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Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
31 julho 2008
Mando respondeu a Ilser
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Grupos criminosos na Nigéria, em Moçambique e na África do Sul
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Jacob Zuma será julgado próxima segunda-feira
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Nota: Zuma encontra-se neste momento em Moçambique em visita partidária. Confira aqui.
Tsvangirai: espero que Mugabe faça uma saída honrosa
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Observação: tenho sérias dúvidas de que Mugabe e a elite dominante no Zimbabwe façam qualquer tipo de "honrosa saída".
O poder é bom
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Observação: aqui está mais um sinal claro, que parece estender-se, mugabiano mas também bongoniano (Omar Bongo é presidente do Gabão há 41 anos), de como o poder monárquico é bom. Há fortes indicadores de que as democracias eleitorais estão a servir as almas monárquicas. E estas almas são como as tatuagens: não saem mais do nosso horizonte.
Força Mambas, mambemos agora!
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30 julho 2008
Zimbabwe: dez biliões de dólares passarão a um
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As mechas em Moçambique (2) (fim)
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E pronto, tal como tinha prometido, os meus estudantes deste ano começaram a organizar-se para pesquisar sobre as mechas.
Tenho, por hipótese, que as mechas são bem mais do que o sinete de um corpo modificado ao nível do couro cabeludo, do que uma janela para a alegria de um novo visual, do que o exercício de uma estética vibrante, do que um utensílio para a sedução. São, também, por um lado, um termómetro do social e uma válvula de escape feminina. Termómetro do social porque, nas longas horas que dura o arranjo do couro, as mulheres (são regra geral várias, reunidas por causa do ritual) passam em revista a vida da família, da comunidade, do bairro, as suas alegrias e as suas tristezas; válvula de escape, porque a mechação é um canal de afirmação, de marcação identitária, frequentemente de protesto contra a dominação masculina.
Em cada mecha anda uma história, em cada história habita uma alma, história e alma das nossas raparigas.
Mas vamos aguardar pelos trabalhos dos estudantes.
O que fazer a ladrões e feiticeiros: representações de alunos de Inhambane
Prosseguimos, ao nível da Unidade de Diagnóstico Social (UDS) do Centro de Estudos Africanos, o nosso trabalho de pesquisa da relação entre acusações de feitiçaria e linchamentos em zona rural. Uma das das coisas que temos feito é pedir aos alunos de escolas primárias que respondam a perguntas como estas: O que se deve fazer a um ladrão? O que se deve fazer a um feiticeiro? E quem é mais feiticeiro: o homem ou a mulher? Essas perguntas foram colocadas, por exemplo, a alunos de Inhambane e Homoíne. As respostas constantes nas imagens apresentam um padrão generalizado e, no caso da terceira pergunta, mesmo entre as raparigas. Clique duas vezes com o lado esquerdo do rato sobre as imagens para as ampliar. Entretanto, leia ou recorde aqui.
Nota: naturalmente que chegará um momento em que e e os meus colegas da UDS daremos a conhecer os resultados da pesquisa.
A paciência que é necessária!
Morreu Papa Wendo
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Morreu ontem em Kinshasa, no Congo, com 82 anos, vítima de doença prolongada, a estrela da rumba congolesa, Antoine Wendo Kolosoy, conhecido como Papa Wendo, aquele que levou o nome do seu país a todo o mundo. O seu último álbum saiu em 2003. Se quer ler em português, use este tradutor. Confira aqui. Paz à sua alma. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, por me ter enviado a referência.
Do poder político (5) (continua)
1. De que maneira posso conseguir que A, B, N, façam o que eu, Estado, quero que eles façam?
2. De que maneira eu, Estado, posso induzir condutas de forma permanente, sabendo bem que tenho de fazer face a resistências de vária índole?
Respostas:
1. Preciso empregar a força
2. Preciso empregar a persuasão
1. Preciso empregar a força
2. Preciso empregar a persuasão
Já vos falei um pouco na força.
