01 fevereiro 2011

À mão a comida tem melhor gosto (4)

Mais um pouco desta série.
Escrevi no número inaugural que falta fazer a história dos hábitos, dos gostos, das maneiras,  dos processos de contacto, da gestão do corpo, das classificações comportamentais e das concepções de civilidade em Moçambique, eventualmente algo parecido com aquilo que foi feito por Norbert Elias. Todavia, o que vai seguir-se não é um subsídio directo nesse sentido.
Então, o comer no nosso país também tem uma história, ainda não feita, mas sobre a qual talvez seja possível dizer algumas coisas. Por exemplo, esta: a interposição de um objecto auxiliar entre a boca e a comida, a individualização do acto alimentar e a adopção de uma postura elegante são, essencialmente, fenómenos urbanos. Nas cidades, as relações sociais condicionam a forma como comemos e os processos que usamos. O pudor, a frequentação dos locais de diversão e repouso das elites, as regras de porte elitário, tudo isso  determina e vigia o comer. Mas não só.
Prossigo mais tarde. 
(continua)

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