23 janeiro 2010

Pelos corredores do poder (2)

A descrição do encontro entre Guebuza e Deviz aparece evacuada da rivalidade política, surge como território da fala tranquila, cortez, com a agressividade domesticada. Parece um encontro entre cavalheiros de igual valia unidos no mesmo objectivo, entre companheiros da mesma rota, estrangeiros à luta política.
Todavia, esse quadro cortez, de pares, é, afinal, apenas aparente, pois está desde o princípio fracturado, entre outras coisas, pela hierarquia (é imperioso afirmar quem está em cima e quem está em baixo), recorde-se o título do trabalho jornalístico aqui em causa: Guebuza é tratado no título não por Guebuza, mas por "PR" (presidente da República); o convidado, Deviz Simango, esse é apenas "Davis".
Mas, afinal de contas, o que é que esteve e está politicamente em jogo no almoço do qual Dhlakama esteve ausente?
(continua)

10 comentários:

Fijamo disse...

O encontro entre Guebuza e Simango teve "agenda aberta", onde ambos se pronunciaram a favor de um consenso, em busca de um "governo de unidade".

Os diálogos são parte da estratégia de um governo, até poder-se-ia formar um gabinete com a participação dos outros partidos politicos. - Estamos a caminhar para um bom porto!

Carlos Serra disse...

Bom dia. Não creio que vá haver o que chama governo de unidade. Mas aguarde a continuidade da série...

Fijamo disse...

Anotado Professor (...)

Cumptos

heyden disse...

Nao eh necessario a existencia de um governo de unidade nacional. Ate porque um tal governo a existir, a desconfianca popular, ou seja, a menos informada, a qual eu pertenco, aumentaria seu noh, contra o verdadeiro objecto pelo qual outros partidos se formam. Para mim, as duas atitudes, a de Dlakama e de Davis estao conforme. O PR convidou-os por iniciativa propria e objectivo que so ele conhecia. Tuda eh forca de luta, por um bem colecto, qualquer meio serve, menos a arma.

hey disse...

Guebuza eh PR. Dlakama e Davis sao presidentes de seus partidos, teen seus apoiante, isso nao carece de duvida, dai o tratamento, pelo menos tratamento. Mas, a manifestaco da Renamo, nao era ontem? Quem sabe de algo, estou perdido no tempo e no espaco.

Carlos Serra disse...

Hum...bem, vou tentar tornar o argumento mais complexo. vejam o mais recente número, acabado de postar.

ricardo disse...

Fosse pratica desde 2005 ou nao. Guebuza nunca desejou almocar com Dhlakama. E a melhor maneira de garanti-lo foi convidar Daviz tambem.

Mas houve assunto a mesa. E a mensagem foi passada entre ambos. Fundamentalmente, do MDM que se "queixou" da figura de parvo que esta a fazer na AR, porque esta vedado a exercer o verdadeiro poder que lhe foi conferido por seu eleitorado por forca de um regimento decidido por menos de duas centenas de pessoas! E este, e um ponto crucial que certamente, o MDM nao (em nem deve) vai abdicar. Guebuza tambem deve estar interessado em lancar as pontes para desmanchar o "ferrolho" da Beira. Porque ali ha uma panela de pressao prestes a explodir. E os interesses politicos e economicos do Chefe de Estado para aquela regiao sao sobejamente conhecidos. Naturalmente, o ausente tambem foi discutido. Fundamentalmente, Guebuza pode ter tentado perceber ate que ponto o desaparecimento de A. Dhalakama pode ser coberto pela figura de Daviz.

Com isto, o habil Guebuza mata dois coelhos de uma cajadada so. Apaga Dhalakama da oposicao. E nao e questionado mais por isso. E tambem, reforca sua imagem de Lider magnanimo que governa com parcimonia (tal como ZE-DU afinal).

O resto e "fait-diver" da media que cumpre com o seu dever...

P.S.

Achei hilariante a reportagem feita pela TIM aos Massangus e Cia, onde em unissono denunciaram "uma tentativa de assassinato VIA SMS!" no mesmo dia em que o almoco tinha lugar. O que nao se faz para chamar atencao ao Chefe.

Reflectindo disse...

Ricardo, não entendi essa dos Massangus.

ricardo disse...

E verdade, o Homus Massangus em nome de uma entourage de "...partidecos que apoiaram a eleicao de Guebuza publicamente..." foram as camaras da TIM (Televisao Independente de Mocambique) reclamar que estavam a ser vitimas de tentativa de assassinato, pois todos eles haviam recebido nos seus telemoveis uma mensagem mais ou menos assim "...agora que ajudaste a eleger o Guebuza, chegou a hora de ajustares contas..." e patati patata. Enfim, foi UMA COISA TAO GRAVE que passou despercebido para todo mundo!

Por isso e que eu comentei " o que nao se faz para chamar atencao ao (nao do) Chefe...".

Reflectindo disse...

Obrigado Ricardo

É mesmo isso de chamar atencão ao Chefe ou pedir-lhe alguma recompensa.