06 setembro 2008

Chalana - Almir Sater


Permitam-me que à chalana do Almir, eu junte um poema meu que também fala de um rio (o meu eterno Zambeze) e possui uma almadia:
quando o fumo da queimada exaurida
culima o céu protector
quando a última almadia empresta ao rio
a silhueta da sua fragilidade
quando os patos encostam ao longe
o perto da sua história misteriosa e esguia
quando o cheiro doce e quente das plantas fluviais
abraça o canavial túrgido do fim da tarde
quando a noite chega enfim
inteira e quente e cacimbada e ávida

eu deito os teus seios nos meus sentidos
e assim começamos mais uma noite de amor
neste palhotar doce de que apenas são cúmplices
os grilos e os pirilampos que nos protegem
Carlos Serra

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