatibilizar com os que me antecederam...
Mas de uma coisa me lembro. A uns anos atras, em Nampula, a edilidade reuniu todos os comerciantes, ONGs, pobres e mendigos da cidade para lhes informar o seguinte: todas sexta-feiras, num determinado local central da urbe, todas as oferendas seriam distribuidas publicamente aos mais necessitados, com uma condicao: NAO MAIS deveriam pedir esmola nos farois, nem ATACAR TURISTAS para lhes extorquir centavos de dolar. E parece que resultou, ate se descobrir que 50% dos mendigos eram toxico-dependentes, chulos, alcoolatras e vadios por opcao. Portanto, uns "folgados"!
Por isso, prefiro ficar-me por aqui...
E preciso descomprimir as urbes. O governo tem que assumir as suas responsabilidades sociais e legais.
P.S.
Professor, logo no primeiro cruzamento logo a seguir a portagem da Matola, na auto-estrada em direccao aquela urbe, instalou-se no farol, a umas tres semanas, uma senhora em cadeira de rodas que comanda meia dezena de andrajosos petizes que investem incessantemente contra os automoveis que param no vermelho, correndo risco de vida e atrapalhando o transito. Esta e uma situacao inedita, que nunca vi ali acontecer. Mas que sucede, porque, ao que parece ser "pedinte de farol" tornou-se numa profissao digna de salario minimo.
Caro comentador nº 6 deste post,
Se voltar a ler o meu comentário vai perceber perfeitamente que não considero o albinismo uma doença adquirida. O que está escrito é que tratei muitas queimaduras solares nos albinos e não a doença, que obviamente não tem tratamento.
Quanto à sua afirmação de que se trata de um problema exclusivamente social, permita-me que discorde. A discriminação é um problema grave, mas os albinos sofrem também de muitos problemas médicos, como as queimaduras, a retinopatia, que pode levar à cegueira e cancros da pele e portanto precisam de assistência médica regular.
Atentamente
P. Lopes
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