Os Moçambicanos são preguiçosos? (14)

"Deus chama cada um para uma vocação cujo objetivo é a glorificação de Deus. O pobre é suspeito de preguiça, a qual é uma injúria para com Deus" - João Calvino

Mais um pouco da série, com mais algumas hipóteses.

Escrevi no número anterior o seguinte: que de 2005 a esta parte começou a segunda etapa da acumulação de Capital, uma etapa que considerei diagonal de dois períodos, ostentando o rosto da democracia formal colhido no chissanismo neo-liberal, mas aspirando ao domínio completo do tipo samoriano, designadamente a dois níveis: económico e político.

E acrescentei que era nesse contexto de transição, de limbo - no qual se exalta publicamente o direito de os Moçambicanos serem ricos -, que o recurso sistemático à etiqueta "preguiça" podia ser compreendido.

Efectivamente, agora não mais é a etapa púdica da acumulação: é a etapa pública, visível, exposta, sem rebuços. O Capital quer rendimento e ganho sistemático, o trabalhador deve trabalhar, independentemente do que ganha e do como pode sustentar-se e reproduzir-se. O apelo em favor da Nação trabalhadora encobre o apelo laboral em favor da mais-valia do Capital. Voltarei ao tema.

(continua)

Adenda às 8:33: fazendo fé no "Canal de Moçambique" de hoje, o Sr. Fernando Mazanga da Renamo é um criador de grandes princípios causais. Segundo ele, o presidente da República e da Frelimo, Armando Guebuza, tem 25 empresas graças à luta da Renamo. A teoria de Mazanga: "A Renamo libertou a própria Frelimo e criou condições para o enriquecimento de cidadãos moçambicanos através de meios próprios”.