08 agosto 2011

Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (9)

Um pouco mais da série, com mais algumas hipóteses.
Entro no quarto número do sumário, a saber: o conflito enquanto campo estruturante da política.
Por aquilo que surge ruidosamente e em abundância na imprensa, o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, parece ter dito três coisas: (1) irá conduzir até Dezembro uma revolução nacional pacífica destinada a afastar a Frelimo da direcção do Estado, (2) possui um exército bem armado que poderá responder à eventual resposta da Frelimo e (3) irá aguartelar os seus antigos guerrilheiros.
Se aceitarmos que é isso que efectivamente foi dito ou tem sido dito, estamos perante a colocação no mercado nacional de ideias políticas de artefactos retóricos destinados a provocar rapidamente pelo menos cinco tipos de reacções: (1) temor (incluindo o do Capital), reactivando a memória dos efeitos da guerra terminada em 1992, (2) admiração pela exibição musculada de força capaz de supostamente dar resposta a desagravos populares, (3) descredibilização dos actos eleitorais, (4) imposição de uma plataforma destinada a forçar a Frelimo a um processo negocial para partilha da gestão estatal e (5) restabelecimento da coesão entre os membros do seu partido.
A política é a continuidade da guerra por outros meios (permitam-me inverter dessa forma uma frase famosa de Clausewitz): essa parece ser a coluna vertebral do que Dhlakama parece estar a dizer em sua luta de oratória castrense.
Mas há mais coisas a considerar neste conflito de barricadas oratóricas que, ao mesmo tempo, desune e une, afasta e aproxima (aguardem a continuidade da série), incluindo a reacção oficial do Gabinete de Mobilização e Propaganda da Frelimo.
Sobre Clausewitz, confira aqui.
(continua)
Nota: pode acontecer que eu modifique algo no texto.

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Ora aqui estou eu Professor. Afinal o conflito é um "acto social". Estou interessado no "mercado político das ideias".

Xiluva/SARA disse...

'Barricadas oratóricas'....ehehehehehe!!!!

Paulo disse...

A reacção do partido no poder também é muito gira. Repito: do partido. Posições de partidos.