Escrevi no número anterior da série que este seria o último número, mas, afinal, assim não vai acontecer, ele vai ser o penúltimo.
Durante algumas semanas, procurei mostrar-vos aqui algumas das formas correntes de analisar e descrever a sociedade. Se nos situarmos confortavelmente em nosso sofá de eruditos, desdenhosos do pensar-de-rés-do-chão, diremos que estamos confrontados com formas erradas de analisar e de descrever. E como ao papel de eruditos amamos juntar o papel de reformadores, entendemos que preleções morais sobre o bom pensamento podem, de per si, levar as pessoas a pensar inteligentemente.
Ora, as formas de analisar e de descrever a sociedade que aqui passaram não são formas erradas, mas formas socialmente úteis de conduta. Produzir a crença é a função primeira do pensamento*.
(continua)
* Peirce, Charles, Textes anticartésiens. Paris: Aubier, 1984, p. 291.
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