08 março 2009

Crise social e bodes expiatórios (2)

Eis o cabeçalho do excelente trabalho do "Domingo" referido no número anterior: "Na machamba dele sai alguma coisa, mas na minha não sai nada. Como é que o meu vizinho está a comer e eu não?" Esta pergunta explica tudo. Nela gravita o crime cometido em Maquival, Zambézia, onde em nome da chuva, alguns moçambicanos forma mortos, sem contemplações, sem remorsos, alegadamente porque estavam a guardar a dita chuva apenas para eles e respectivas famílias. Num misto de inquietação, luto e fome, viúvas e viúvos choram hoje os seus mortos. Os feridos recuperam no hospital, sem que a chuva caia, apesar da tragédia já consumada"(p. 18).
Nesse trabalho foi escrito o seguinte: "Quem industriou isso tudo foram curandeiros". Portanto, o bode expiatório é, agora, não a Renamo - como caso da cólera -, mas o curandeiro.
Mais à frente, foi ainda escrito que os camponeses linchadores são pessoas "Tomadas pela ignorância e pelo obscurantismo" e que "a ignorância é aguda".
(continua)

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