12 maio 2009

Salomão Moyana : governo comprou a alma da CNE

No seu editorial desta semana no "Magazine Independente", o jornalista Salomão Moyana (na imagem) tem a seguinte tese: ao atribuir ao presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) o estatuto de ministro e aos vogais da CNE o de vice-ministros (recorde uma postagem minha aqui) , o Conselho de Ministros fez com que ficássemos com "um superministério das eleições, com um super-ministro, coadjuvado por 12 vice-ministros". Desta maneira, o governo "comprou a alma da CNE, isto é, eliminou a possibilidade de a CNE vir a agir com alguma independência e verticalidade no tratamento de questões eleitorais sensíveis, sobretudo quando em desvantagem estiver o Partido do Governo que lhes deu Mercedes e salários chorudos. Eles, a CNE, serão os soldados do governo em campo de batalha eleitoral, defendendo o seu patrão e combatendo os adversários do patrão". A terminar o editorial, Moyana adverte: "Ficarmos calados, hoje, pode ser fatal daqui a escassos meses deste ano. Então, falemos agora, a ver se ainda vamos a tempo de evitar a catástrofe" ("Sociedade civil com estatuto de governantes", p.7).
Adenda 1: leia "A Sociedade Civil Moçambicana por Dentro: Avaliação, Desafios, Oportunidades e Acção", aqui. Obrigado ao AF pela sugestão do texto.
Adenda 2 a 14/05/09, 8:38: o "Canal de Moçambique" de hoje tem uma forma diferente de ver as coisas. Confira aqui.

8 comentários:

Xexe disse...

A questão que coloco é como deveriam ser pagos os salários ou senhas de presença dos membros da CNE?? Qual deveria ser o critério?? Qual é a experiencia dos países vizinhos?? Quanto ao que já li em tempos os membros de todas CNEs que já tivemos, sempre tiveram tratamento VIP, incluindo policias (á paisana ou não) á porta das suas casas. Recordo me do lindo Volvo que o Prof Mazula tinha na CNE, assim como dos Hyundais que foram distribuidos aos membros no fim do processo, até o Padre Dionisio recebeu um.
Xexe

Anónimo disse...

So vao falar, os que estiverem interessados na mudanca.os equilibrados.

os outros, vao engraxar, e continuar calados.

Fátima disse...

Fazer-se reinar em toda a administração é projecto do Governo-Partido. Esta é uma forma de se posicionar através do “aliciamento” directo com bens do Estado, o que de certa forma sai mais barato. É obscuramente transparente, para eles. Infelizmente a nossa “sociedade civil”, na maioria, não pode medir a gravidade da situação.

Anónimo disse...

"Sociedade civil com estatuto de governantes", p.7

Este ponto é muito importante, quando se trata de debater as percepções da sociedade civil sobre o seu domínio e universo: quem deve ser considerado para dela e quem não deve. O estudo sobre o Indice da Sociedade Civil 2007, promovido pela FDC, aborda este assunto. Membros da sociedade civil defenderam que a Frelimo e a Renamo não fossem incluidas na definição de SC, apesar de terem estatuto de associações com fins não lucrativo. Segundo este argumento, tais organizações fazem parte do domínio do (ou lutam pelo) poder político e Estado, não pela sociedade civil. Na Grecia, as OSC punham o mesmo tipo de problema relativamente à Igreja principal, fortemente ligada ao poder. O argumento de Saloman Moyana vai na mesma linha, com muito mais força, quanto à parte da SC que fica refém do poder político e do Estado. Veja o referido estudo sobre o Indice da Sociedade Civil 2007 aqui (http://www.iese.ac.mz/lib/af/pub/ISC2007_Lancamento%20do%20livro11.06.08.pdf).
AF

Anónimo disse...

Por causa da necessidade de estabilidade politica de Mocambique, ate podemos aceitar as falhas da 1a CNE. Mas em 2009 que CNE seja o que esta e repugnante.

Nao entendo medo que a Frelimo tem de perder as eleicoes. Sera que va descobriram (Frelimo) que ja tem mais legitimidade?

Apoio que MDM trabalhe e trabalhe mesmo de dentro de aparelho de Estado para destronar a Frelimo. As coisas nao podem continuar assim.

Anónimo disse...

Ora aqui está uma oportunidade para que, no próximo Domingo, no seu Domingo, tenhamos o Coronel Vieira a vociferar contra "Alguma imprensa semanal ... a reboque da dita imprensa liberal ...", concluindo, para ser coerente: Negra !

Parabéns ao Moyana pela Verticalidade.
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AM

Anónimo disse...

Alguém duvida?

Reflectindo disse...

Para mim, a única independência da CNE, só é possível com participacão massiva nas eleicões, não consiguindo-se invalidar muitos votos que tornem o país de um único partido, por um lado. Por outro, é reduzindo a possibilidade de fraude por uma vigilância cerrada. Toda a fraude que passar, passa em benefício ao poder. A prova de toda essa gente nunca ser transparente é deixar impunes àqueles individuos apanhados a invalidar votos em Nacala-Porto.