19 janeiro 2010

De que raça é a tua cor? (9)

Vamos lá terminar esta série.
É possível multiplicar os exemplos de como funciona a economia política dos recursos de poder, aí compreendida a produção ideológica.
Mas vamos lá terminar com um ou dois pontos que considero centrais.
Procurei mostrar que a racialização das relações sociais nada tem de natural, procurei mostrar (tal como tenho procurado fazer em outras séries) que é a disputa de recursos de poder que gera a produção (1) de regras destinadas a justificar a inclusão de uns e a exclusão de outros nos benefícios sociais e (2) de uma ideologia destinada a justificar a desigualdade e a naturalidade dessas regras.
Regra geral, os protestos contra essa dupla situação incidem na ideologia, multiplicando-se os labelos condenatórios que, não poucas vezes, contribuem para piorar as consequências disjuntivas.
Por quê piorar? Porque o problema central não está na ideologia, mas nas condições sociais que são naturalizadas e policial e ideologicamente protegidas pelo grupo hegemónico e pelos seus aliados.
É nessa esfera de cima que, naturalmente, temos por hábito querer saber - deixem-me regressar ao título provocante da série - de que raça é a cor de outrem.
(fim)

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