Mais um pouco da série.
Estudei durante muitos anos a documentação colonial em geral e a da Zambézia em particular.
Nos relatórios dos administradores e dos chefes de posto da Zambézia, para só citar esta província, três concepções, de resto clássicas, eram frequentes:
1. A concepção de que as tribos zambezianas eram atrasadas e viviam imersas no obscurantismo;
2. A concepção de que os macangueiros eram uma praga nas terras, contribuindo para despovoar muitas delas com os seus diagnósticos e vaticínios;
Estudei durante muitos anos a documentação colonial em geral e a da Zambézia em particular.
Nos relatórios dos administradores e dos chefes de posto da Zambézia, para só citar esta província, três concepções, de resto clássicas, eram frequentes:
1. A concepção de que as tribos zambezianas eram atrasadas e viviam imersas no obscurantismo;
2. A concepção de que os macangueiros eram uma praga nas terras, contribuindo para despovoar muitas delas com os seus diagnósticos e vaticínios;
3. A concepção de que os Zambezianos eram preguiçosos e que só à força trabalhavam.
Tive, igualmente, a oportunidade de estudar centenas de relatórios de administradores do período entre 1975 e 1982, portanto já com o nosso país independente. Aqui, as resistências à revolução eram normalmente interpretadas menos como um problema dos Zambezianos, do que como um espólio colonial, como uma ressaca a combater. Todavia, um novo apodo surgiu: os Zambezianos eram confusionistas.
Hoje, brotam posições que recuperam a visão colonial e que sustentam, sem rebuços, que os Zambezianos são atrasados. Provavelmente mantém-se a ressaca.
Tive, igualmente, a oportunidade de estudar centenas de relatórios de administradores do período entre 1975 e 1982, portanto já com o nosso país independente. Aqui, as resistências à revolução eram normalmente interpretadas menos como um problema dos Zambezianos, do que como um espólio colonial, como uma ressaca a combater. Todavia, um novo apodo surgiu: os Zambezianos eram confusionistas.
Hoje, brotam posições que recuperam a visão colonial e que sustentam, sem rebuços, que os Zambezianos são atrasados. Provavelmente mantém-se a ressaca.
(continua)
1 comentário:
De Nicolau Zalimba recebi um email com o seguinte teor:
CRISE SOCIAL E BODES EXPIRATÓRIOS
Bom dia Professor, é com muito prazer que venho por este meio contribuir com meus conhecimentos ( do senso comum), conhecimentos da vida quotidiana, que fui adquirindo na experiência da minha vida.
O que esta acontecer na Zambézia poderia ter acontecido em Tete por exemplo, digo isso por aquilo que vivi durante anos na minha província. Em Tete existe a crença de que indivíduos prendem a chuva nos céu's pelos seguintes motivos:
1 - Acredita-se que alguns indivíduos por se encontrarem atrasados na preparação da sua terra para cultivo prendem a chuva;
2 - Alguns porque querem concertar sua casa por que se avizinha época chuvosa.
São vários motivos, sempre que aparece o Arco Iris no céu, todo mundo acredita que alguém prendeu a chuva. Se o tempo mostra que cairá uma chuva mas minutos depois aparece o Arco Iris no Céu, todo mundo fica descansado, já se sabe que não mais caira a chuva.
Cresci ouvindo esses conhecimentos e cresci acreditando isso. Existem histórias de pessoas que fazem com que a chuva não caia no seu terreno ou sua casa, ou que faça cair apenas no seu quintal ou machamba.
E todos esses anos nunca ouvi falar em nenhum conflito.
O que esta acontecer na Zambézia pode não ser explicado pela chuva que não cai, mas pela fome, pobreza, crise que se vive, e a agricultura é o sustento dessas famílias, a falta de outros recursos pode levar as pessoas a cometerem esses crimes.
Em tete exietm regiões onde não cai a chuva como casos do distrito de changara, a Cidade de tete e aredores, zonas que anos atras eram potencias em agricultura. E nesses lugares a crença de que existem pessoas que amaram achuva existe e sempre existiu.
É só chegar em tete e perguntar as pessoas o que significa o Arco Iris no Ceu, concerteza muitos responderão que significa que alguem amarou achuva
Enviar um comentário