A sueca Kajsa Johansson, que viveu e trabalhou no Niassa entre 2006 e 2011, escreveu uma carta aberta ao Presidente Guebuza, dois dias antes do assalto a Santungira, publicada originalmente em sueco aqui, traduzida para inglês no portal do The Nordic African Institute, aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Li a carta de Kajsa Johansson, sueca, que considera Moçambique quase como uma segunda pátria mas por muito esforço que faça nunca poderá deixar de ser a cidadã de uma das mais avançadas sociais-democracias do mundo falando de um país que sofreu durante 500 anos a dominação colonial, a escravatura, o chibalo, a machila e toda a humilhação que isso representa na consciência colectiva do povo ao longo do seu processo histórico.
A Kajsa fala da Renamo dizendo que apenas quer um bocado do bolo e comparar isso com "democracia" é algo completamente irreal. A Renamo assenta a sua força no que de melhor há nos povos e que é a solidariedade em torno do seu chefe ou representante natural e o que de pior pode representar em termos de tribalismo cuja força é por vezes indestrutível .
Não há tradição "democrática" nos povos africanos que sempre se nortearam por um tipo de sociedade algo natural em que o povo se reunia fraternalmente em torno de um chefe e isso um sueco não será nunca capaz de compreender e quando o procura fazer é sempre de forma artificial.
A dita "democracia" ocidental partilhada por oportunistas é em certa medida uma violência que desune as pessoas e as subordina umas às outras, dando-lhes a falsa sensação de poder para depois se limitarem a obedecer. Se nos países ocidentais isso é algo natural na medida em que lutam pelos seus interesses económicos em Moçambique todo o povo, embora já dividido em partidos, ainda não se perdeu a noção de que todos são irmãos e isso um ocidental também não é capaz de compreender com facilidade
Talvez seja capaz de compreender a natureza política da Frelimo que assenta na tradição de uma estrutura militar cujas reminiscências históricas pode encontrar nas tradições Celtas que a Kajsa deve conhecer e cuja vitória culminou com a independência em 1976 e que procura preservar dos inimigos num compromisso histórico de honra e lealdade para com o povo seu principal aliado.
O apelo de desenvolvimento que faz ao Presidente é comovente nas boas intenções. Parece não saber que há moçambicanos que ainda não estão identificados e que por vestes apenas usam uma dita “tanga” que nunca foram consultados por um médico e que nunca ouviram falar da Suécia e que ignoram até que Moçambique já é independente.
Há estradas ditas nacionais que por pontes têm apenas 2 madeiras paralelas onde as viaturas que as atravessam o têm de fazer com extremo cuidado para não caírem lá abaixo e que essas estradas foram mais uma herança colonial e que um dia hão-de chegar ao Niassa como sugere ao Presidente e a todo o país que tem o dobro do tamanho da Suécia e que tem um rendimento Per Capita 120 vezes menor.
Cumprimentos
O abismo entre os privilégios do governante africano e os direitos dos governados é uma obscenidade que faz corar qualquer um . Imagine uma Kasja que acreditou estar a ajudar enquanto aqui esteve.
O problema da senhora é o problema daquela história onde viveu Samora Machel. Hoje a história é completamente outra, cheia de "empreendedores" que anualmente dizem chorar algumas lágrimas pelo desaparecimento físico do libertador do país.
Enviar um comentário