27 novembro 2013

Papa Francisco, o "apóstolo da desgraça"

Assim falou o Papa Francisco, numa memorável intervenção que, se fosse feita entre nós ou feita por algum moçambicano, teria logo certos cavalheiros a dizer que ele era um "apóstolo da desgraça" (daí a ironia do título em epígrafe) e que nada entendia do "desenvolvimento": "Assim como o mandamento «não matar» põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer «não a uma economia da exclusão e da desigualdade social». Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o facto de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. Assim teve início a cultura do «descartável», que aliás chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente do fenómeno de exploração e opressão, mas duma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são «explorados», mas resíduos, «sobras»." Texto na íntegra aqui. Foto reproduzida daqui.

1 comentário:

nachingweya disse...

Certamente que o MNE já sabe que papas assim não se convidam para Moçambique... Pelo menos até 2015 se sorte mais grave não nos calhar