Prestem uma atenção disponível, domingueira, à palavra dos pensadores chapa 100, daqueles que surgem na televisão, na rádio, nos jornais em formato pronto-a-consumir, daqueles que roubaram aos deuses o direito à verdade, daqueles que, como nos chapas, nem pelo horizonte são travados em sua imensa sabedoria sem rugas.
Eles nunca duvidaram de que vocês existem, salvo quando vocês os questionam.
Eles nunca puseram em dúvida as vossas dúvidas porque simplesmente as não têm.
Eles nunca dizem que irão pensar: já pensaram mesmo antes de pensarem.
Eles nunca vos dirão algo como "na minha opinião, penso que...", mas, antes, "na minha opinião pessoal, sei que..."
Eles nunca dirão que não têm respostas: pelo contrário, vos mostrarão que são a resposta que dispensa as vossas perguntas.
Eles nunca se enganam: o engano é, pelo contrário, o vosso destino.
Quando, em lugar de fazerem afirmações, eles puserem perguntas, é vossa obrigação saber que as perguntas deles são respostas elegantes de oráculos definitivos.
Quando eles vos disserem que já sabem que interpretações vocês irão dar às suas bentas verdades, é vosso genuflexivo dever saber que eles até conhecem as interpretações que vocês não fizeram nem farão.
Deveis, finalmente, saber que eles nunca dirão que dizem a verdade: leões não precisam de enunciar leonices triviais.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
5 comentários:
Em cheio, em cheio!!!
Lara
Relativo professor...relativo!!!
Não estaria tambem o caro senhor num pequeno processo chapa 100 ao fazer tal afirmação?
Eu não estou num pequeno processo, estou, sim, num grande processo. Mas como sou o primeiro chapa-centeiro, sinto-me em perfeitas condições para criticar os segundos, os terceiros e por aí fora.
Neste caso Sr.Prof.há de concordar que o tema proposto trata-se de uma auto-crítica não?
Evidentemente que não.
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