Fio de Ariadne das manifestações mundiais (2)

O segundo número da série.
É ainda necessário ter em conta os manifestantes analíticos na luta de barricadas de ideias.
Uns diabolizam e criminalizam os manifestantes das ruas como incarnações do Mal absoluto, como criminosos puros (David Cameron na Inglaterra), como peões de Satanás (Bingu wa Mutharika no Malawi) ou como demónios canibais (Mswati III da Suazilândia).
Outros procuram as causas do que se passa em monofactores do género preços dos alimentos, desemprego, cortes na assistência social, etc.
Outros, ainda, politicamente astutos (como que transpondo para as sociedades as ideias de Maturana, Varela, Prigogine e Atlan), procuram mostrar que os fenómenos sociais podem acontecer sem causas, por auto-organização. Então, para estes últimos, o que se passou ou se passa na Tunísia, no Senegal, na Suazilândia, na Espanha, nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, é unicamente produto da autopoiesis. Isso significa, entre outras coisas, que cada problema tem o seu nicho específico, quer dizer, o que aconteceu no país A não pode acontecer no país B. Estamos, então, diante de um sistema de vasos incomunicantes, de autismos nacionais.

(continua)