Cabritos também comem soruma. Mas não só: gente há que, nas províncias de Tete e Manica, alimenta cabritos com soruma para depois levá-los aos locais de consumo ou de comercialização onde a droga sai sob forma de excremento - confira o "Diário de Moçambique", versão digital, aqui.
Enquanto isso, foram incineradas mais nove toneladas de soruma, depois de uma primeira leva de 21. Onde? Na Colômbia? Não, no povoado Calombolombo, distrito do Guro, norte da província de Manica, em Moçambique, onde mais de duas mil famílias se dedicam ao cultivo e venda do produto no Zimbabwe e na África do Sul. Um porta-voz da polícia afirmou que ninguém foi detido, mas que doravante a polícia estará atenta - confira o semanário "domingo" de hoje, p. 9.
Na Zambézia, dizem jovens e idosos que cultivam soruma para terem força para produzir, confira aqui.
Observações: estais então vendo quão complexos e diversificados são os sorumáticos caminhos nacionais. Como escreveu o meu colega historiador Yussuf Adam, se fosse para prender a polícia teria de "prender uma boa parte dos camponeses moçambicanos e muita gente nas cidades..." Mas, como mostrou o "Diário de Moçambique", não só gente, cabritos também. Provavelmente ter-se-á de fazer um cadastro mais rigoroso para se apurar o grau de sorumatização zoológica do país. Finalmente, recorde-se o gáudio ruidoso com que certa imprensa se dedicou a ver em Azagaia não só um consumidor de droga, mas, também, um traficante, tudo porque, segundo a versão oficial, a polícia descobriu quatro gramas de soruma numa viatura na qual ele se encontrava (cerca de duas horas antes de actuar no Gil Vicente), soruma que o músico negou pertencer-lhe, soruma que assegurou não consumir.
Sugestões: confira aqui (para traduzir aqui), aqui, aqui e aqui. Recorde neste diário aqui.
Enquanto isso, foram incineradas mais nove toneladas de soruma, depois de uma primeira leva de 21. Onde? Na Colômbia? Não, no povoado Calombolombo, distrito do Guro, norte da província de Manica, em Moçambique, onde mais de duas mil famílias se dedicam ao cultivo e venda do produto no Zimbabwe e na África do Sul. Um porta-voz da polícia afirmou que ninguém foi detido, mas que doravante a polícia estará atenta - confira o semanário "domingo" de hoje, p. 9.
Na Zambézia, dizem jovens e idosos que cultivam soruma para terem força para produzir, confira aqui.
Observações: estais então vendo quão complexos e diversificados são os sorumáticos caminhos nacionais. Como escreveu o meu colega historiador Yussuf Adam, se fosse para prender a polícia teria de "prender uma boa parte dos camponeses moçambicanos e muita gente nas cidades..." Mas, como mostrou o "Diário de Moçambique", não só gente, cabritos também. Provavelmente ter-se-á de fazer um cadastro mais rigoroso para se apurar o grau de sorumatização zoológica do país. Finalmente, recorde-se o gáudio ruidoso com que certa imprensa se dedicou a ver em Azagaia não só um consumidor de droga, mas, também, um traficante, tudo porque, segundo a versão oficial, a polícia descobriu quatro gramas de soruma numa viatura na qual ele se encontrava (cerca de duas horas antes de actuar no Gil Vicente), soruma que o músico negou pertencer-lhe, soruma que assegurou não consumir.
Sugestões: confira aqui (para traduzir aqui), aqui, aqui e aqui. Recorde neste diário aqui.
13 comentários:
Pois é, pois é, falta analisar os produtores de "political cannavis".
Extraordinário site, aberto e crítico mesmo ao fim de semana...
É sempre bom abordar a temática das drogas ao nivel nacional. Acredito que nunca se falou tanto como acontece agora. Mas isso só acontece depois da detenção do Azagaia por ser portador de drogas ilícitas. Com esse enfoque no assunto das drogas não é com objectivo de justificar, menosprezar ou até tornar simplista o caso do Músico?
Para alguns problema não é droga, é Azagaia...
"Certos fenómenos, certas práticas, certos tipos de educação conservadora do nosso passado plantaram em nós muitas armas mentais, muita intolerância, muito verniz superficial. Direitos humanos são, para mim, algo bem mais vasto do que o direito individual de cada um à liberdade a vários níveis. Direitos humanos são para mim direitos socialmente considerados e promovidos em permanência, tendo em vista os desfavorecidos, os privados de bem-estar".
Então, legalizamos o consumo da soruma?
Pessoalmente, sou contra este tipo de abertura (já o disse aqui milhares de vezes).
Devido à situação da detenção do músico Azagaia, a legalização do consumo deste estupefaciente tem sido defendida por alguns, por muitos.
Legalizar algo numa sociedade com feridas de fomes, epidemias?
Legalizar numa sociedade em que as comportas da barragem da imoralidade estão abertas?
Legalizar algo que iria desencadear outras situações....
Não. Amarro-me, ainda que negativamente, à visão do Professor Carlos Serra.
