03 dezembro 2008

Noé e a ajuda

"O fim da ajuda é a melhor ajuda a África" - defende o engº Noé Nhantumbo, lá por terras da cidade da Beira. Leia o seu argumento aqui.
Adenda às 11:28: já agora, leiam ou recordem uma entrevista dada em 2005 ao The Spiegel por James Shikwati, economista queniano, a propósito do assistencialismo ao continente africano.

14 comentários:

Anónimo disse...

Geopoliticamente falando, há uma certa ligeirice de NNh nos seus artigos tem argumentos gastos e ele mesmo faz prova d’...”análises simplificadas” e de “discursos de aproveitamento [jornalísticos]” bem rodados e ouvidos ciclicamente que mostram evidências de rarefacção da palavra até a aridez
Xikurah

Sir Baba Sharubu disse...

Many NGOs have arrived in MOZ more than twenty years ago and they are still there.
Can one already say that they have failed to deliver what was expected from them ?
And for MOZ, which would be the alternatives to the NGOs failure ?

Anónimo disse...

NGO's are nor failing in Mozambique, their are just performing their expected role: circulate development discourse and put their country flags around the Mozambique. They became one of the largest employment industry in Mozambique.

Anónimo disse...

Um dos problemas com a ajuda ( que muitas pessoas tendem de esqueçer) é que ajuda faz parte das relaçöes exteriores de uma país. No caso de Moçambique, que é muito especial porque depende extremamente da ajuda, posso recomendar um livro recente do Joseph Hanlon e Teresa Smart:" Há bicicletas, mas há desenvolvimento?". Trata de todos dilemas existentes.

Anónimo disse...

A questao que Eng. Nhatumbo levanta nao e nova mas tambem nao deve ser desqualificada. O Sr. Nhantumbo fez a leitura do problema numa perspectiva que mais se enquadra na politique du ventre (Francois Bayart) que na perspectiva de desenvolvimento. Embora fe-lo com ligeireza, e importante reflectir nao so na industria de desenvolvimento mas tambem como o sistema de ajuda externa funciona. E aqui onde os argumentos de Nhantumbo sao fracos. Porque?
1. Nao distingue se esta a discutir se ajuda em si e boa ou ma;

2. Nao explica, o que tambem e dificil fazer num artigo de jornal, em que areas a ajuda externa tem efeitos negativos;

3. Nao recomece que a estabilizacao de Mocambique deve em grande medida a ajuda externa. A experiencia de desmobilizacao em Mocambique, da vasta literatura que existe, e o sucesso nunca comparado noutros cantos de Africa teria resultados, talvez diferentes que conhecemos;

A preocupacao de Nhantumbo e legitima e os que acham que a ajuda externa sempre fez bem a Mocambique estao enganados, pois a Europa nao desenvolveu com infinitas ajudas externas dos US pos-II Guerra Mundial, os EUA impos limites e metas; nem o Japao, nem a Korea do Sul. Reparem no Botswana. Uma das funcoes soberanas de um Estado e colecta de impostos para a sua sobrevivencia. Ja imaginaram os efeitos negativos da infinita ajuda externa na disciplina fiscal, na planifica e orcamentacao?
Enquanto tivermos dificuldades de perceber a (i)filosofia da industria de desenvolvimento e os (ii) propositos do sistema de ajuda externa, estaremos nessa: ou acusar o governo que nao faz nada, ou acusar os doadores da ajuda externa. O assunto nao e tao simples assim

Um dos grandes problemas do sistema de ajuda externa e paradoxo que os doadores enfrentam sobre praticas de ajuda externa o que chamam de "moral hazard". Paro por aqui

Eugénio Chimbutane disse...

Vasculhem o Blog de Elísio Macamo. Já discutimos muito sobre isso. A ajuda externa funciona como adubo para o continuado crescimento e desenvolvimento dos países desenvolvidos. É um mecanismo puramente económico, muito longe de ser social (apesar de criar impactos de certa forma positivos para nós os pobres dos países em desenvolvimento).

Anónimo disse...

Não precisamos ir aqui ou acolá nem devemos ficar apenas nos defeitos da ajuda do ponto de vista externo. Um dos problemas centrais é que a ajuda favorece o enriquecimento sem descanso das elites. Este é um ponto central mesmo. Depois posicoes como a de Nhantumbo chateiam os analistas externalistas que gostam muito de ver os vilões no exterior.
Observador

Ivone disse...

É preciso questionar a ajuda externa.
Acredito que a ajuda externa,como diz Eugénio Chimbutana, funciona como adubo para o crescimento e desenvolvimento dos países desenvolvidos.
Acredito que o desenvolvimento do Terceiro Mundo, depende da solidariedade (tal como aconteceu com o Plano Marshall depois da II Guerra mundial).
Acredito que nem todas as ajudas estão a ser bem geridas, mas que é fácil dizer que em África há muita corrupção e que é melhor ficar quieto.

umBhalane disse...

Façamos o seguinte exercício.

