No mediaFAX de 15/08/2011, aqui.
Adenda 1: já em 2009, em postagem neste diário, dei a conhecer uma posição do actual ministro Zeferino Martins, citado pelo "O País", a saber: “Gerações de crianças e jovens nos países africanos foram marcadas por uma filosofia pedagógica que defendia a presunção do chumbo: todos estão chumbados até prova em contrário! Chumbar era a norma e passar era a excepção”, descreveu a fonte, querendo mostrar que era preciso abandonar o sistema de reprovação, pois fazia parte de uma doutrina colonial, virada para a estigmatização dos negros."
Adenda 2: comentários a uma série minha, igualmente de 2009, com intervenções dos professores Fátima Ribeiro e Manuel Lobo, aqui.
Adenda 3: "(...) há que levar o debate até às últimas consequências quando o assunto é dirigir uma escola" - extracto de um editorial do "Notícias" de 25/08/2011, aqui.
Adenda 4: sobre o que o ministro Zeferino Martins terá dito, citado pelo mediaFAX, recebi anteontem de uma leitora identificada, mas aqui em situação de anónima, o seguinte texto: "Quando a mediocridade se transforma em normalidade é quando se abre as portas para se questionar tudo que possa servir de crítica (construtiva ou não). O resultado é um embrutecimento forçado ou um exílio da tentativa de excelência. Entendo que não gostemos que nos critiquem (para não ferirem a nossa auto-estima), mas perdermos a capacidade de auto-crítica e deixarmos de exigir excelência a nós próprios deixa-me deveras entristecida. Se deixarmos de chumbar, para que não nos chamem de incompetentes, como aceitaremos quando nos avaliarem no mercado laboral e realmente não tivermos o mínimo de competência? Como poderemos competir com aqueles que vêm de sistemas em que a competência é factualmente exigida e não pintada por cima para embelezar estatísticas? Como poderemos dizer que não queremos estrangeiros a ocuparem os nossos lugares, se nós teremos as qualificações, mas ainda não o real know-how? Não há ninguém que realmente fique doente com este estado de coisas?"
Adenda 5: um texto brasileiro intitulado Contexto pedagógico para a prática de avaliação, aqui.
Adenda 1: já em 2009, em postagem neste diário, dei a conhecer uma posição do actual ministro Zeferino Martins, citado pelo "O País", a saber: “Gerações de crianças e jovens nos países africanos foram marcadas por uma filosofia pedagógica que defendia a presunção do chumbo: todos estão chumbados até prova em contrário! Chumbar era a norma e passar era a excepção”, descreveu a fonte, querendo mostrar que era preciso abandonar o sistema de reprovação, pois fazia parte de uma doutrina colonial, virada para a estigmatização dos negros."
Adenda 2: comentários a uma série minha, igualmente de 2009, com intervenções dos professores Fátima Ribeiro e Manuel Lobo, aqui.
Adenda 3: "(...) há que levar o debate até às últimas consequências quando o assunto é dirigir uma escola" - extracto de um editorial do "Notícias" de 25/08/2011, aqui.
Adenda 4: sobre o que o ministro Zeferino Martins terá dito, citado pelo mediaFAX, recebi anteontem de uma leitora identificada, mas aqui em situação de anónima, o seguinte texto: "Quando a mediocridade se transforma em normalidade é quando se abre as portas para se questionar tudo que possa servir de crítica (construtiva ou não). O resultado é um embrutecimento forçado ou um exílio da tentativa de excelência. Entendo que não gostemos que nos critiquem (para não ferirem a nossa auto-estima), mas perdermos a capacidade de auto-crítica e deixarmos de exigir excelência a nós próprios deixa-me deveras entristecida. Se deixarmos de chumbar, para que não nos chamem de incompetentes, como aceitaremos quando nos avaliarem no mercado laboral e realmente não tivermos o mínimo de competência? Como poderemos competir com aqueles que vêm de sistemas em que a competência é factualmente exigida e não pintada por cima para embelezar estatísticas? Como poderemos dizer que não queremos estrangeiros a ocuparem os nossos lugares, se nós teremos as qualificações, mas ainda não o real know-how? Não há ninguém que realmente fique doente com este estado de coisas?"