Porém, todas as elites dominantes, gestoras de Estados, procuram sempre economizar na força e investir em sectores, em aparelhos capazes de produzir e de reproduzir a obediência e de diminuir o risco do protesto social. Não basta o bastão, importa também accionar o sedativo, o entorpecente. E aqui - ponto capital -, a questão na persuasão consiste em encontrar os mecanismos capazes de surtirem efeito a dois níveis:
1. Conversão dos interesses particulares ou privados em interesses universais, em interesses de todos
2. Investimento em áreas de diversão, de ludicidade, de entorpecimento da crítica
Porém, todas as elites dominantes, gestoras de Estados, procuram sempre economizar na força e investir em sectores, em aparelhos capazes de produzir e de reproduzir a obediência e de diminuir o risco do protesto social. Não basta o bastão, importa também accionar o sedativo, o entorpecente. E aqui - ponto capital -, a questão na persuasão consiste em encontrar os mecanismos capazes de surtirem efeito a dois níveis:
1. Conversão dos interesses particulares ou privados em interesses universais, em interesses de todos
2. Investimento em áreas de diversão, de ludicidade, de entorpecimento da crítica
Na busca de legitimidade, a elite dominante procura disfarçar os seus interesses particulares dando-lhes o cunho de interesses universais, gerais, partilhados por todos, por todos sentidos. Neste sentido, o Estado deve surgir não como algo que se imponha aos súbditos, como algo estrangeiro, mas como uma entidade sénior oriunda dos súbditos, o Estado também é súbito, ele é uma emanação legítima desses súbditos, ele é apenas um seu gestor. Pelos mais variados canais de comunicação, públicos e privados, ao nível da palavra escrita e falada, através dos seus intelectuais orgânicos, a elite dominante passa uma mensagem com dois níveis:
1. Está ao serviço de todos os cidadãos e do seu bem-estar
2. Cada cidadão deve contribuir para o interesse geral
29 julho 2008
Do poder dos universitários (6) (continua)
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Não importa em que área do saber científico, as universidades são templos profanos nos quais três fenómenos são profundamente produzidos e reproduzidos:
1. Regras de pesquisa e de exposição dos resultados
2. Combates pela aprimoração e pelo monopólio da verdade científica
3. Colecção de insígnias e de rituais destinados a manter e a demarcar a verdade dos cardeais do saber científico.
1. Regras de pesquisa e de exposição dos resultados
2. Combates pela aprimoração e pelo monopólio da verdade científica
3. Colecção de insígnias e de rituais destinados a manter e a demarcar a verdade dos cardeais do saber científico.
Deixei algumas notas para os pontos 1 e 2.
Vamos agora ao ponto 3.
O mundo universitário é verdadeiramente um mundo de rituais - dos professores aos estudantes iniciados em sucessivos momentos de progressão na maturidade científica -, rituais que, a cada momento, têm por função assinalar a gesta daqueles que, em seus laboratórios, gabinetes e trabalhos de campo, têm por função produzir e disciplinar o conhecimento científico.
Já vos falei das regras de escrita e apresentação de resultados, por exemplo.
Mas o mundo universitário é, também, um mundo de reajuste corporal, de reorganização corporal, de divinização profana. Na verdade, não é qualquer corpo que frequenta a universidade: é um corpo produtor de saber especializado, destacado das massas do senso comum, um corpo da aristocracia do saber, divorciado da produção diária dos meios de produção comezinhos.
Por isso sofre uma grande transformação. Pense-se nas togas e nas becas, no andar majestoso, no falar pausado e cardinalício, nas cerimónias de graduação, nas defesas de tese, nas orações de sapiência, etc.
26 albinos mortos na Tanzania
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Observação: seria curioso saber se existe alguma relação entre intranquilidade social e busca de bodes expiatórios em grupos específicos, de alteridade acentuada.
