Anda muito mundo urbano e péri-urbano preparando-se para as festas de Natal e fim-de-ano. É uma correria às compras, é uma discussão para muitos sobre os preços.
Mas, mais para uns, menos outros, as festas festarão. Será mais um bocado da vida na qual os sentidos serão libertos por inteiro em seu ritual catárquico, em seus carris de subversão plena das rotinas, dos desgostos, da chateza da vida. A emoção desforrar-se-á da razão. E 2009 será aquela ânsia moldada pelas diferenças sociais.
4 comentários:
Deslumbrada que sou pela vida venho partilhar um bocadinho da pequenez da alma de uma europeia em África (a minha, claro está). Permitam-me que conte duas histórias.
A primeira ocorreu no Tchumgamoio da Munhava onde eu, há dois dias, saltando para evitar o matope, procurava comprar alguma coisa, especialmente brinquedos. Havia centenas de pessoas no mercado, regateando roupas, brinquedos, ferramentas, "lojas" especializadas, desde o pronto a vestir até às ervas para os médicos tradicionais. Estas últimas provocaram em mim uma sensação de enorme curiosidade e respeito, apesar da minha tradicional desconfiança.
Acabei comprando roupas fantásticas para a minha filhota de quatro anos que felizmente nem imagina que na Europa isso seria quase imperdoável.
Hoje, pelo contrário, fui a uma loja muito na moda aqui na cidade.A sociedade de consumo vai alargando a sua área e também aqui hoje podemos passear pelo meio dos expositores e embebedar-nos com as cores, o design e o desejo de estar mais "in" porque acedemos a determinados bens. Mas, ainda mais interessante, quanto a mim, foi o facto de estar numa loja de muçulmanos onde se vendem produtos de decoração natalícios, onde a música de fundo era o Gingle Bells e onde muçulmanos rigorosos (havia mesmo uma cliente de burka) e cristãos com fé se cruzam na antecipação das festas.
Terminar as compras e desejar e receber "Boas Festas" de muçulmanos faz-me sentir o enorme prazer de ver África como a terra da tolerância, da convivência multi-religiosa. A Europa, na sua maioria, não sabe o que é isto.
Obrigado Moçambique.
Feliz Natal para todos.
Paula
Linda escrita, Paula.
Seu texto, Carlos, e o comentário de Paula se completam ! Meus cumprimentos aos dois!
Paulo/Brasil
Afinal ainda é preciso saltar matopes nos mercados da Beira? Pensei que Deviz Simango já tivesse resolvido esses problemas todos.
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