04 março 2009

Moçambique: crise financeira e doadores

Citando o ministro moçambicano da Planificação e Desenvolvimento Rural, Aiuba Cuereneia, o MacauHub reportou que "O Governo moçambicano revelou terça-feira que pelo menos dois dos 19 doadores do país, que anualmente financiam cerca de 50 por cento do Orçamento moçambicano, estão a reavaliar a sua participação “devido à crise financeira”. Confira aqui. Enquanto isso, o O País escreveu que o nosso governo criou uma comissão especial para "seguir os desdobramentos da crise financeira mundial e aconselhar o governo sobre os passos a seguir."

5 comentários:

umBhalane disse...

SUBTILEZAS DA INFORMAÇÃO

"No ano passado, recorde-se, alguns países doadores, entre os quais a Noruega e a Suécia, ameaçaram não aumentar ou mesmo reduzir os respectivos apoios ao OGE, mas então alegando falta de progressos na luta contra a corrupção.

Portugal demarcou-se das ameaças de corte dos apoios ao OGE moçambicano e garantiu que vai manter a sua contribuição para os cofres do Estado, avaliada em 1,5 milhões de euros para este ano.

Já depois destes anúncios, o Governo moçambicano previu um crescimento, por via do aumento das receitas internas, do orçamento disponível para as despesas do Estado no próximo ano."

PMA/PGF. LUSA - 03.03.2009


Quem é subtil?

E porquê?
Ainda?
Mas como?
Para quê?

Afinal?

Joaqum Macanguisse disse...

Ao contrário do que os meios de comunicação procuram difundir, esta não é uma crise do sector imobiliário, do crédito, da falta de liquidez, ou de regulação, ou ainda um fenómeno oriundo da ganância dos especuladores que colocaram em risco o capitalismo. Esta é uma crise do conjunto do capitalismo: o sistema todo está doente e seus fundamentos estão sendo questionados pela crise. Além disso, essa crise não é administráveis com os instrumentos clássicos de política monetária ou intervenções tópicas para recuperar a credibilidade do sistema

Ressalte-se ainda que a forma particular como a crise se apresenta actualmente (financeira, imobiliária, etc.) representa apenas a ponta do iceberg de um problema mais de fundo, que é a super acumulação de capitais e a impossibilidade de valorizá-los na esfera da produção.

Esta crise pede ao mundo uma mudança que não nos deixa no socialismo , nem no socialismo , uma mudança que na essência implicara na valorização do esforço Humano ,na contenção de especulação ,e na redução da velocidade de desenvolvimento de certos países cuja dinâmica implica deixar lacunas nos países pobres por sinal fonte de recursos e parte integrante do consumo.

Mas também os pobres podem ter algum proveito nesta crise ,pois o comportamento da nossa produção não é em cadeia ,não age como bolsa de valores ,isoladamente temos algumas fontes produtivas com uma boa saúde financeira ,isolando se um pouco da dependência global .
As grandes industrias de alimentação podem falir , mas as pequenas de tipo familiar não ,essas podem estar acomodadas nas nossas formas tradicionais de produção

Com crise não se compra u carro , nas inevitavelmente compra-se o alimento , então os nossos produtores podem encontrar a sua forma de estar dependendo daquilo que lhe foi sempre natural ,a chuva e um pouco da sua semente , enquanto isso as grande industrias alimentares mundiais vão parando a espera de mega valores monetários

Anónimo disse...

...subscrevo o comentário do kimmanel.
O mundo encontra-se numa encruzilhada e sem luz no fundo do túnel...
Os governos vão injectando capital esperando que um milagre aconteça...mas não vai acontecer!!!
...os países pobres que vivem da esmola,como o nosso, estão na situação previlegiada de poder começar um modelo novo de sociedade; não têm nada a perder ,apenas a esmola, e essa vai acabar mais cedo ou mais tarde, não tenho dúvidas.
Só têm os nossos timoneiros de mudar suas estratégias e relançar um modus vivendi novo, realista,basiado no trabalho rural,nas fábricas basilares e com esclusão total dos hábitos do consumismo desenfreado...
Não existe modelo político adaptado à situação actual..INVENTEMOS o nosso!!!!
Utopia ?...talvez...

umBhalane disse...

Muita gente se apressou a comprar gravatas pretas para o funeral do "capitalismo".

Eu já fui ao funeral do socialismo científico, comunismo, popularismo, modo de vida colectivo, ou...como lhe queiram chamar.

A gravata preta que então comprei, useia-a, mesmo, com bastante satisfação.

Agora, o modelo de sociedade em que o primado do homem seja respeitado, em que o homem tenha capacidade de imaginar, criar, desenvolver, a título individual ou associado, que possa expremir o seu pensamento, que tenha liberdade de aplicar as suas energias, conhecimentos, capitais, e trabalhe da maneira que quizer e puder - SEM PREJUDICAR OS OUTROS, A SOCIEDADE EM QUE ESTÁ INSERIDO - e para a qual tem obrigação de dar o seu melhor,

esse tipo de sociedade fica mesmo, e não é o que lhe chamam.

O tal de "capitalismo" de que se fala, trata-se de um bando de facínoras, ladrões, que as iniquidades da sociedade permitiram que se desenvolvessem.

Esse ladrões de colarinho branco, já deviam há muito estar a ferros, e a trabalhar com grilhetas a partir pedra ou similares...

A esse funeral também vou...

Quanto ao "mundo novo", atendendo à idade da Terra, desconfio de "modelos novos"...

A roda foi inventada faz tempo, e nem se sabe quem foi!

Paula Araujo disse...

Os meus cumprimentos a UmBhalane pela lucidez, hoje que todos parecem estar mais à esquerda do que a própria Esquerda.

Esperemos que esta crise não traga saudades de regimes utópicos, e logo, totalitários, em que tudo passa a girar em torno de um pretenso ideal colectivo, proteccionista, despesista, descontextualizado da realidade do Homem enquanto centro de toda a actividade política séria.

O modelo do "homem novo" já provou.

Reformule-se todo o sistema mas evitemos as utopias. A sua aplicação reconduz sempre a uma ditadura economicamente ineficiente e desumanamente cruel.

Paula Araújo