Suspensas negocições ZANU/MDC
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Mais um sequestro na cidade de Maputo
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A guerra das mudanças de domicílio político
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Epílogo da relação Ilser/Mando
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Do poder
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De novo no Brasil
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28 julho 2008
As psicoses da Inhaca
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Entretanto, sugiro que passe os olhos por um notícia de 2007 na qual se fala das doenças mentais em Moçambique.
Pergunta: quer o leitor comentar a notícia?
Pergunta: quer o leitor comentar a notícia?
Zimbabwe e Congo
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Botswana: novo governo a formar-se no Zimbabwe é uma resolução, não uma solução
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27 julho 2008
BOBs2008: pedido de apoio aos leitores
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Botswana preocupado com influxo de Zimbabweanos
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Observação: aqui está uma situação que merece a devida atenção, dado que pode surgir no Botswana uma situação de propensão à xenofobia. Recorde aqui.
Ensino multilingue: as perguntas de Olívia
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Tou pidir
Os abandonados do Zimpeto
Na edição online de O País: "Os residentes do Zimpeto acusam o gabinete de nada fazer para a reposição das suas casas, e de ser um gabinete de oportunistas. Volvidos mais de 15 meses após as explosões do paiol de Mahlazine ainda existem famílias que vivem em situações precárias e de vulnerabilidade. Pelo menos no bairro do Zimpeto, os residentes continuam a albergar-se em casas que sofreram danos provocados pelas explosões. Na verdade, as explosões criaram rachas nas paredes das casas, destruíram coberturas, janelas, deixando os habitantes deste bairro expostos a todo tipo de intempéries."
Recorde aqui algo sobre as explosões de Malhazine.
Para reflectir
Vem na última página do semanário "Domingo" de hoje. O trabalho refere a perda dos "valores da solidariedade humana, sem o mínimo respeito pela dor alheia". Aqui está um tema vital. Como vital é esta pergunta: qual a razão ou quais as razões desse eclipse da solidariedade humana? E, já agora: são humanas as razões desse eclipse? Clique duas vezes com o lado esquerdo do rato na imagem para a ampliar.
The Sunday Times: Mbeki insta Mugabe a render-se para evitar perseguição por crimes
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A notícia já corre por inúmeros websites da internet, divulgada primeiro pelo The Sunday Times: o presidente sul-africano, Thabo Mbeki (à esquerda na foto), mediador das negociações tendentes à formação de um governo de coligação no Zimbabwe, terá advertido Robert Mugabe (à direita na foto) de que enfrentaria uma perseguição por crimes cometidos durante os seus 28 anos de governo caso não aceitasse um acordo de cedência efectiva de poder. O contestado líder zimbabweano ficaria apenas como presidente nominal num gabinete de 20 pastas gerido por Morgan Tsvangirai como primeiro-ministro, com 11 para o MDC e nove para a ZANU-PF. O presidente Mbeki terá dito a Mugabe que não poderia continuar a protegê-lo. Confira aqui. Se quer ler em português, use este tradutor.
26 julho 2008
Love me tender (1968)
é justamente quando não estou contigo
que me sinto estar mais contigo sabes?
porque quando estou contigo estou contigo
(isso tem a simplicidade da sensatez)
mas quando não estou contigo
sei que necessito absolutamente estar contigo
(e isso tem a sensatez da vertigem)
por isso sou este pêndulo tenso e voraz
que oscila entre estar contigo
e não estar contigo para estar contigo
o amor é um rio sabias?
quanto mais estamos onde ele desagua
mais queremos estar onde ele nasce
por isso o amor é essa dialéctica sem fim
esta tensão que visto com as palavras
estas palavras que te fazem rio
este rio que te faz nascente
Carlos Serra
Polinésia + safári + língua portuguesa = Moçambique
A cabeça e o jeitinho do Moçambicano (2) (fim)
Eis o término desta curta série.
