Da Teresa recebi um email do qual extractei a seguinte passagem: "No decorrer da conversa à hora do almoço na sexta-feira, e da forma mais tranquila possível, elas (duas estudantes na África do Sul, CS) contaram-me que quando estavam a fazer um trabalho de pesquisa sociológica numa comunidade da periferia de Joanesburgo, se aperceberam que devido à pobreza, e porque o Governo Sul-Africano já está a subsidiar com uma cesta de alimentos os doentes de Sida, os indivíduos sãos dessa sociedade estavam propositadamente a fazer sexo desprotegido com os indivíduos infectados e iam todos os meses aos postos de testagem voluntária, ficando bastante decepcionados quando o resultado do teste era negativo pois não tinham "ainda" direito ao cabaz alimentar!"
Pergunta: alguém quer comentar?
19 comentários:
A ignorancia quando se alia a pobreza extrema transforma-se numa bomba relógio de proporções apocalípticas. é simplista condena-los sem analisar o meio em que vivem, o grau de instrução e educação, a vertente cultural etc. No fundo, são vitimas deste nosso mundo tão desigual e distorcido.
Professor, esse e um tema bastante interessante ao mesmo tempo que delicada.A industria do HIV e do SIDA,tem dessas coisas, uns entram para prometer salvacao e combater o problema, estejam a falar serio ou nao. Agora outros entram para serem salvos, estejam infectados ou nao. Aqui em Mocambique temos inumeras situacoes similares, ou ate mais graves.
Bom dia Professor,
Este fenomeno pode ser visto de varias formas:
1º Ocusto de vida dessas pessoas é extremamente elevada, ao ponto de poderem se sacrificar por qualquer coisa para poder viver mais algumas horas;
2º Eles sabem qui SIDA mata, e também sabem qui FOME mata ainda, e mais rapido qui o SIDA.
Entao eles nao têm escolha, ou morrem cedo ou vivem mais umas horas. Tenho informaçoes que existem pessoas que vivem na extrema pobreza na Africa do Sul.
Conclusão: as pessoas tem na consciencia que a vida é dificil, é preferivel ter o SIDA e receber um cabaz bom para a sua sobrevivencia e de seus filhos, que morrer e ver seus filhos tambem morrer.
Alguns fazem esse sacrificio nao por si, mas pelos filhos, que nao tem nada o que comer.
É uma triste realidade, como combater o SIDA quando nao conseguimos combater a POBREZA, que é mais importante.
Fico por aqui, bom trabalho professor e bom regresso ao nosso convivio.
Nicolau Zalimba
Olá a todos! Sim, um tema muito delicado, espero aprofundá-lo no meu regresso a Maputo.
...penso que estamos a viver no mundo cão,o mundo dos predadores mais sofisticados,nós!!!
Comentar este horror é transformar o nosso doce bem estar,na plateia com pipocas e coca cola,e num espelho vermo-nos reflectidos e percebermos que afinl não temos uma dentição humana ,mas sim presas tal como um surreal tubarão branco...
Quase que apetece morrer para rápidamente fugir a esta angústia existêncial,e quiçá numa outra hipotética dimenção percebermos o que este presente significa...
Triste cenário o da humanidade perante os valores mais apregoados...a mentira ,mais a mentira,e a mentira sempre!!
Certamente crêem ser o melhor entre as opções que se lhes apresentam.Talvez assim se salvem a si próprios e a mais algém.
É sem dúvida chocante, se verdade for. Mas, aqui como em outros campos, haverá sempre necessidade de encontrar as lógicas que presidem a esse tipo de comportamento. E encontrar e perceber as lógicas que não são as nossas e que nos chocam, nem sempre é fácil, justamente porque transformamos a condenação na análise.
Esta é uma clara manifestação das muitas decisões imediatistas, tomadas para disfarçar/ ocultar as consequências dos problemas - bastante eleitoralistas, por um lado, e que garantem emprego e outros proventos a muito boa gente, por outro... Imagine-se quantas pessoas vivem bem à custa dessa distribuição, e, claro, do seu financimaneto.
Decisões incompetentes, que são incapazes de ver as consequências que elas podem ter (deve ser resultado destas licenciaturas que hoje são certificadas a granel).
Este acontecimento vem, curiosamente, dar razão ao tão criticado Thabo Mbeki, quando disse que a SIDA era um problema de probreza, acima de tudo. Já Maslow o explicou com a maior mestria: quem tem fome não se preocupa com a segurança, e por aí adiante. Seria bom por todas as ONG e Governos a estudar a hierarquia das necessidades de Maslow.
As doenças (e não só a SIDA) são, de facto, um produto da pobreza. Pelo menos o impacto que têm na vida da pessoa e na maneira como a pessoa as pode gerir. As pessoas não precisarão de um estigmatizante cabaz de compras. Precisam de um valoroso emprego, devidamente remunerado, para comprarem os seus próprios cabazes. Só que, aí, mais ninguém come nada...
