02 fevereiro 2011

Mubarak, o magnânimo

Comentário: um recuo estratégico procurando reduzir o impacto imediato das manifestações, uma versão egípcia de recuo contraposta à tunisina.  Sob o manto das altas chefias de um exército  propalado como  estando ao lado do povo a elite mubarakiana procurará recompor-se preparando minuciosamente as eleições, a oposição ficará temporariamente feliz com a oferta de eleições antecipadas e os manifestantes, esses ficarão provavelmente indecisos por algum tempo, retomando mais tarde os protestos de rua. Vamos aguardar as reacções nas próximas horas.
Adenda às 6:09: muito interessante a crença de que um corpo considerado doente pode ser curado se se substituir a cabeça, no caso vertente o faraó.
Adenda 2 às 6:22: "Ditadores não ditam, obedecem a ordens" - um texto em espanhol no Rebelión, aqui.
Adenda 3 às 6:27: "Raiva, raiva contra a contra-revolução" - um texto em inglês no Asia Times online, aqui.
Adenda 4 às 11:07: de acordo com o Yahoo News, milhares de pessoas marcharam esta manhã no Cairo em apoio a Mubarak, no que parece ser um esforço mobilizacional do seu partido. Aqui.

5 comentários:

Xiluva disse...

Manifestacoes não vao parar não...

Anónimo disse...

Sera que vale a pena continuarmos a esbanjar rios de dinheiro para eleicoes "democraticas" quando todos sabemos que regra geral em Africa os detentores do poder ou manipulam ou nao aceitam os resultados? nao sera altura de re-inventarmos um novo modelo de governacao dos nossos paises? com o dinheiro drenado nas eleicoes nao constriamos mais escolas, hospitais e fontes de agua de qualidade? Uma das alternativas e dar 10 anos para cada partido ou lider para mostrar o que vale e dar espaco a outros de forma rotativa....pode parecer ideia boba mas convenhamos que o actual modelo "democratico" e um fiasco, nao se coaduna com a mentalidade dos "ditadores"

ricardo disse...

Precisamente. A sua analise em relacao a Mubarak e correcta. Resta contudo saber-se quem e o senhor que se segue.

E na minha opiniao, e Amr Mussa e nao El Baradei.

E que Mubarak, para alem de politico, nunca deixou de ser militar. E esse e o calcanhar de Aquiles egipcio. Porque se num estado de direito os militares sao o garante da Constituicao, no Egipto, e desde a revolta dos Oficiais Livres, a Constituicao imana dos militares.

Em relacao ao radicalismo da Irmandade Muculmana, outro aspecto que evolui discretamente, penso que o mundo devera habituar-se a ideia. Pois como e evidente, a sociedade egipcia se tornara ainda mais conservadora cada vez que Mubarak e entourage se encastelarem nas suas posicoes anacronicas.

E inevitavel.

Anónimo disse...

Caricato, o srr. Mubarak que em poucos meses resolver o que nao conseguiu em quase 30 anos. Quer dizer, afinal podia resolver so que como nunca tinha sido "ameacado" foi deixando andar. Essa faz-me lembrar a noticia da TVM dada ontem sobre o regresso do nosso presidente que dizia que antes alugavam-se avioes para levar o presidente ate a Africa do Sul e de la apanhava voos comerciais mas que agora, em resposta as manifestacoes ja passou a usar voos comerciais. Quer dizer, foi preciso que houvesse manifestacao para se aperceberem que havia esbanjamento? lembro-me tambem que houve quem criticou a frota de helicopteros e simplesmente se fizeram ouvidos de mercador. Eu acho que temos que mudar e comecar a fazer as coisas com alguma logica e responsabilidade e nao esperar tumultos para mudar. Parece que a unica linguagem que os nosso lideres africanos entendem e violencia, sem ela o barco vai andando ao seu belo prazer. Mudemos....

CM disse...

Boa tarde Professor Serra.
O meu apreço pelo esforço em manter este espaço.
Envio um link do artigo "Ditadores não ditam, obedecem a ordens" em português de Michel Chossudovsky.

http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23041

http://www.globalresearch.ca/index.php?context=otherLang&langId=4

http://www.globalresearch.ca/index.php?context=home

Cumprimentos
Carlos