O antropólogo brasileiro Roberto DaMatta estabeleceu a tese de que o Brasil era um país hierárquico, "no qual a posição e a origem social são fundamentais para definir o que se pode e o que não se pode fazer; para saber se a pessoa está acima da lei ou se terá de cumpri-la. É assim que a herança escravista se manifesta no Brasil: os brasileiros lidam mal com a igualdade. Da Matta imortalizou a expressão "você sabe com quem está falando?", como o símbolo maior do carácter hierarárquico da nossa sociedade" (da introdução ao livro de Alberto Carlos Almeida, citado no primeiro número desta série).
Ora, o sociólogo Almeida decidiu verificar se DaMatta tinha razão, através de uma extensa pesquisa empírica no seu país, com amostra probabilística.
A conclusão é a seguinte: o Brasil está dividido entre o arcaico e o moderno. De facto, DaMatta tinha razão no que concerne ao Brasil arcaico: este Brasil "é hierárquico, familista, patrimonialista e aprova tanto o "jeitinho" quanto um amplo leque de comportamentos similares" (a favor da lei de talião - linchamentos, por exemplo -, contra o liberalismo sexual, a favor de maior intervenção do Estado na economia, a favor da censura, com crença fatalista no destino, etc.). Porém, o Brasil moderno, o Brasil escolarizado, com maior formação académica, é diferente, é exactamente o oposto do Brasil arcaico, os Brasileiros modernos são os da "mentalidade democrática".
Por outras palavras: quanto menos escolarizado for o Brasileiro, mais ele aceita a quebra da lei, mais ele é a favor do "jeitinho" (o nosso cunhadismo, o nosso esquema). Quanto mais escolarizado, menos adepto da corrupção é, menos aceita os linchamentos, a hierarquia, o fatalismo, etc.
Ora, aqui está uma área temática fascinante. Estará alguém interessado em fazer um estudo similar no nosso país? Uma pergunta jeitosa: poder-se-ia chegar à conclusão de que em Moçambique uma maior escolarização corresponde, de facto, a um menor grau de corrupção? Enfim: como é a variada cabeça do Moçambicano? Como é o seu jeitinho?
Nota: chamo a atenção para as críticas ao livro colocadas no primeiro número desta série.
Sonho real: casas de luxo e hotel de cinco estrelas
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Do Lhanguene aos Namorados
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25 julho 2008
sou filho dos rios
vou contar-te o que não sei
vou dizer-te o que não senti
vou propor-te o que não pensei
vou dar-te o que não tenho
assim começa uma bela história
que nunca ouvi embora tenha ouvido
no dia em que conheci os melambes
filhos doceácidos dos embondeiros
lá pelas savanas sem fim
essas doces mães das rolas
carregava o rio o seu destino lentolíquido
vê tu agora como tropeço canhestro
em todas estas néscias palavras
em todo este bulício disfarçador
quando afinal o que apenas desejo
é nascer-te logo que a madrugada
estiver encostada aos teus seios
e os teus sentidos em riste
forem rigorosamente apenas
a natureza sem capulana
e isto porque hoje dei que o rio
corre de novo no leito do meu futuro
(qualquer rio, sou filho dos rios)
Carlos Serra
A "hora do fecho" do "Savana"
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* Gás e telemóveis parecem ser uma combinação particularmente explosiva. Para os lados de Pande estão em curso testes e abertura de novos furos de gás. Como as perfurações são perto da estrada e se mantém uma labareda piloto na perfuração, telemóveis-automobilistas logo fizeram chegar célere a notícia à capital. Há fogo em Pande, à semelhança do que aconteceu nos anos 70, quando o clarão podia mesmo ser visto na cidade da Beira.
* No badalado caso do rapto da moçambicana de origem holandesa, parece estar-se perante o perfil de um malandrim de tipo novo. Mesmo à hora do fecho, apurámos que Mauro Gibrail Gulamo, o alegado líder do gang que sequestrou Nicoline Matos, é conhecido no bairro e pelos seus amigos como uma pessoa muito comedida e não se lhe conhecem vícios. Quando bebe, não exagera. Tem um “Pajero”, uma casa, ainda em construção, de quatro pisos no bairro Triunfo, num terreno 30x50m, ao lado da discoteca “Tara”, perto do complexo das “Testemunhas de Jeová”. Nunca se envolveu em actos de violência e tinha fama de medroso.