Um abraço a todos
L.S.Kudjeka
Bom dia Doutor Sera. Esta é uma situação que acontece aqui internamente e que nós os jovens da Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique (AEFUM) constatámos e reportamos na nossa segunda edição do Projecto Férias Desenvolvendo o Distrito levado a cabo nas Províncias de Gaza, Inhambane e Manica e que esta situação constatou-se muito nos distritos da província de Inhambane. Isto concorre para uma Industrialização Sexual que poderá abalar a maioria das populações rurais que pela natureza da sua localização e situação social estão desprovidas de condições e de informação. Esta situação carece de um estudo MUITO aprofundado.
Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique.(aefummz@yahoo.com.br)
Não sabia disso, muito obrigado pela informação, o quadro é bem mais complicado.
Atenção, abri nova postagem alusiva.
professor,
nao sou bom a fazer comentarios profundos, mas a primeira vista isto parece me uma kestao de sobrevivencia. de viver por hoje e veremos o dia do amanha. o k um pobre tem a perder? ja perdeu tudo ou kuase tudo. k prespectivas um pobre tem sobre o amanha? quase nulas. ele passa fome e dificuldades. e por isso se calhar esta quase ou sempre doente. Mas ao lado , o vizinho recebe alimentos de graca porque tem sida ou Hiv. Morre se logo com sida? sim e nao. trata se? sim mas nao se cura. entao vai se receber atencao de alguem. vai se receber comida e depois daqui a 4, 5, 7 ou dez anos o tratamento. tudo gratis. mas de fome nao morrera. alguma coisa esta garantida. no minimo Uma kestao de sobrevivencia
Aqui o seu comentário, a ter em conta, mas atenção à nova postagem, na qual coloquei 3 perguntas...
O Patrício escreveu uma interessante reflexão sobre este tema. Recomendo-a vivamente.
Obed L. Khan
O Khan
Onde posso ter acesso à reflexão do Patricio?
Teresa
Ilustres,
Eu tenho MUITA dificuldade em acreditar e aceitar que isto esteja a acontecer, seja aqui seja noutro lado.
Os critérios de elegibilidade para aceder a estes subsídio da P. Social na RSA estão difinidos por lei. São vários e não incluem "SER SEROPOSITIVO".
Aliás, amplificar esta ideia significa estigmatizar os serropositivos colocando os na categoria de inválidos que devem depender dos DONATIVOS GOVERNAMENTAIS para SOBREVIVER.
Tenhamos cuidado meus irmãos. Este assunto é sério.
Tenho dito.
JSM
'Os critérios de elegibilidade para aceder a estes subsídio da P. Social na RSA estão difinidos por lei. São vários e não incluem "SER SEROPOSITIVO".' Confusao aqui, ninguem sugeriu que condicao para aceder a subsidios fosse seropositividade. O que foi dito, e que pessoas despreocupam-se e buscam formas de serem identificadas como seropositivas para acederem a beneficios. Eu acrescento, beneficios esses oferecidos por organizaacoes que dao esse tipo de apoio. Bom procurar informacao antes de cair em cima das pessoas, visitem o TAC (Total Aids Control e respectivos parceiros) antes de fazerm negacoes generalizadoras sem informacao completa.
...funcionamos sempre ao contrário:
As pessoas comuns morrendo à fome ,não são dignas de qualquer atenção especial ;podem morrer que faz parte do nosso mundo de desigualdades!
...sem querer de forma alguma estigmatizar os doentes com sida,mas neste caso, os governos já se preocupam em dar condições de sobrevivência...
Esta falsa piedade moralista e autodesculpabilizadora gerou este cenário de horror ,que não tem como se explicar...
Preciso da VOSSA (de todos, os que acreditam e os que não e até os que se estão nas tintas!) ajuda. Não percebo nada de "sociologia", "psicologia", "antropologia"....Conheci um indivíduo que tem SIDA, cuja companheira, também com SIDA, deu à luz há 2 meses. Durante a gravidez ela tomou a medicação para evitar a contaminação horizontal. Não pode dar de mamar...mas a bebé precisa de se alimentar (NUn 1)...Nem um nem outro têm emprego (o estado deles é de extrema fraqueza e cansaço (eu e o meu companheiro sempre nos alimentamos bem, mesmo no tempo do "povo unido", e por cansaço quase provocámos um incêndio pois a nossa filha + velha chorava demasiado à noite)e ninguém lhes dá emprego...)(a minha avó empregou um pedinte "maneta" para lhe limpar os frascos de compota. Era o único que conseguia enfiar a "não mão" no interior dos frascos, coberta pelo pano da loiça, e o pedinte transformou-se rapidamente num pai de família orgulhoso e cumpridor...))...Alguém tem uma ideia de como ajudar esta família a ajudar-nos a evitar a nossa destruição como sociedade, sem causarmos ainda mais danos?
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