Mais um pouco da série, colocando algumas ideias, algumas hipóteses.
Tenho por hipótese que uma parte significativa do nosso povo acredita que as infelicidades, que as doenças e que as mortes que nos atingem, não são provocadas por patologias meramente físicas, por microorganismos externos, por distúrbios no organismo ou na psique, pelo orgânico em si. A causalidade do mundo patológico não habita um universo de sentido único, mas um universo de sentidos múltiplos. Acredita-se que as nossas infelicidades, as nossas doenças, são regra geral provocadas por curto-circuitos no relacionamento com as forças do invisível (para usar uma expressão de Tobie Nathan) e seu mundo de regras, permissões e interditos. As forças do invisível - divindades, espíritos, habitando o saber simbólico analógico e mágico (recorde aqui e aqui) - são absolutamente entidades vivas e intervenientes em permanência nas nossas vidas - assim se crê. Mais: A patologia decorrente do curto-circuto não é um problema do doente, de uma entidade individual, mas o problema de um colectivo, de uma família, de uma comunidade. A hipótese que vou defender é a de que os problemas de saúde mental não podem ser analisados fora da epistemologia e da negociação com as forças do invisível. Tal como propus de forma docemente provocatória num seminário sobre saúde mental, é necessário anexar à farmacoterapia, à psicoterapia e às terapias sociais, a espíritoterapia.
Tenho por hipótese que uma parte significativa do nosso povo acredita que as infelicidades, que as doenças e que as mortes que nos atingem, não são provocadas por patologias meramente físicas, por microorganismos externos, por distúrbios no organismo ou na psique, pelo orgânico em si. A causalidade do mundo patológico não habita um universo de sentido único, mas um universo de sentidos múltiplos. Acredita-se que as nossas infelicidades, as nossas doenças, são regra geral provocadas por curto-circuitos no relacionamento com as forças do invisível (para usar uma expressão de Tobie Nathan) e seu mundo de regras, permissões e interditos. As forças do invisível - divindades, espíritos, habitando o saber simbólico analógico e mágico (recorde aqui e aqui) - são absolutamente entidades vivas e intervenientes em permanência nas nossas vidas - assim se crê. Mais: A patologia decorrente do curto-circuto não é um problema do doente, de uma entidade individual, mas o problema de um colectivo, de uma família, de uma comunidade. A hipótese que vou defender é a de que os problemas de saúde mental não podem ser analisados fora da epistemologia e da negociação com as forças do invisível. Tal como propus de forma docemente provocatória num seminário sobre saúde mental, é necessário anexar à farmacoterapia, à psicoterapia e às terapias sociais, a espíritoterapia.
(continua)
Adenda: espero que o antropólogo Paulo Granjo e o psiquiatra Jorge Márcio possam aqui dar uma mão, criticando e ampliando o corpo de ideias.
1 comentário:
Carissimo Carlos
Por aqui no BRASIL seu sobrenome Serra esteve em pauta, mas agora estamos mais próximos da Bulgaria do que pensavamos... e esperamos que a Saude Mental em nosso País seja mantida na direção dos pressupostos de um olhar para além do meramente biomédico dos transtornos psíquicos. Vou ler com atenção as considerações de seu blog, e já sugiro quanto a visão transcultural da psiquiatria um belo livro escrito por Denise Dias Barros: ITINERARIOS DA LOUCURA EM TERRITORIO DOGON, com belissimo trabalho de pesquisa na Republica Mali... onde a pesquisadora fala da ''dor'' e de como essa sociedade Dogon se organiza e acolhe esse momento subjetivo, ao mesmo tempo que coletivo, das pessoas. Foi publicado pela Editora Fiocruz. Com ele podemos aprender um pouco sobre outras formas de cuidar e de enfrentar o sofrimento psíquico.
Mando então meu abraço doce e suave de ultramar
Dr Jorge Márcio
http://infoativodefnet.blogspot.com
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