24 novembro 2013

Sancho, o equilibrista

Hoje é o tempo das teorias almofadadas, dos conceitos amortecedores, dos diálogos "racionais", dos termos-aspirina (género "globalização"), dos mandarins do verbo nefelibata, dos intelectuais medíocres do nem-nem, dos seminaristas da razão nem-direita-nem-esquerda, dos comentadores iluminados e dos adoradores da neutralidade ostentória, etc. Por isso acho de bom tom recordar aquele que, hoje ainda, continua a provocar úlceras gástricas em vários quadrantes, falo de Marx. Vamos lá: “Sancho não quer que dois indivíduos estejam 'em contradição', um com o outro, como burguês e proletário […], ele desejaria vê-los entrar numa relação pessoal de indivíduo para indivíduo. Não considera que, no quadro de uma divisão de trabalho, as relações pessoais tornam-se necessariamente, inevitavelmente, relações de classes e se cristalizam como tais; assim, todo o seu palavreado reduz-se a um voto piedoso que pensa realizar exortando os indivíduos dessas classes a expulsar do seu espírito a ideia das suas 'contradições' e dos seus 'privilégios' particulares […] Para destruir a 'contradição' e o 'particular', bastaria mudar a 'opinião' e o 'querer'. […] - Marx, Karl, Idéologie allemande. Paris: A. Costes, 1947, Œuvres Philosophiques, tome IX, p. 94. Marx ataca Max Stirner (1806/1856), filósofo alemão.

2 comentários:

nachingweya disse...

Numa altura em que muitos- nao direi lideres- proprietarios de opiniao asseveram que Mocambique precisa de uma classe media forte para lograr desenvover-se.
Ora, uma classe media forte nao sera a que melhor sabe explorar uma classe baixa de proletarios e camponeses mais vulneraveis e paga a horas os tributos a uma classe superior ( no caso, ainda em formacao)? A questao de classes em Mocambique acaba se reduzindo a um extracto de conta bancaria, nem sequer o nivel cultural conta

Salvador Langa disse...

Quando estabelecemos virtudes nos homens abstractos esquecemos que eles são de carne e osso e pertencem a grupos sociais.