Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
30 setembro 2006
Tete
Tete, mitete. Regresso às origens. Chingodzi, desço do avião, apalpo com os olhos todo aquele imenso e calmo mar de embondeiros. Uma planície sem árvores rasteiras, o calor embrulha-me, Matundo. Localizo o velho rochedo onde habita Tsato, a gibóia mítica. O casario visto da ponte, abraçado ao Cuama dos livros, o Zambeze, cumprimento os espíritos manhungué do rio. A cidade, as ruas largas, um presente buliçoso preso à história dos mutapas do Chioco e dos muzungos de terras e de guerras do Zumbo e do Massangano. O passado regressado nos escombros do velho prédio do Carletis, do casarão tombado de Vieira o "chicauira". Sonho as maçanicas enquanto como pende encostado ao Zambeze, lá onde na minha infância a velha canhoneira chegava resfolegando vinda do Chinde, carregada dos lanhos que eu sempre guardei nos sonhos. Miro a ilha de Canhimbe à esquerda. À direita, longe, orgulhoso, o pico da Caroeira. Quem se lembra que alguém um dia ali houve um botequim onde um homem creio que careca servia galinha assada no carvão e cerveja gelada pela frescura da noite e onde nas fraldas de micaia, por madrugadas sem fim, os macacos-cães esperavam que o leopardo saísse da toca? Adormeço num quarto da Univendas.
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3 comentários:
Que paisagem exótica descreves Sr.Prof.Nunca imaginei que meu olhar para África fosse um dia tema de poema,por tanto ler teus escritos hj já me vejo em Zambeze,ouço as vozes dos espíritos
manhunguê em forma de vento,e até arrisco em querer nas madrugadas sem fim juntar-me aos macacos-cães esperando o leopardo sair da toca.Adormeço... protegida por uma fortaleza.(Tenho medo de leopardos).
Adormecer aos sons dos batuques la ao longe, dos barulhos dos insectos nocturnos, sonhamdo com aquele por do sol unico do mundo-O Por do sol de Tete- recortado pela sombra dum embomdeiro com seus ramos erguidos como braços elevados, agradecendo aos ceús mais um dia passado.
Irá nascer o sol as 05h00, o dia ira acordar para se ver tanto do que se deixou para tras, e a cidade estará no mesmo sitio como a desejar-nos um bom regresso.!
Tete a cidade da minha vida!!!!
A nossa Tete.
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