21 março 2009

48 pessoas numa cela de 8m2

A procuradoria provincial de Nampula ordenou a prisão preventiva do ex-comandante distrital da polícia em Mongincual, do chefe da PIC e do oficial de serviço na noite em que morreram de asfixia 12 pessoas que estavam num grupo de 48 detidos numa cela com quatro metros de cumprimentos e dois de largo. E, já agora, leiam a crónica do Pedro Nacuo de hoje, que versa, por exemplo, sobre as detenções e ordens ilegais a propósito do boato da cólera e do encarceramento numa cela transitória em Mongincual, referindo o facto de o novo comandante de Mongincual ter estado envolvido no caso de Montepuez - do qual, segundo Nacuo, este caso de Mongincual foi tirado a papel químico.
Comentário 1: repare-se em quanto desânimo transparece do texto de Pedro Nacuo.

25 comentários:

umBhalane disse...

4 x 2 = 8 m2

8 m2 : 48 = 0,17 m2/pessoa

Para se ter a noção real, dividam 1 m2 em 6 partes iguais, e vão encontrar o espaço que cada uma das vítimas teve ao seu dispôr.

Não preciso comentar mais nada.

Mas façam isso.

Carlos Serra disse...

Um horror tudo isto.

Carlos Serra disse...

Decidi escrever textualmente 8m2 no título...

Ivone Soares disse...

Também escrevi algo sobre o caso ontem. É sem dúvida «plágio» do caso Montepuez. Prender 3 indivíduos não é suficiente para parar com esta forma de assassinato.

Jonathan McCharty disse...

1) Para completar os "calculos" do Umbhalane, estava disponivel para cada recluso, uma area de 0,41x0,41 m2. Se o pe' de um adulto anda a volta de 30cm, quer dizer que a "folga" existente "no chao" devia ser de aproximadamente 5cm para cada lado do recluso. Portanto, nao era possivel se sentar no chao e havia consciencia das autoridades prisionais que, os reclusos teriam que ficar de pe', toda a noite!

2) Se a largura ombro-a-ombro de um adulto e' de 50~55cm, entao esses individuos estavam "comprimidos" em pelo menos 5cm de cada lado, devido a indisponibilidade de espaco!
Consequencia directa: compressao da caixa toraxica e exacerbacao das dificuldades respiratorias, aliadas a ja' mencionada, "falta de ventilacao" da cela!

3) Se isto nao e' um crime premeditado, cujas consequencias eram previsiveis, entao, e' verdade que o Estado desta nacao e' bom!

Carlos Serra disse...

Que horror!

aminhavozz disse...

As autoridades deviam aparecer a pedir desculpas e não a 'anunciar compensações'. O que é que se passa neste país? Os ministros não foram ensinados a reconhecerem as falhas do seu sistema?

Reflectindo disse...

Eu tive a dificuldade de dormir esta noite. E tive que me recordar do que aconteceu ainda nos finais de Fevereiro em Chipene, distrito de Memba.

Há muita coisa que acontece lá nas zonas longe da capital.

Anónimo disse...

Professor,

Esse bando que esta no poder, ja vem cometendo crimes contra Mocambique e Humanidade ha aproximadamente 40 anos.

esse bando nao se chama FRELIMO, FRELIMO era Eduardo Mondalane, Uria Simango, Samora Machel, Afonso Dlakama, etc.

Esse bando, matou-os todos! so escapou Afonso Dlakama, que ja declararam querer acabar com a RENAMO, depois sera vez de Dlakama...esse bando mata POVO! apoderou-se do GOVERNO, Matou Carlos Cardoso, Matou Siba Siba, vai continuar a matar.Nao tem raca nem cor, so mata quem nao da dinheiro.e nem se chama FRELIMO.

Esse bando nao vai deixar se apanhar. esse bando ate ja roubou a propria FRELIMO. eles nao sao da FRELIMO, eles nunca foram da FRELIMO.

MZ

Tomás Queface disse...

Pedir desculpas? Isso não é suficiente. Deve sim é criar condições para que esta barbaridade não venha a repetir-se. E veja só: quantas são as cadeias que se encontram em semelhantes condições, ou bem ainda piores?

Tomás Queface disse...

Se não fosse a Blogosfera estávamos todos lixados. Isto porque a verdade do que se passa no nosso país nunca temos a oportunidade de ver ou ouvir nas nossas rádios ou televisões. Muitos de nós ouviram no início deste mês zunzuns acerca de um relatório dos estados unidos. Mas quase todos não puderam ver tal relatório. Pessoas lançavam críticas ao departamento americano que realizou este relatório afirmando que não tem autonomia para fazer isto, uma vez que eles, não respeitam os direitos humanos. Mas eu digo, e vocês sabem muito bem que vê melhor quem está do outro lado de fora. E chamo atenção de todos para verem e lerem com os próprios olhos o RELATÓRIO DE DIREITOS HUMANOS em MOÇAMBIQUE no ano de 2008. Apenas um click e vejam as verdades das verdades http://portuguese.maputo.usembassy.gov/relatorio_dos_direitos_humanos_-_2008.html

Anónimo disse...

EXTRAÍDO, COM A DVIDA VÉNIA DO CANAL DE MOÇAMBIQUE.

É CASO PARA DIZER QUE A FEELIMO NUNCA FOI, NEM SERÁ, DEMOCRATA.NÃO SABEM JOGAR LIMPO.

