De acordo com TheEarthTimes, a Cruz Vermelha de Moçambique afirmou ontem que suspendeu o seu trabalho em Mongincual, norte da província de Nampula, depois que três dos seus socorristas voluntários forma mortos por multidões que os acusaram de introduzir a cólera na região. Dois polícias que procuraram salvar os socorristas forma igualmente mortos. Mais de 100 pessoas morreram já de cólera em Nampula. Confira aqui e aqui. Enquanto isso e segundo a TVM, o vice-ministro do Interior, José Mandra, acusou a Renamo, partido na oposição, de ser a responsável pela "campanha de desinformação sobre a cólera" nas províncias de Zambézia, Nampula e Cabo Delgado. Confira aqui. Antes dele, foi a vez do administrador do distrito de Angoche, José Amade ("Magazine Independente", 04/03/09, p. 10).
Adenda 1 às 23:22: recorde esta notícia sobre o distrito de Memba, datada de 2001, no então Moçambique on-line, aqui.
Adenda 2 às 23:27: saiba do boato que surgiu na Inglaterra em 1832 quando a cólera se disseminou no país e vários médicos foram acusados de assassinato deliberado dos doentes "para pôr em prática técnicas de dissecação de cadáver e aprimorar seus conhecimentos de anatomia". Aqui, na secção "A cólera se alastra".
Adenda 3 às 23:52: boatos concernentes à cólera e à acção governamental também são ciclicamente encontrados nas grandes epidemias de cólera registadas na Índia, por exemplo - Misra, Kavita, Productivity of Crises/Disease, Scientific Knowledge and State in Africa, in Economic and Political Weekly (Mumbai), October 28, 2000, pp. 3892-3893. Ora, tanto quanto eu saiba, a Renamo não habitava a Inglaterra oitocentista e não habita a Índia de hoje.
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