02 fevereiro 2011

O fim dos silêncios, dos segredos e das distâncias (2)

O chefe deve regulamentar as conversas da aldeia (provérbio congolês)
Coisas novas têm acontecido muito rapidamente. Tal como Lucky Luke dispara mais rápido do que a sua própria sombra, essas coisas novas surgem mais rapidamente do que o próprio novo.
Isso, a propósito de dois fenómenos: o WikiLeaks e os sismos sociais no Norte de África e no Médio Oriente, um e outro amplamente descritos e analisados neste diário.
Seguindo o roteiro proposto no número anterior, vou escrever um pouco sobre uma coisa aparentemente banal: o silêncio.
O cesarismo político exige silêncio opinativo sobre o monopólio da verdade. Controlar emissores e dizeres - da comunicação ao ordenamento jurídico escrito ou oral - é uma actividade fundamental do ancião aldeão ou do moderno césar, desde os rituais da chuva aos cânones económicos. A exigência bem exigente é a de um determinado tipo de silêncio. Que silêncio? O silêncio sobre a gestão política, sobre as verdades adquiridas, sobre as tradições inquestionadas, os feitos oficiais, as regalias da corte, aquele silêncio que, se quebrado, se feito ruído e palavra solta, é suposto pôr em causa as relações de poder estabelecidas e os trilhos ideológicos que as justificam.
Crédito da imagem aqui.
(continua)

1 comentário:

ricardo disse...

Detesto, de saída, quem é capaz
de marchar em formação com prazer
ao som de uma banda.
Nasceu com cérebro por engano;
bastava-lhe a medula espinal

A. Einstein