09 maio 2007

Roubo de óleo mineral priva milhares de energia eléctrica na cidade de Maputo


"Milhares de consumidores de energia eléctrica, na cidade de Maputo, estão a ser privados daquele recurso, nas últimas duas semanas, como consequência do roubo de óleo mineral dos postos de transformações."
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Aqui está um fenómeno que se generalizou nas capitais do nosso país, em particular na cidade de Maputo, com as cantoneiras e, agora, com o óleo mineral. Regra geral a voz do senso-comum tem atribuído os roubos a uma selvageria nata. O problema, porém, deverá consistir em compreender a racionalidade desse tipo de actos, por mais que isso nos custe. Eventualmente poderei vir a colocar algumas hipóteses neste diário.

2 comentários:

Bayano Valy disse...

A mente é muita estranha: somente na calada da noite enquanto rebolava na minha cama é que tive um momento de epifánia. Há sensivelmente dois anos fazia uma tourné pela Tanzania na companhia de alguns jornalistas moçambicanos. Em Arusha deparei-me com vários técnicos da SADC, que lá estavam num seminário sobre o ambiente. Estavam a debater a monitoria da implementação da Convenção de Estocolmo sobre sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes (POP), que visa a eliminação segura e a diminuição da produção e da utilização destas substâncias nocivas para a saúde humana e para o ambiente. A medida deve ser feita de forma gradativa até 2025, e defenitivamente até 2028. Ao todo são 12 os químicos - chamados por Dirty Dozen - visados pela Convenção de Estocolmo.

O que é que isso tem a ver com o roubo do óleo nos transformadores? É que o óleo dos transformadores contém os bifenilos policlorados (PCB), que são visados pela convenção. Na Tanzania, por exemplo, sabe-se que as populações pobres utilizam o óleo para cozinhar e as mulheres usam-no para embranquecer a pele.

O que a Convenção pretende é que os transformadores sejam substituidos por outros que não contenham o PCB. A SADC, sem excepções, assinou a Convenção de Estocolmo em Maio de 2001.

O que posso especular é que as populações roubam o óleo para usarem-no na cozinha. Não vejo as nossas mulheres a utilizarem-no como produto de beleza.

Carlos Serra disse...

"Na Tanzania, por exemplo, sabe-se que as populações pobres utilizam o óleo para cozinhar e as mulheres usam-no para embranquecer a pele." - uma excepcionalmente bela hipótese. É justamente por esse lado que tenciono caminhar ainda hoje. Obrigado pela informação!