Existe uma coisa deliciosa, confortável. Chama-se natureza humana. Todos a partilhamos. E, frequentemente, os seus maiores admiradores são os chamados cientistas sociais. Em muito do que escrevem tocam uma partitura igual à que se segue:
-Meu, sabes o que é natureza humana?
-Claro que sei. Somos nós.
-Nós quem?
-Nós, os seres humanos.
-E como sabes que somos nós?
-Porque somos a natureza humana.
-E que provas tens de que as coisas são assim?
-Por que somos a natureza humana eterna, somos o que todos sabem. Para quê falar sobre uma coisa tão óbvia?
-E os habitantes da Sommerchield têm a mesma natureza humana que os do Xipamanine?
-Claro, não somos todos humanos?
-E em que é que nos distinguimos por exemplo das alforrecas? Estas também sentem, pensam, agem. Se não o fizessem, morriam.
-Estás enganado, que crime o que dizes! Nós pensamos as alforrecas, elas não nos pensam.
-Ah sim? E que mais?
-É natureza humana e prontos.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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