08 janeiro 2010

O rochedo de Dhlakama

O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, está perante um dilema enorme, a caixa de Pandora está decididamente aberta: se consegue que os 51 deputados do seu partido não tomem posse mostra que é um dirigente internamente obedecido, mas vê-se de imediato a braços com um duplo problema: (1) o financiamento do partido, oriundo, creio que em medida considerável, dos cofres do Estado; (2) o eventual protesto dos deputados, privados de recursos de poder e prestígio pelos quais esperaram e esperam ansiosamente, podendo daí surgir uma nova vaga de deserções; se não consegue travar a tomada de posse dos seus deputados, é o descalabro político completo, que será tanto mais forte quanto não consiga dirigir as manifestações de protesto que prometeu ou que, dirigindo-as, elas se reduzam a pouca monta (acresce que este é um mês pouco propício para manifestações: férias, dinheiro escasseando nos bolsos populares, pagamento de matrículas escolares, etc.
Neste complicado jogo de póquer político, creio que Dhlakama espera muito quer do apoio popular quer da comunidade internacional, pensando no primeiro para alavancar a segunda no sentido de pressionar o partido no poder a uma ronda negocial.
Todavia, para usar a linguagem de póquer: a sua mão é frágil e está longe de poder fazer o pote.
Seja qual for o desfecho deste poliédrico problema, Dhlakama corre o sério risco de ter um destino à Sísifo, empurrando e reempurrando sem descanso uma enorme pedra de descrédito até ao alto da montanha política da sua vida (o seu papel na vida do partido parece-me ser demasiado cesarista para que permita outras soluções que não sejam aquelas que por ele passam).

2 comentários:

ricardo disse...

Eu já antecipei o destino deste político obstinado...

Mas, supondo que não tomam mesmo posse, o que é que acontece?!

PASSA-SE À ACÇÃO.

Linette Olofsson disse...

Um rochedo muito difícil de travar.
Dificilmente Afonso Dlakhama irá conseguir suportá-lo por muito tempo.
É o princípio de um fim...
Apesar de todos aconetecimentos lamentáveis, não desejava ao líder do maior partido da oposiçao um fim triste!
Mas o que podemos esperar de um demasiado Cezarista?