16 abril 2011

Os demónios de Mswati III

Segundo o oficioso Times of Swaziland, o rei Mswati III do pequeno reino da Suazilândia - aqui perto de Maputo - agradeceu às forças de segurança por assegurarem a paz e a estabilidade contra os que chamou demónios ("timfingo"), comedores de seres humanos. Os demónios são todos aqueles quê se têm manifestado contra a monarquia, contra a ausência de liberdade e de expressão e contra as condições de vida. O rei, com suas 13 esposas e sua enorme fortuna avaliada em 100 milhões de dólares (um dos mais ricos soberanos do mundo), governa um país no qual não há eleições desde 1973, a actividade de partidos e sindicatos está interdita e dois terços dos suázis são supostos viver abaixo da linha de pobreza. Recorde neste diário aqui. Enquanto isso, um pouco como acontece no Zimbabwe, há um clima complotário no país, confira aqui e aqui. Para traduzir, aqui. Crédito da imagem, aqui.
Adenda às 20:34: leia na edição digital do "Notícias"de hoje a posição do ANC, partido no poder na África do Sul, sobre a situação política na Suazilândia, aqui.

3 comentários:

ricardo disse...

O que e espantoso e o baixo nivel da linguagem de Sua Majestade que ate foi educado na Gra-Bretanha. Se realeza e isto, o que sera entao conversa de rua?

Indo a questao. E evidente que na Swazilandia ha muitos problemas a resolver. Varios desafios se colocam:

1- 2/3 populacao vivendo abaixo da linha de pobreza. Sendo que 1/3 corresponde ao total de seropositivos num Reino de 1.200.000 habitantes;

2- Regime absolutista, tradicionalista e obscuratista. Inumeros sao os registos de purgas na casa real sobre tentativas de feitico, envenenamento de cortesas e ate, macacos mortos a porta dos kraals reais;

3- Os ventos da mudanca da vizinha RSA sao cada vez mais fortes e tem de ser analisados num contexto mais amplo, pois abarcam inclusive aspectos mais etnicos que politicos, muito alem da suposta influencia do ANC. Para compreende-los, seria preciso recuar ate a epoca do Tchaka Zulu;

4-Fortalecimento das forcas de seguranca. Ate Shobuza II, a Swazilandia nao tinha exercito. Hoje tem um exercito de 3000 homens que para a sua extensao territorial e um numero razoavel, fora as forcas policiais e paramilitares (tradicionais). Mas comecou a chamar a atencao de muitos quando conselheiros militares franceses foram a treinar unidades especiais supostamente para participar em missoes de paz em Africa e dois temiveis helicopteros russos Mi-24, desmontados, foram capturados em Manzini que supostamente eram destinados a UNITA, quando afinal seria o Ruanda do defunto Habyarimana ;

5-Finalmente, o ocaso da economia causado - paradoxalmente - pela queda do Apartheid. Durante aqueles negros anos na Africa Austral, a Swazilandia serviu de alcapao para fintar as sancoes contra Pretoria e ate, para contornar as rigidas leis internas sul-africanas sobre circulacao de moeda. Dai a profusao de Casinos que muito prosperaram no reino. Com o fim do regime, outras paragens, como Mocambique e Angola despertaram a atencao, e a partir dai a Swazilandia ja agonizante, comecou a preparar a sua eutanasia.

Em suma, a situacao no nosso reino vizinho e grave e todos os cenarios possiveis devem ser colocados a mesa. Como sejam, o assassinato do Rei, um mini-guerra civil a la Libia, uma escaramuca com Mocambique para desviar atencoes internas ou a invasao do reino pela RSA a mando da SADC, tal como vimo suceder no Lesotho anos atras.

Estejamos atentos.

Abdul Karim disse...

Ha "coisas" que já nao me surpreendem,

"Calejei-me" no cérebro,

E já nao vou apanhar mais esgotamento,

Hehehe,

Linette Olofsson disse...

Tragico em pleno seculo XXI.
Os sucessivos acontecimentos ditarão as mudanças!

Tarde ou cedo,a democracia, as liberdades universais; chegarão e serão respeitada!