E prossigo a série.
Como já disse várias vezes neste diário, estamos a lidar não tanto com um tiranosáurio - Robert Mugabe - mas com um regime predador e totalmente militarizado.
Ora, a eleição presidencial de 27 do mês passado no Zimbabwe mostrou que a violência e a intimidação (nem sequer quero falar da gestão privativa das urnas e dos votos) estiveram claramente à retaguarda de todo o processo eleitoral. Essa violência e esssa intimidação não são fenómenos conjunturais, mas estruturais. É através deles que o regime se reproduz.
Mas, ao mesmo tempo, o que se passou a 27 de Junho no Zimbabwe mostra que as eleições podem ser unicamente uma alavanca destinada a permitir acomodações elitárias posteriores e de recurso em prejuízo do voto popular, acomodações que visam fundamentalmente assegurar a manutenção da elite gestora com distribuição entorpecente de alguns réditos à elite concorrente. Aconteceu no Quénia, creio que virá a acontecer no Zimbabwe. A alma digamos que monárquica, monopólica, não desaparece, apenas muda de forma, adapta-se a novas realidades.
E perante os dois fenómenos assistimos, salvo algumas excepções, a uma enorme complacência continental, como a cimeira africana do Egipto revelou. O fundamental é que as partes conflituantes se entendam. Se entendam em quê? Na forma como hão-de partilhar a gestão do Estado. E os votos dos povos, como aqueles que ocorreram na primeira volta das eleições no Zimbabwe? Esses, que se lixem. E a violência continuada, o terror ano após ano, os feridos, as mortes, o tipo de governação? Que se lixem também, o fundamental é negociar a partilha do poder. E aqui está o problema das mãos africanas de Pilatos, aqui está um dos dilemas da democracia. Sabem, um dos comentários que Napoleão escreveu ao O Príncipe de Maquiavel tem o seguinte teor: “Saber-se-á o abecê da arte de reinar quando se ignora que desagradar pouco dá o mesmo o mesmo resultado que desagradar muito?”.
Nós aqui em Moçambique alinhamos aparentemente pelo mesmo diapasão negocial no tocante ao Zimbabwe, colocando na penumbra o terror pré-negocial, o tipo de governação. Por quê? Tentarei responder no último número desta série.
Como já disse várias vezes neste diário, estamos a lidar não tanto com um tiranosáurio - Robert Mugabe - mas com um regime predador e totalmente militarizado.
Ora, a eleição presidencial de 27 do mês passado no Zimbabwe mostrou que a violência e a intimidação (nem sequer quero falar da gestão privativa das urnas e dos votos) estiveram claramente à retaguarda de todo o processo eleitoral. Essa violência e esssa intimidação não são fenómenos conjunturais, mas estruturais. É através deles que o regime se reproduz.
Mas, ao mesmo tempo, o que se passou a 27 de Junho no Zimbabwe mostra que as eleições podem ser unicamente uma alavanca destinada a permitir acomodações elitárias posteriores e de recurso em prejuízo do voto popular, acomodações que visam fundamentalmente assegurar a manutenção da elite gestora com distribuição entorpecente de alguns réditos à elite concorrente. Aconteceu no Quénia, creio que virá a acontecer no Zimbabwe. A alma digamos que monárquica, monopólica, não desaparece, apenas muda de forma, adapta-se a novas realidades.
E perante os dois fenómenos assistimos, salvo algumas excepções, a uma enorme complacência continental, como a cimeira africana do Egipto revelou. O fundamental é que as partes conflituantes se entendam. Se entendam em quê? Na forma como hão-de partilhar a gestão do Estado. E os votos dos povos, como aqueles que ocorreram na primeira volta das eleições no Zimbabwe? Esses, que se lixem. E a violência continuada, o terror ano após ano, os feridos, as mortes, o tipo de governação? Que se lixem também, o fundamental é negociar a partilha do poder. E aqui está o problema das mãos africanas de Pilatos, aqui está um dos dilemas da democracia. Sabem, um dos comentários que Napoleão escreveu ao O Príncipe de Maquiavel tem o seguinte teor: “Saber-se-á o abecê da arte de reinar quando se ignora que desagradar pouco dá o mesmo o mesmo resultado que desagradar muito?”.
Nós aqui em Moçambique alinhamos aparentemente pelo mesmo diapasão negocial no tocante ao Zimbabwe, colocando na penumbra o terror pré-negocial, o tipo de governação. Por quê? Tentarei responder no último número desta série.
2 comentários:
I am looking forward that one, Carlos!
Estou sempre aguardando.
Hoje farei sair, no último número da série.
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