Fez todo o ensino pré-universitário em escolas privadas da capital, o colégio Nhamunda e o Kitabu, até ingressar na UEM em 2002.
Ainda adolescente, teve uma mota de quatro rodas. Logo após completar 18 anos, teve o seu primeiro carro.
Também tem um cão, e não se lhe conhecem namoradas. Nunca foi dado à prática de desporto, salvo como acompanhante de amigos desportistas. Ocasionalmente participou em peladinhas de praia e, nos últimos dois anos, começou a fazer pesos.
Antes do sequestro, consta que procurou alguns indivíduos que já estiveram a contas com a polícia, alegadamente por causa de pequenos roubos. Tem uma frota de táxis, três, que opera na zona adjacente ao Hotel VIP.
A notícia do seu envolvimento no rapto divide opiniões no bairro. Há quem jura que é um arranjo que visa desacreditar a mãe - uma jurista empregada nas Alfândegas - e outros que acreditam que o facto de nunca lhe ter faltado nada é a causa. “Não sabe o que é fome, logo só pode pensar porcarias”, dizem em surdina algumas “mamanas” da zona, ao mesmo tempo que dizem, também, que pode relacionar-se com o facto de, segundo as más línguas, os pais estarem separados.
Não é verdade que tenha viajado para o Japão e para a China. Também dizem que o que alertou os pais foi o facto de terem gasto três mil dólares, numa assentada, no fim-de-semana a seguir ao rapto, na badalada discoteca Coconuts.
Em voz baixa
* A maçaroca quer a todo o custo tocar o batuque no Chiveve. As perdizes andam em polvorosa e já começaram a gritar fraude fora da época. Perante mais esta ofensiva, mano Deviz continua sereno.
* No badalado caso do rapto da moçambicana de origem holandesa, parece estar-se perante o perfil de um malandrim de tipo novo. Mesmo à hora do fecho, apurámos que Mauro Gibrail Gulamo, o alegado líder do gang que sequestrou Nicoline Matos, é conhecido no bairro e pelos seus amigos como uma pessoa muito comedida e não se lhe conhecem vícios. Quando bebe, não exagera. Tem um “Pajero”, uma casa, ainda em construção, de quatro pisos no bairro Triunfo, num terreno 30x50m, ao lado da discoteca “Tara”, perto do complexo das “Testemunhas de Jeová”. Nunca se envolveu em actos de violência e tinha fama de medroso.
Fez todo o ensino pré-universitário em escolas privadas da capital, o colégio Nhamunda e o Kitabu, até ingressar na UEM em 2002.
Ainda adolescente, teve uma mota de quatro rodas. Logo após completar 18 anos, teve o seu primeiro carro.
Também tem um cão, e não se lhe conhecem namoradas. Nunca foi dado à prática de desporto, salvo como acompanhante de amigos desportistas. Ocasionalmente participou em peladinhas de praia e, nos últimos dois anos, começou a fazer pesos.
Antes do sequestro, consta que procurou alguns indivíduos que já estiveram a contas com a polícia, alegadamente por causa de pequenos roubos. Tem uma frota de táxis, três, que opera na zona adjacente ao Hotel VIP.
A notícia do seu envolvimento no rapto divide opiniões no bairro. Há quem jura que é um arranjo que visa desacreditar a mãe - uma jurista empregada nas Alfândegas - e outros que acreditam que o facto de nunca lhe ter faltado nada é a causa. “Não sabe o que é fome, logo só pode pensar porcarias”, dizem em surdina algumas “mamanas” da zona, ao mesmo tempo que dizem, também, que pode relacionar-se com o facto de, segundo as más línguas, os pais estarem separados.
Não é verdade que tenha viajado para o Japão e para a China. Também dizem que o que alertou os pais foi o facto de terem gasto três mil dólares, numa assentada, no fim-de-semana a seguir ao rapto, na badalada discoteca Coconuts.