Adenda 5: um texto brasileiro intitulado Contexto pedagógico para a prática de avaliação, aqui.
14 comentários:
Concordo plenamente mas, o abacaxi porque abacaxi ha e enorrrrrrrrrrme tem a ver com a mentalidade dos novos ricos que compram e pagam tudo e portanto nao se importam com esse estado de coisas. Resta e saber se os mesmos estao conscientes da cova que estao a cavar para as geracoes futuras... E ai de quem criticar, de facto, vira inimigo publico numero um. fazer o que?
Professor tem um texto muito interessante sobre a qualidade da educação que saiu no dia 10 de Maio de 2011 no NY Times cujo link deixo para quem quiser ler:
http://economix.blogs.nytimes.com/2011/05/10/using-economics-to-help-the-worlds-poor/?scp=1&sq=aren%C2%A8t%20parents%20revolting&st=cse
May 10, 2011, 1:30 PM
Using Economics to Help the World’s Poor
By DAVID LEONHARDT
Agradecia que o professor, se nao houvesse problemas de direitos de autor, publicasse no seu blog este artigo.
Manuel Lobo
Achei o editorial do noticias , muito correcto.
Diria ate, Democrático por "puxar" pro debate a questão da Educação.
Nota 10 ( como dizem os "brazucas"), Ao Noticias, pelo Patriotismo, Democracia e Responsabilidade neste editorial.
Quando o assunto 'e Educação, temos que sérios, mesmo.
Tese 1: Nao existe relacao entre a passagem semi-automatica instaurada em 2004 e a fraca qualidade de aprendizagem dos alunos cujo cidadaos leigos ate sao capazes de observar em termos de capacidade de leitura, escrita e repeticao de tabuada. Professor, de-me os seus 3 melhores estudantes de universidade que querem fazer um estudo neste tema. Eu serei o supervisor e aceito ate arriscar a minha carreia. Nogoceio com a minha instituicao para financiamento. Ja tudo depende da sua reaccao e esta entrada.
Brasil - 'A partir deste ano, começa a valer a recomendação do Ministério da Educação (MEC) para que as escolas não reprovem os alunos dos três primeiros anos do ensino fundamental, criando um ciclo de alfabetização. A resolução não tem força de lei, mas trouxe à tona um debate antigo. Governos, organizações e a comunidade escolar voltaram a discutir a eficácia da reprovação, principalmente no período inicial da criança no ensino básico. A orientação do MEC faz parte de uma proposta do Conselho Nacional de Educação (CNE) para a estruturação dos nove anos da educação fundamental.'
http://blogdowashingtondourado.wordpress.com/2011/03/19/mec-escolas-nao-devem-reprovar-nos-3-primeiros-anos-do-ensino-fundamental/
Prof., quatro temas de pesquisa em que me responsabilizo. verifica impiricamente se:
Tema 1: Alunos que fizeram a 7a classe em 2003, period antes da introducao da politica de passagem automatica, liam melhor do que os alunos que concluiram a 7a classe em 2011.
Tema 2:
Alunos que fizeram a 7a classe em 2003, period antes da introducao da politica de passagem automatica, escreviam melhor do que os alunos que concluiram a 7a classe em 2011.
Tema 3:
Alunos que fizeram a 7a classe em 2003, period antes da introducao da politica de passagem automatica, calculavam melhor em papel do que os alunos que concluiram a 7a classe em 2011.
Tema 4:
Alunos que fizeram a 7a classe em 2003, period antes da introducao da politica de passagem automatica, calculavam melhor mentalmente do que os alunos que concluiram a 7a classe em 2011.
Tema 5:
Pais/maes e ncarregados de educacao acham que no passado os alunos aprendiam melhor que hoje e implicacoes deste pensamento no acompanhamento dos educandos.
