29 setembro 2006

Moscovo

Moscovo, Moskova, Москово. Aquele gigantismo, o cheiro a gasolina a chumbo, as praças enormes parecem saltar o horizonte. O metro, toda aquela gente apressada, com gorros, casacões, as paragens, as estações sempre com baixos relevos pesados. Viajo como se estivesse dentro de Tolstoi. Não, Dostoievsky. Saio, perco-me, ninguém sabe português, francês ou inglês. Para onde ir? E o meu russo é deploravelmente franciscano. A tristeza num andamento de Prokoviev, o frio cerrado.
Exterior da estação. Aqueles prédios cinzentos, frios, estalinistas.
Eu sou do país do Sol e falta-me aqui o Índico.
E chega-se-me logo um russo enorme, ar de negociante, sorriso cúmplice: Товарищ, Вы хотите девочку? (Camarada, quer uma rapariga?).
Onde está o sol?

3 comentários:

Anónimo disse...

Sempre a máquina fotográfica impressionante.
Lara

Anónimo disse...

Que deliciosas descrições. Revi-me em Oslo (onde a "desordem se suicidiou"), em Maputo (onde soluções criativas se conjugam com outras menos felizes) e Moscovo (aqui senti-me em S.Petersburgo. Dostoievsky! e lembrei-me dos filmes de Andrei Tarkovsky, de Vitali Kanevsky... dava uma longa história). De um extraordinário poder de observação. Como citava Saramago em Ensaio sobre a cegueira: "Se podes olhar vê. Se consegues ver repara". Fico a aguardar por outras cidades. Um abraço, João Feijó

Carlos Serra disse...

Obrigado, João. Bem tentei das duas vezes que fui a Moscovo visitar S.Petersburgo, mas não foi possível. Acho que vou aproveitar a citação de Saramago, é demasiado bela para a perder. Volte sempre.