Logo que oportuno inicio aqui a publicação do habitual Dossier Savana, edição de 19/08/2011. Amanhã deverei inserir, destacado, o não menos habitual "À hora do fecho" do jornal. E prosseguirei o dossier de 12/08/2011. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
11 comentários:
E depois pede-se ao Povo que tenha auto-estima. Que auto-estima?
O que mais me espanta é o silêncio dos nossos deputados, da nossa oposição.
Anualmente a retórica é a mesma "O Estado da Nação é bom".
Zicomo
DUAT Brasileiros em Moçambique 60 000 Km2
Área Portugal 92 090 Km2
Área Suissa 41 284,57 Km2
Área Swazilândia 17 364 Km2
Área Luxemburgo 2 586 Km2
Se a lei permite que o Conselho de Ministros negoceie, sem a aprovação da Assembleia da República, tamanha porção de território nacional por um século, então é uma má lei.
DUAT Brasileiros em Moçambique 60 000 Km2
Area da Provincia do Maputo - 26.058 Km2.
Area da Provincia de Manica - 61.661 Km2.
Area da Provincia de Sofala - 68.018 Km2.
Area da Provincia do Maputo - 68.615 Km2.
Se a estas areas adicionar-se às areas de mineração das areas pesadas, carvão, plantio de eucaliptos, etc. e tendo em conta a explosão demográfica (parece que nossa população duplica em cerca de 20 anos) . . .
essa é a minha duvida se o governo negocia DIRECTAMENTE se consultar o povo que é o dono da terra, ou o Parlamento que representa o povo, para que serve o parlamento ? só para gastar 10 milhoes de Dollares para comprar 250 4X4?, mas que merda de democracia temos, e como sempre todos nós de boca fexada, e as tais organizaçoes da sociedade civil? k merda da época
O dupplo "m..." do texto do Chaúque saiu por eu entender que tem apenas uma função catárquica...
Eu acho k a porcao dada a eh pequena o governo devia dar mais hectares aos brasileiros, chineses, indianos. Ate hoje nao percebo porque a gente teme em ficar com milhares de hectares de terra para nao fazer nada com eles please deixem os que podem explora-los o fazerem o que se precisa negociar sao os ganhos que o pais pode ter com essas concessoes essa eh que devia ser a nossa preocupacao nao apenas reclamarmos sem nenhum projecto concreto com essas terras. Eu acho que antes de criticarmos devemos tambem analisar o que o pais perde com tanta terra ociosa.
Maxango
Não é fácil um comentário equilibrado sem conhecermos melhor a real posição do Governo.
1. “A quente”, diria que estamos próximos da reimplantação das Companhias Magestáticas. Em termos de área geográfica, esta equivaleria á Companhia do Niassa, (CN). Tal como a CN tinha a Libra como moeda, aqui introduziriamos o REAL.
2. Como temos propensão, mais para RENDEIROS do que PRODUTORES, consumiriamos alegremente da RENDA.
2.1- Sobre rendas permitam-me um parentesis para transcrever uma passagem do General Lagos Lidimu, no exercício de direio de resposta no Savana de hoje, pág. 2, a propósito do seu alegado envolvimento no negócio da exportação ilegal de madeiras.
Diz o General: “ … o signatário deverá esclarecer no entanto que é proprietário da Carpintaria Nampula que adquiriu em 2004, ao abrigo do Decreto 21/89 … … As instalações desta carpintaria assim como a maquinaria foram ARRENDADAS em setembro de 2008 á Casa Bonita…… Portanto a única relação que o signatário tem com a Casa Bonita Internacional é de locador – locatário. Arrendou instalações e cobra RENDA pelo arrendamento …”
2.2. Este quadro é representatitivo de um grande número de nós! Não temos propensão para PRODUZIR, chamamos outros para o fazer … consumimos as RENDAS … é o nosso empreendedorismo.
3. Voltando aos 6 milhões de hectares: entendo que, por vezes, há alguma desinformação, ou ignorância sobre o que comentamos. Quando no tempo do PPI se falava do Projecto dos 400 mil hectares, não se estava a dizer, como muitos interpretávamos, que eram 400 mil hectares de cultura de algodão.
Era um PROJECTO INTEGRADO onde, numa área de 400 mil hecares se faria, por hipotese, 40 mil de algodão, 40 de cereais, 20 de oleaginosas, 100 mil de floresta, 50 mil para pecuária, agro-industrias e actividades conexas, ficando o restante como reservas faunisticas ou outras.
4. Da mesma forma, o que, certamente, o Governo pretende desenvolver, é, um PROJECTO INTEGRADO numa área de 6 milhões de hectares, dos quais por hipótese, 20% seriam destinados a ocupação com diversas culturas anuais ou permanentes.
> Seria base para o desenvolvimento económico e social de uma região.
> Não se fazem omoletes sem ovos. Os volumes de investimento são enormes, não temos recursos próprios … resta atrair investidores, para de forma equilibrada, repartirmos os resultados.
5. Resta “esperar para ver” a reacção do Governo.
Primeio veio a Cruz (agora ja nao vem a espada) representada pela Universal. Mas nao ë a unica... Atras dela vem o capital e a agora vem a ocupação...
