Num dos seus livros, Michel de Certeau (que muito prezo ler) escreveu que o conflito é inerente à vida social e que toda a sociedade se define pelo que exclui, que toda a sociedade se forma diferenciando-se. Formar um grupo é criar, ao mesmo tempo, estrangeiros. Uma estrutura bipolar, essencial a toda a sociedade, cria um "fora" para que exista um "entre nós"; fronteiras, para que possa existir um país interior; "outros" para que o "nós" possa tomar forma. Temos assim uma lei, a lei do grupo - asseverou Michel - que é, também, um princípio de eliminação e de intolerância. União e diferenciação crescem e marcham de par.
Bem, tudo isto ainda está no começo e muito abstracto. Prosseguirei mais tarde. Entretanto, recordem a minha série com o título Os riscos do efeito borboleta social na África Austral, aqui.
(continua)
2 comentários:
Acho muito interessante esta linha de reflexão sobre a xenofobia. E ficarei à espera dos textos. Relevante, claro, esta abordagem antropológica (da qual escolhe Certeau como referência). Tal como também importante a dimensão económica - que abaixo refere. Mas que não só não esgotam a questão como não são seus pólos ("universais" / "contextuais", por assim dizer). Como referi, espero, curioso, para ver até onde se chegará.
cumprimentos
Vamos a ver até onde irei.
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