Em voz baixa
* A maçaroca quer a todo o custo tocar o batuque no Chiveve. As perdizes andam em polvorosa e já começaram a gritar fraude fora da época. Perante mais esta ofensiva, mano Deviz continua sereno.
854 milhões com fome e 1,6 mil milhões com peso a mais
"Há 854 milhões de pessoas subnutridas em todo o mundo, mas o reverso da medalha é já o dobro do número de pessoas com fome. Dados de 2005 mostram que 1,6 mil milhões de adultos têm peso a mais e 400 milhões são mesmo obesos, números que deverão aumentar em 33 por cento, segundo previsões da FAO. (...) Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) mostram que os casos de fome estão sobretudo localizados em países pobres, já o excesso de peso acontece nas zonas urbanas de países ricos ou pobres."
Cartoon de Luís Afonso publiado em Pública, minha colecção.
Do poder político (4) (continua)
Série sobre o quê? Sobre o poder político. A maior parte de nós esforça-se no sentido de dignificar, de melhorar esse poder, de o tornar domesticado. O problema, porém, é saber qual é o seu êmbolo, êmbolo que nunca é domesticável para mais samaritanas que sejam as nossas intenções.
Escrevi já que era indispensável colocar estas duas perguntas:
1. De que maneira posso conseguir que A, B, N, façam o que eu, Estado, quero que eles façam?
2. De que maneira eu, Estado, posso induzir condutas de forma permanente, sabendo bem que tenho de fazer face a resistências de vária índole?
Escrevi já que era indispensável colocar estas duas perguntas:
1. De que maneira posso conseguir que A, B, N, façam o que eu, Estado, quero que eles façam?
2. De que maneira eu, Estado, posso induzir condutas de forma permanente, sabendo bem que tenho de fazer face a resistências de vária índole?
E acrescentei o seguinte: se essas perguntas políticas forem justas, então creio ser sensato responder que é possível dar duas respostas, a saber:
1. Preciso empregar a força
2. Preciso empregar a persuasão
Falei-vos um pouco sobre a força. Não é força em si, força sem sentido, é força política, força destinada a domar e a prevenir a contestação, é força lógica mesmo quando ilógica.
Todavia, todos os regimes procuram sempre economizar na força e investir em sectores, em aparelhos capazes de produzir e de reproduzir a obediência e de diminuir o risco do protesto social. E aqui - ponto capital, ponto fulcral -, a questão na persuasão consiste em encontrar os mecanismos capazes de surtirem efeito a dois níveis:
1. Conversão dos interesses particulares ou privados em interesses universais, em interesses de todos
2. Investimento em áreas de diversão, de ludicidade, de entorpecimento da crítica
Do poder dos universitários (5) (continua)
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Não importa em que área do saber científico, as universidades são templos profanos nos quais três fenómenos são profundamente produzidos e reproduzidos:
1. Regras de pesquisa e de exposição dos resultados
2. Combates pela aprimoração e pelo monopólio da verdade científica
3. Colecção de insígnias e de rituais destinados a manter e a demarcar a verdade dos cardeais do saber científico
Falei-vos um pouco do ponto 1.
Vamos agora ao ponto 2.
Na verdade, o que está em jogo é a verdade - a verdade profana, vitoriosa, empírica, replicável -, seja nas ciências duras (com os seus eixos na matemática, na física e na química), seja nas ciências moles (ciências sociais e humanidades).
Nas ciências duras, a busca da verdade é, quase sempre, acompanhada pela produção de algo que modifica a nossa vida. Pensem no celular, por exemplo, produto da tecnologia, produto da matemática e da física. Mas mais: as lutas de paradigmas não impedem que o celular seja universalmente aceite e tenha aplicabilidade social, sejam quais forem os seus modelos.
