07 agosto 2011

Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (8)

Um pouco mais da série, com mais algumas hipóteses.
Então, Dhlakama e o bloco hegemónico da Renamo são hoje, ao mesmo tempo, (1) o cordão umbilical da guerrilha ao nível da oratória, (2) a memória dos acordos de paz de 1992 que entendem não estar a ser cumpridos e (3) a dificuldade em aceitar resultados eleitorais que não sejam os da sua vitória.
São como que o fac-símile daquele herói de um filme de Charlie Chaplin que, apanhado por uma tempestade de neve quando dormia na sua cabana, vê esta de repente na borda de um precipício. Ao acordar, quer sair. Mas se avança para o lado do precipício, a cabana tomba; se recua e pretende sair, a tempestade aguarda-o. O herói de Chaplin não pode nem habitar a cabana nem deixá-la.
Dhlakama e Renamo não podem nem viver nem sair da memória do passado. Mas eles não são, politicamente, um fenómeno anormal. Em suas múltiplas facetas, o conflito é o campo estruturante da política. A oratória castrense de Dhlakama e do grupo hegemónico da Renamo é um artefacto de luta.
Prossigo mais tarde com o quarto número do sumário, a saber: o conflito enquanto campo estruturante da política. Sobre Clausewitz, confira aqui.
(continua)

2 comentários:

Salvador Langa disse...

O homem gosta muito de fogo de artifício. Jogos de política ou não?

Paulo disse...

Muita da história da antiga RNM passou por aqui...