Zicomo
No alvo, Professor.
tanta hipocrisia, e tanta falta de maturidade...
não preciso de ir mais longe,faço a seguinte pergunta:
não será que baseado no resultado provocado pela ingestão de bebidas alcoólicas, com centenas de acidentes mortais,a violência doméstica,a precariedade com que famílias vivem porque os chefes de família derretem o dinheiro na bebida,os jovens que ao fim de semana se passeiam de cerveja na mão,embriagados,até nos campos de futebol deste País é lastimável o comportamento de certos,muitos adeptos ,bêbados ,gritando ,fazendo claque pelos seus clubes,etc
...já ouviram ,ou leram nos jornais algo parecido com isto devido ao consumo de cannabis ???
somos é um país muito atrasado,na pré-história da abertura a tolerância,aliás através de outros assuntos como a homossexualidade,o racismo,etc que o professor tem colocado ,se tem visto o quanto as pessoas ainda vivem na obscuridade do preconceito..
olhem para a Holanda,e analisem a abordagem ao uso de cannabis,e talvez entendam que não é com repressão que se afastam os problemas.
sempre ouvi dizer que o fruto proibido,sempre foi o mais desejado
desculpem mas deixei a questão incompleta e sem sentido.
"...claque pelos seus clubes,etc,se deveria também proibir o consumo de bebidas alcoólicas?"
Manna,
Não traga o exemplo da Holanda para aqui, por favor.
Já lá existe várias vezes e não ouse em comparar a realidade Holandesa com a Moçambicana.
O problema não é o "fruto proibido", mas sim suas consequências.
Já imaginou que consequências teria para o país se o Governo, atrelando-se no exemplo da Holanda, quisesse legalizar o consumo da cannabis?
Há coisas que dispensam dois dedos de testa, portanto, não vale a pena aventurar-se nela.
Antes de querer importar exemplos de fora, veja primeiro os dados macroeconómicos dos dois país, o nível de vida e quem, efectivamente, está por detrás da tal situação na Holanda. E não é só na Holanda, em Marrocos é a mesma coisa...
Não é pelo facto do país x ou y aceitar uma determinada coisa que o nosso país deva adoptar. Assim, ignorando o apelo de vários cientistas sociais, que o nosso país mete-se em trapalhada.
Zicomo
não me interpretaram bem,ou eu não me expliquei bem.
Não estou a defender,nem sequer a sugerir a legalização,apenas a analisar a forma como toda esta problemática em cima do caso Azagaia tem sido vista e a permissividade que existe para outros males como o álcool aqui referido e até podia ir mais longe,como a Colômbia,mercado da droga a funcionar há muitos anos e que tem destruído e continua a destruir famílias .
Sei que o nosso pais está a anos luz duma atitude dessas,apenas mencionei a Holanda como exemplo de evolução no respeitante ao trato com esta matéria,pelo menos para mim.
As minhas desculpas se não fui claro .
Pois é Manna, mas deixou entender isso no seu primeiro comentário.
Se na Holanda o consumo de estupefaciente é legalizado, na Guiné-Bissau a história é outra. É matança, até de presidente!!!
Entendo que o álcool esteja a danificar o tecido social no país, muitos jovens do meu bairro, em Tete, estão na gandaia por causa do álcool, mas é menos suave sob ponto de vista clínico que o consumo da cannabis.
Experimente e verá as consequências. Ou melhor, não experimente.
E digo mais, na Holanda esta prática incide nos impostos (o Estado holandês ganha com isso, e em Moçambique, pelo que vejo, seria o contrário), não é verdade amigo?
Não adianta, no meu entendimento, pedir a legalização do consumo da soruma e da prostituição, se a tal em causa apresentar-se com 'feridas' a vários níveis, ela só iria corroer o tecido social desse país.
Em Portugal, falando agora do caso Azagaia, nenhum cidadão é preso por possuir 4 gramas de soruma. NENHUM. Embora a lei portuguesa proíba o consumo da consuma, o cidadão que for apanhado apenas é identificado pelas autoridades policiais e mais nada, mas atenção, se for reincidente ai a coisa muda de figura.
Zicomo
Daqui a pouco poderemos chegar a um consenso que um ou dois charros sao consumo, o resto 'e negocio, e grande negocio, e muitissimo grande negocio...
Assim talvez, e quem sabe, do jeito:
- Aviso do Arbitro ( represencao por escrito - consumo ) pra um ou 2 charros,
- Cartao Amarelo pra uma banana ( processo criminal por consumo abusivo ou pequeno negocio ) 2 ou 3 noites na "cela",
- Cartao Vermelho pra quem leva saco ( Processo criminal especial), 1 a 12 meses de "cela",
- Expulsão com suspensão de pratica negocial ( processo criminal grande) "cela" por 12 a 36 meses para quem "carregar sacos ate ao limite de "carrinha ou txova",
- Expulsão com suspensão de pratica negocial ( processo criminal muitíssimo grande) cela e por tempo maior a determinar pra que "encher" contentor,
So pra "passa", classificada como produto natural, nao químico, de preferencia "made in mozambique", hehehe.
Que tal ?
Com recomendacao explicita que no Islam 'e Haram ( proibido sem filmes nem historias, dogmaticas ou nao, 'e proibido e acabou o filme ).
Hehehe,
Muita hipocrisia: o ESTADO apoia e promove a cultura do Tabaco, argumentando ser uma fonte de divisas para o país.
Está provado que os prejuízos financeiros para o país, com os custos inerentes ás doenças respiratórias e outras causadas pelo tabaco são BEM MAIORES que as receitas que gera.
Não se compreende tanto aparato por umas bolinhas de suruma!
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