Para que não se reprovasse muitas questões teriam de ser vistas. Se não forem vistas nadamos na demagogia.
Antes de mais, gostaria de puder responder ao Heyden que me “acusou” de fazer uma análise fria ao sector da Educação. Muitas vezes em Moçambique o óbvio é a coisa mais difícil de resolver e até mesmo de perceber. Eu não sou contra as passagens automáticas, nem faço análise em função dos dados da capital (incluamos aqui a Beira e Nampula).
Conheço o país de lés-a-lés e, portanto, sei o que digo. Apenas apelo para que as passagens automáticas sejam introduzidas em coerência com à situação económica do país. Nos países onde as passagens automáticas foram introduzidas os alunos tem refeição escolar, sentam em carteiras dignas, tem assistência médica e medicamentosa, os professores são pagos salários dignos, e no país?
O sistema actual moçambicano, “não forma”, "deforma o futuro", empobrece o presente, e não existe futuro.
A razão é simples, busca-se iniciativas europeias e introduzem-nas no país sem terem em conta a realidade do país. E os doadores, neste aspecto, são excelentes candongueiros. Como diria o poeta moçambicano no anonimato “ Mas nós é que estamos a viver o clima e outros nos recomendam as mantas em função do clima lido nos jornais ou acompanhado via radio e TV”.
Ao sector da Educação nunca faltou aviso à navegação. Mesmo quando andei por Nampula, onde fui estagiário por cerca de um mês na Escola Secundária de Nampula, os colegas na altura tinham dificuldades em dar aulas, recebiam do primário, alunos que não eram capazes de formular uma frase legível. Chagamos a conclusão que as passagens automáticas são válidas para certa realidade.
Dizia noutro dia um leitor, Laude Gury, que “Acho que nunca devemos comprometer a qualidade, de modo a cuspir grandes quantidades de analfabetos. Deve-se apostar na qualidade enquanto criando condições para abranger um maior rácio da população. A verdade eh que o mercado de emprego nem é assim tão grande. Porque não criar outras opções de educação?
Como se pode ver, o Ministério está a cometer um erro crasso.
(Continua)...
(Cont)...
Está a se investir no vazio. Não há pior coisa que deformar, ser mal formado. Quanto a este aspecto, penso que Samora foi feliz na gestão da Educação. Não deu aos Moçambicanos um horizonte alargado de conhecimentos, mas insuflou ao sector a ética, a deontologia, o conhecimento primário do país. É verdade que a história que se dava era, sobretudo a História da Frelimo, dos nacionalistas da época, mas aprendia-se a saber ler e escrever essa gesta. E os pais, lembro-me que o meu quando voltasse do serviço, lá para a década de 80 e princípios de 90, dedica-se a ensinar os seus rebentos. Era assim na época, porque o regime, apesar de todos os defeitos, queria assim. Foi nesta época que o país conheceu bons resultados.
Portanto, “... vale a pena investir no homem, investir mais no homem do que em todas as outras coisas ... nenhum dinheiro público pode ser melhor gasto do que aquele que se investe na educação do homem...” Germano de Novais
Será que estamos a seguir as pegadas de Machel? Não tenho ódio contra o actual sistema. Não sou movido pelo ódio. Tenho a consciência que o dever de um Moçambicano, como Moçambicano que sou, é de opinar e mostrar o meu raciocínio. Não faço disso a bússola, mas espero que se encontre uma saída para salvar o sector da Educação. Ninguém está a altura de dizer que o sector vai bem, é unânime o sentimento de que a Educação está a decair.
Numa aula na Universidade de Évora, o Professor Manuel Branco fez a seguinte analise: “Na maioria dos países pobres os investimentos científicos não tem retorno porque esses países não conseguem injectar financiamento necessário para aprofundar as investigações”.