Os brasileiros sao tao imperialistas como os gringos ou os chineses ou outros. So que eles ainda nao tem o poderio destes e por isso tambem se apresentam mais mansos. E sao obrigados a começar pela periferia...
Mas, que nao deixaram de ocupar o que puderem conquistar. Mas olhando a coisa pelo lado pragmatico, como diz o Sr Maxango, a questão seria: o que podemos ganhar com a sua vinda. E eu acho que nao ganharemos muito. Alguns chefoes certamente ganharao! Mas as pessoas da zona e do país nao ganharao muito. Ja o vimos com os megaprojectos...
O que ganhamos ou perdemos com a concessao de terras pode depender da nossa capacidade de negociacao por isso eu acho que é prematuro esse debate, ou simlesmente nao temos elementos para tirar qualquer que seja a conclusao. Quando ha falta de transparencia o resultado é exactamente este todos especulamos, avançamos hipoteses, emitimos juizos.
HIPOTESE 1
Se eu fosse governo as concessos teriam como mandatorias as seguintes clausulas:
1-80% da mao de obra deveria ser local
2-Que o objectivo da producao de cada cultura reduza as importacoes da mesma em pelo menos 80%
3-Que as concessoes agricolas sirvam para revitalizar a industria (o governo pode abrir concursos de longo prazo para revitalizacao da industria textil com base na perspectiva de producao de algodao)
3-Que a producao revitalize a industria alimentar para servir o pais e o mundo
Esses sao alguns aspectos que fariam parte das negociacoes, eu acho que devemos travar o pensamento empirico de que o investidor deve construir escola/hospital que depois o governo nao tera capacidade de colocar la o professor e o medico bem como assegurar um orcamento de funcionamento.Devemos criar dinamicas economico-sociais que permitem que o resto possa acontecer naturalmente.
Maxango
Aquando do Projecto Mozagrius na provincia do Niassa a vida era mais ou menos assim: das 04:00 h da manhã até as 16:00 da tarde os naturais prestavam serviço aos concessionários e tinham livre acesso às suas antigas terras. Das 16:00 h até as 04:00 h todo aquele que circulasse nas zonas de concessão podia passar por ladrão e sofrer as consequências.
Não faço ideia de como seria depois de 50 anos.
O meu apelo é que sigamos o exemplo do Brasil no cerrado brasileiro sim, dos indianos na Índia, dos líbios na Líbia, dos chineses na China,boers zimbabweanos e sul africanos, dos vietnamitas no Vietname, dos russos na Rússia, dos americanos na América e até dos extraterrestres no que for bom, mas com moçambicanos. Em 100%.
E comecemos com coisas pequenas, sustentáveis e que já se faziam antes da guerra. Falo da Mecanagro, da AGRICOM, dos CAIL, CAIA, Gurue, Ruasse, Lioma, etc. Todas estas boas práticas não faliram por incompetência dos moçambicanos, foi devido à irresponsavel - é preciso que assumamos todos - guerra de 16 anos entre moçambicanos sem causas objectivas.
É preciso que saibamos que não se aprende cedendo factores de produção. Quem assim procede candidata-se a pedinte ou acomoda-se nessa condição.
Desenvolvimento é associação productiva de factores de produção, capital, trabalho e adiamento de consumo. Nesta prespectiva Trabalho não é emprego, pode incluir contratação de empregados.
PS: A Bananalândia, aqui mesmo na Namaacha, pode ser um bonito caso de estudo sobre concessões de terra, benefícios e impactos (mesmo quando 90% da força de trabalho é moçambicana)
Boa tarde!
Devo concordar com o seguinte "... não se aprende cedendo factores de produção. Quem assim procede candidata-se a pedinte ou acomoda-se nessa condição."
E, com base no art. 48 da Constituição da República de Moçambique, 2004, permitam-me expressar o seguinte: os moçambicanos nunca foram incompetentes. Sempre mostraram capacidade para resolver os seus próprios problemas com sucesso e se tornar referência para o mundo, desde os "nkosi" anteriores a Gungunhane até á actualidade, todavia, a ausência de responsabilidade política, a falta de auto-estima... os aspectos sócio-históricos e culturais que têm enfermado, sobretudo, as elites governantes africanas contemporâneas tendem a negar tal capacidade, tendem a definir o moçambicano/africano numa categoria ontológica, cujas características "recuam" o tempo ao séc. XV, quando das viagens de descoberta. Por isso, há uma tendência de se reparar as coisas estranhas a esse periodo (democracia em África, amizade, cooperação...) como cosméticos. Numa democracia "cosmética" faz sentido acontecerem muitas coisas de interesse público sem o simples conhecimento desse público. Graças aos outros/diáspora, parte desse público pode saber certas coisas... enfim, todos nós somos responsáveis pela nossa dura realidade, com mais agravante, os que nos governam.
Vuka Africa!
Obs: Moçambique sempre teve quadros, ainda que poucos, de destaque em quase todas as áreas: política, económica, acadêmica, desportiva, cultural...
Mas não comentei!!!
Obrigado
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