-"Do rio que tudo arrasta se diz violento, porém ninguém diz violentas as margens que o comprimem" (Bertolt Brecht)
-"Esta cintura compacta, composta por casas pequenas e frágeis, feitas de caniço, madeira e zinco e, ultimamente (depois da independência), de cimento, quase que não tem quintais, ruas, água e luz em todo o sítio (...) Nestes subúrbios não se vive, sobrevive-se. Eles estão apinhados de gente: os suburbanos." (carta de um leitor do “Notícias” publicada a 25/09/2010 com o título “A cidade e o mega-subúrbio de Maputo”)
-"(...) a opinião pensa mal, não pensa (...)" (Gaston Bachelard)
Mais um pouco da série, mais algumas hipóteses (penso em todos aqueles que, eventualmente, decidam estudar e analisar seriamente as manifestações, de Fevereiro de 2008 e de Setembro deste ano, abandonando as opiniões preguiçosas), o tratamento do ponto 4.5.5 do sumário.
-"Esta cintura compacta, composta por casas pequenas e frágeis, feitas de caniço, madeira e zinco e, ultimamente (depois da independência), de cimento, quase que não tem quintais, ruas, água e luz em todo o sítio (...) Nestes subúrbios não se vive, sobrevive-se. Eles estão apinhados de gente: os suburbanos." (carta de um leitor do “Notícias” publicada a 25/09/2010 com o título “A cidade e o mega-subúrbio de Maputo”)
-"(...) a opinião pensa mal, não pensa (...)" (Gaston Bachelard)
Mais um pouco da série, mais algumas hipóteses (penso em todos aqueles que, eventualmente, decidam estudar e analisar seriamente as manifestações, de Fevereiro de 2008 e de Setembro deste ano, abandonando as opiniões preguiçosas), o tratamento do ponto 4.5.5 do sumário.
4.5.5. Significado de causa e de hipótese. Propus, anteriormente, uma reflexão em torno do sentido que os actores atribuem aos actos e aos fenómenos da sua vida. A esse método chamei abordagem representacional. Mas um fenómeno deve ser sempre encarado como um repositório, melhor, como um reservatório de sentido múltiplo, como uma espécie de texto carecendo de descodificação hermenêutica. Por isso devemos, também, ter em conta a abordagem causal (quantos mais holofotes analíticos incidirem num determinado fenómeno, mais compreensível, em princípio, ele se torna). Aqui devemos ter em conta duas coisas: a causa (ou as causas) e a hipótese (ou as hipóteses). A causa é o fenómeno X ou o conjunto de fenómenos Xn que geram o fenómeno Y, digamos que as manifestações de 1/3 de Setembro. Generalizadamente defendeu-se que as manifestações foram provocadas pela alta de preços, não poucas vezes fez-se finca-pé na natureza externa desses preços. Eis uma fórmula exemplar: "No início deste mês, a subida do preço do pão em Moçambique causou motins, que mataram 13 pessoas e feriram outras 400." Esta fórmula, de uma simplicidade ática, como que reduz o problema ao estômago, os protestos ao seu nível mais biológico. Mas temos, ainda, de ter em conta uma hipótese de pesquisa ou várias hipóteses. O que é uma hipótese? Uma hipótese é uma resposta orientadora e antecipada que damos a uma pergunta de partida, resposta que pode ser provada ou infirmada pela pesquisa. Suponhamos esta pergunta de partida: Qual a causa das manifestações de 1/3 de Setembro? Hipótese: a causa das manifestações foi a subida do preço do pão. Pergunta de partida, hipótese e problemática determinam o rumo de uma pesquisa. Proximamente procurarei mostrar que, no tocante às causas das manifestações de 1/3 de Setembro, as coisas podem ser mais complicadas do que pensamos (crédito da foto aqui).
(continua)
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