25 outubro 2010

Política enquanto produção de ideologia (4)

Mais um pouco desta série.
Escrevi no número anterior que, "quando se trata de política, surgem de imediato duas formulações críticas no mundo terra-a-terra do senhor-de-todos-os-dias: (1) a popular,  daqueles que manuseiam considerações do género isso é coisa de políticos, esses tipos estragam-nas a vida, políticos só pensam neles, políticos só fazem malandrice, política é para encher barriga, mandar é resolver apenas os problemas deles; (2) a erudita, daqueles que, em seu imenso conforto afirmado como neutral, dizem que isso de política não é comigo, devemos manter-nos afastados da política, ciência não é política."
Como se pode reparar, no fundo estamos perante a mesma posição: a de que a política é coisa indigna que deve ser afastada das nossas preocupações. Os políticos, especialmente quando gerem Estados, adoram esse tipo de entorpecente, de abdicação. Por quê? Porque, entre várias razões, estimam que o entorpecente faça efeito sempre que se pretende passar por universais, interesses que são meramente particulares, campo por excelência da ideologia. Prossigo brevemente.
(continua)

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