Esqueçamos as doações, o dinheiro DADO A FUNDO PERDIDO, SEM RETORNO,

à custa dos contribuintes dos países doadores,

(já sei que têm obrigação de ...blá, blá,bla´,)

Esqueçamos o desvio para os bolsos dos pilotos da governação, esqueçamos que os destinatários desses fundos ficam a ver navios...

Eu vou a um banco, cá em Portugal, e consigo um empréstimo para um projecto exequível de investimento.

Dou como garantia a minha própria casa, a casa da minha família - garantias reais - sim, porque os bancos, aqui, emprestam 1 chouriço a quem der como garantia 2 porcos.

Prazo 5 anos, taxa de juro 9%, mais as comissões, por tudo, e por nada...

NÃO É DINHEIRO DADO, É EMPRESTADO, TAXADO, E COM GARANTIAS REAIS.

Pego no dinheiro, vou para o casino, bebo bem, acompanho-me “melhor”, tenho muitos amigos...

O dinheiro acaba-se, o investimento se foi, ficamos sem casa...

Aqui, a culpa é minha.

Noutros sítios é do banco, do casino, das companhias, dos amigos, das bebidas, até do dinheiro...

Nunca será minha!

Isso tem um nome:

MENORIDADE, INFANTILIDADE.

Quando crescem?

Reflectindo disse...

Compatriotas, a ajuda externa a África prejudicou/prejudica o continente. Os argumentos foram aqui e em muitos foruns dados. Bostswana é o óptimo exemplo de um país que não guia por ajudas externas, mas lá passa o Kalahari.

Anónimo disse...

Pelo que percebi, Reflectindo vive e estuda num país europeu. Paga do seu bloso esses estudos e essa estadia? Suspeito que não! Está aí graças à ajuda externa. Podemos alterar a sua preposição para uma outra? Por exemplo, esta: A ajuda externa só é boa quando eu, pessoalmente, me benificio...Ela é má quando é endereçada a países africanos.
Botswana: Reflectindo estudou a economia, a demografia, o sistema de redistribuição implantados naquele país? Não acredito que o nosso país, com a sua economia, seus recursos e sua demografia pudesse replicar o Botswana. Um dos poucos que pode faze-lo, que tem uma realidade similar, parece-me ser a Líbia.
Ambos os países, Líbia e Botswana, têm pouco população, o progresso do seu povo depende de uma única mercadoria muito valorizada no mercado internacional, sendo que para o Botswana são os diamantes e para a Líbia é o petróleo. Ambos os países têm relativamente poucos habitantes, se comparados com outros países africanos.
As coisas são muito mais complicadas do que parecem à primeira vista. Nós, que tivemos a oportunidade de ir à escola, dentro ou fora do país, temos a obrigação de não vender ilusões, de não chamar exemplos de outros países de maneira simplista.
Alguém aqui disse que a Europa, no fim da II Guerra, desenvolveu-se porque soube cumprir as metas e limites impostos pelos USA. Só que essa pessoa esqueceu-se de comparara o volume e a estrutura de ajuda que foi para a Europa Ocidental, daquela que vem para África. Parece-me injusto que alguém demande que África se desenvolva ao ritmo da Europa pós II Grande Guerra. Principalmente quando coloca como único critério o cumprimento de limites e metas de doadores.
Leonel Matchume

Anónimo disse...

Falando em demografia, um dos grandes problemas aqui em Moçambque, é de muitos darem mais filhos do que podem sustentar.

Anónimo disse...

Ao anonimo que comenta a postagem de Reflectindo e minha postagem. Obrigado pela observacao e voce coloca-me o desafio de abordar esse assunto num forum apropriado. Prometo-lhe que vou publicar um artigo documentado sobre o desafio que me apresenta. Para a sua informacao, o volume de ajuda pos-Guerra Fria quase que triplicou e teve o resfriamento na decada de 1990. Apos 11 de Setembro subiu a niveis que ultrapassa em termos de valor real comparada ao disponibiizado para a Europa pos II Guerra Mundial. Agora, uma coisa e vermos uma Europa que ja tinha infra-estruturas no lugar e instituicoes operacionais para relancar a actividade comercial e desenvolvimento. Outra coisa, e nao ter essas infra-estruturas ou instituicoes, portanto comecar no zero????. Isso nao significa que mais ajuda nao seja necessaria. Como disse, aceito o desafio e publicarei o artigo e colocarei a disposicao o meu email para lhe fornecer referencias e dados para voce pessoalmente comparar. Se achar que e tarde ate eu publicar o texto, por favor veja os dados disponiveis no site OECD sobre o volume da ODA.

Meu compatriota, voce pode nos ajudar a identificar um Estado Africano ja que "graduou do sistema de ajuda externa". Independencia de Ghana em 1957 e marco historico importante. Quantos anos passaram? Nao nos ajuda muito estarmos sempre a acusar os "vizinhos" quando os problemas tem a haver com a organizacao da "nossa familia". O problema nao e tao simples assim.

Anónimo disse...

Caro Chambote, posso aguardar. Não tenho pressa.
Leonel Matchume