Nas ciências moles, a situação é distinta: as relações sociais não se tornaram mais justas, não foi ainda possível criar um ser humano diferente, mais solidário, mais ser humano, apesar da multiplicidade espantosa de trabalhos de pesquisa, designadamente em psicologia e sociologia. As intensas lutas de paradigmas não deram ainda origem a algo que seja socialmente diferente e para melhor. Nenhuma lei mudou o comportamento humano nesse sentido. Mais: a uniformidade nas regras e nos modelos de pesquisa, não converge sobre um modelo unívoco de interpretação e de resolução sociais. Por hipótese, quanto mais avançam as ciências duras, mais regridem as moles, apesar de todo o seu imenso aparato institucional e do esforço para estudar, classificar e mudar o comportamento social.
Em qualquer dos casos, a luta pela verdade científica (a luta sagrada por algo acima ou fora do chamado senso comum, do senso popular, das verdadezinhas comestíveis de rua) é permanente a todos os níveis. São lutas de templos, de capelas temáticas, de laboratórios, de oficiantes, de sacerdotes, de personalidades, de recursos de autoridade, de bíblias seculares, de textos sagrados dos sábiossauros, de textos malditos, de santas inquisições, de rituais severos de ascenção e avaliação, de prémios e de castigos, de infernos e de paraísos. Muito raramente ou muito dificilmente sabemos o que se passa nos subterrâneos pessoais dum laboratório, dum gabinete, dum trabalho de campo, dos bastidores dos seminários. O que aflora é, regra geral, o produto final - o artigo, o livro, as actas -, não a luta por baixo que até ele conduz, não a competição, não as quantas vezes terríveis disputas de poder, vaidade e ciúme.
Só faltava esta!
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Alguém me pode dizer se está a ter o mesmo problema? Como interpretar tão anómala situação? Algum leitor técnico de informática sabe explicar o que aparentemente se passa? E o que aparentemente se passa passa-se realmente?
Machirica e o combate à fome
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24 julho 2008
Salut d'amour com Joanna
savano-me para que me saibas lonjura
oceano-me para que me saibas em cada onda
doisponto-me para que me saibas parágrafo
virgulo-me para que me saibas sem ponto final
por isso hoje inventei o três:
o um para ti
o dois para mim
o três tu-eu para o futuro
Carlos Serra
É moçambicana a primeiro bispo de África
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Parabéns, bispo Joaquina!
Observação: devo confessar que me custa escrever "bispo Joaquina", tão temporalmente androcêntrico é o título.
Capa do "Savana"
Lara Tilson e o corpo feminino (2) (fim)
Carlos Serra: qual a razão do termo "intimidades"?
Lara Tilson: uso o nu feminino para transmitir o que sinto, quer seja felicidade, tristeza, revolta, excitação, raiva, ou para transmitir a minha intimidade.
Carlos Serra: frequenta muitos blogues do género do seu ou afins? Por quê?
Lara Tilson: sim, frequento páginas de fotógrafos do nu feminino, primeiro porque é um género de fotografia que adoro e estou eu própria a experimentar o género, estou a aprender a tirar fotografias do nu feminino para um dia poder ter um blog só com fotos feitas por mim.
Carlos Serra: existe alguma diferença entre decorar um corpo feminino e decorar o interior de uma casa?
Lara Tilson: como da noite para o dia. Decorar uma casa é pegar num espaço vazio entre 4 paredes e torná-lo bonito, alteramos o espaço completamente para que não tenha quase nada a ver com a forma vazia original e se torne cheio, acolhedor e bonito. O corpo feminino é lindo na sua forma nua e não decorada, a necessidade da decoração do corpo feminino nasce do facto de, por convenção social, taboo, moralismo e outras razões, não o podemos mostrar na sua beleza pura e total, por isso temos de o decorar para com isso tentar mostrar a quem nos vê a beleza que existe debaixo de tanta decoração. A decoração do corpo feminino é usada para tentar fazer as outras pessoas adivinharem a beleza do seu estado natural.
Carlos Serra: em termos docemente nus: acha que é bonita?
Lara Tilson: sim - e desculpem a falta de modéstia -, em termos docemente nus sou muito bonita.
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