Também Federico Mayor, ex- director geral da UNESCO deixou o seguinte conselho: “Por isso, desde o primeiro momento, aconselhei a todos os chefes de Estados dos países mais populosos do mundo que não pedissem empréstimos para a educação mas que, pelo contrário, retirassem dinheiro das suas próprias – ainda que escassas – receitas. Porque não deveriam endividar-se para garantir um direito fundamental aos seus cidadãos, como é o acesso à educação".
Zicomo
Discutindo o sexo dos anjos. E o que acontece quando voltamos a discutir um assunto, ja amplamente discutido...
Voila, c'est la vie.
Passar sem problemas...coisa boa e "pensativa"...
Segundo o meu ponto de vista o problema da educação está na qualidade dos professores. Não sei como se espera de um professor que não domina a língua em que deve trabalhar a transmissão correcta, coerente e pedagógica de alguma noção de conhecimento ciêntífico.Sobretudo no ensino primário.
Conheço professores primários (e secundários e, as alguns, universitários) que não conseguem formular um pensamento numa frase estruturada. A adicionar, muitas crianças não falam português em casa. No entanto é crucial estabelecer-se primeiro um veículo de comunicação e só depois a ciência ou o que se pretenda transmitir.
Face a essa realidade o colonialismo tinha pensado no ensino primário elementar para introduzir a língua e conceitos de base. Até mais recentemente usou-se o ensino pré-primário mas alguém resolveu planificar o país em função da realidade do seu quintal e, mais uma vez, o país e a sua verdade foram preteridos.
Acho que a formação de professores e a valorização da profissão são o segredo para a Educação. A todos os níveis mas com grau de EMERGÊNCIA no ensino primário.
PS.: Outra área que deve merecer atenção do sector são os livros de ensino. Muitos são de autoria de professores que conhecem conceitos mas não sabem estruturá-los de forma pedagógica. (Parecem cópias do Wikipédia)
Actualmente estou a realizar uma pesquisa longitudinal em 7 escolas primarias.Comecei com esta pesquisa em 2006 e vai terminar em 2012. Ate agora os dados que tenho me indicam que nas turmas ha dois grupos distintos de alunos. Alunos muito bons, escrevem muito bem, e calculam melhor do que seus professores. Outro grupo muito grande e constituido por alunos que nao sabem ler, nem escrever nenhuma palavra e nem tabuada de adicao no limite 20 sabem. Como parte destaa pesquisa, ja recolhi varios dados demograficos destas criancas e ja visitei mais de 3 vezes as casas de cada crianca, ja falei e conheco pessoalmente os pais de cada crianca. Estou a usar 'factor analysis' e 'cluster analysis' para analisar os dados quantitativos e INVEVO para os qualitativos. O que eu descobri e acerca destes dois grupos de alunos e bastante interessante e para ja, pode-se excluir o impacto da passagem automatica. A qualidade de professor contribui apenas em 3% na variabilidade dos dados. Condicoes da escola e localizacao, sim, explicam 20% da variancia. O nivel de escolaridade das maes explica mais de 70% dos resultados. Minha conclusao preliminar e de que 'o acompanhamento dos pais na educacao dos filhos' explica porque existem dois grupos distintos de criancas nas turmas.
Por outras palavras, os pais que deveriam complementar os professores, sao quem afinal assume hoje o papel de DOCENTE. Vai no caminho certo, meu caro, porque confirma o drama quotidiano de muitos pais (eu incluso) com o pagamento a explicadores, cursos-extra e ate tempo extra para ensinar aos nossos petizes que 2+2 sao sempre 4, e nao porque o professor DISSE!
Mas isto, e um mana para o sr. Professor nos preparar um outro questionario sobre o papel dos pais na educacao dos filhos, tendo em conta uma miriade de factores como os economicos, sociais, religiosos, culturais e ate financeiros. Portanto, se assim for, entao, conformemo-nos, pois o nosso racio do analfabetismo cultural e funcional ira estabilizar na casa dos 80% (socorro-me de Pareto) para que daqui a umas decadas possamos ter 20% de genios!
Admiravel mundo novo.
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