"Mal-estar reinstala-se entre os funcionários das empresas públicas e do Estado

Cada parcela da Beira está a ser disputada pelos “colossos” do cenário político nacional. Enquanto a Frelimo tem campo aberto nas repartições estatais e empresas públicas, onde na semana transacta a palavra de ordem do secretariado provincial do “batuque e maçaroca” foi a revitalização das células do partido nas Telecomunicações de Moçambique e Emose, os outros partidos só o podem fazer clandestinamente.
O «Canal de Moçambique» apurou, que tal discrepância está a alimentar um certo mal-estar entre os funcionários das repartições do Estado e empresas públicas. Queixam-se em surdina de na campanha da Frelimo terem sido obrigados a filiarem-se no “n’goma e maçaroca’ e a participarem em actividades partidárias, que consiste fundamentalmente em converter trabalhadores em novos membros da Frelimo nas instituições locais e ao nível distrital.
Na Emose por exemplo em pleno dia laboral houve uma reunião que iniciou às 7h30 da manhã e se prolongou até às 18h.
O Canal de Moçambique apurou junto de alguns funcionários públicos das empresas retro-mencionadas que os trabalhadores no geral estão insatisfeitos por estarem a ser sujeitos a se tornarem membros da Frelimo, sem que tal seja a sua convicção. Uns condenam o facto de estarem a ser compulsivamente obrigados a filiarem-se. Outros afirmam que “para evitar ondas”, irão se inscrever na Frelimo, mas aquando das eleições Gerais e provinciais deste ano logo verão em quem confiar o seu voto. “Para a Frelimo quem não está com ela está contra, logo a saída é inscrever-se para que não perca o meu estatuto de funcionário público e nesta condição possa exercer o meu dever cívico sem que seja desconfiado. O que está em causa é o pão e é preciso actuar com prudência para não ser alvejado”. Assim desabafa um trabalhador do Estado que falou-nos na condição de anonimato.
Refira-se que a Frelimo tem pelo menos 52 mil membros na cidade da Beira. "

(Adelino Timóteo)

Unknown disse...

É simplismente lamentável a situação pelo menos do direito a vida neste País! se não es fusilado es asfixiado se isso não acontece então na ausência do formal sobre alçada do real toma conta Linchando até inocentes. e nós! ficamos apenas a sugerir compreensão interpretativa dos factos e deixar de lado a própria avaliação do formal com relação ao real. a superlotação das cadeias por falhas do próprio sistema é uma questão nacional só tinha que encontrar forma de vir ao de cima. abraço

Laude Guiry disse...

Eu admiro muitos dos que aqui escrevem, e espero que me vejam dissipado de cores partidarias. Porem, eu sinto o cheiro aqui daquilo que podem vir a ser lamentaveis eleicoes ... eleicoes negativas ... vejo acusacoes da Frelimo para a oposicao (ou as oposicoes), das oposicoes para a Frelimo, dos independentes para a Frelimo e vice versa.

Esta nao deve ser uma eleicao negativa, nao deve ser na base de insultos, acusacoes, apontar de dedos ou whatever ... esta deve ser uma eleicao prospera, em que olha-mo-nos como irmaos Mocambicanos prestes a cumprir com um dever civico ... o de escolher dirigentes em que acreditamos e negar aqueles em que nao acreditamos.

Nao vamos pegar em actos barbaros como este eh dar cores partidarias ... vamos lamentar todos juntos ... chorar e encontrar solucoes Mocambicanas, nao Frelimistas, MDMistas ou Renamistas ... Sejamos Mocambicanos antes de qualquer coisa

Anónimo disse...

Num comunicado divulgado hoje em Maputo, a delegação da Comissão da Europeia "deplora as mortes e insta as autoridades moçambicanas competentes a assegurar que haja uma investigação compreensiva, transparente e completa de modo a levar os culpados de quaisquer crimes à barra da justiça".

"A Presidência da UE comunicou as suas preocupações sobre os acontecimentos em Mogincual ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação", refere a nota de imprensa da Comissão Europeia em Maputo. A Comissão considera "urgente" a busca de uma solução para a superlotação das prisões e celas da polícia moçambicanas.

umBhalane disse...

Eh, eh, eh,...

A hipocrisia não tem limites...

A seguir vão dar umas centenas de milhões de euros de apoio a qualquer coisa...

que não vai se ver!

A LUTA CONTINUA.

Reflectindo disse...

Se for isso para dizer, que o o governo não seja o culpado da barbaridade em Mogincual discordo. E de quem é esse governo? Quem está no poder?

Temos que dar nome aos bois, senão somos todos "slimies". E isso é falsidade.



Ora vejamos, os "primeiros" pronunciamentos a politizar a crenca popular veio do chefe da bancada da Frelimo e do administrador de Angoche. As afirmacões do Secretário Permanente de Nampula também dizem algo de politizacão. Qual é a consequência disto?



As informacões dadas pela imprensa e não menos da imprensa pública, dá-nos entender que alguns dos reclusos foram detidos quando foram encontrados fora pela polícia às 23 horas. E pergunto declarou-se Estado de Imergência em Mogincual? E não é grave aquilo que o comandante-geral da PRM afirmou ontem de que as detencões foram legais. Detencão de todas as 48 pessoas é legal?



Há os que falam de aproveitamento político, mas há quem possa me dizer em que país democrático a oposicão não denunciaria esta barbaridade? Será que se a oposicão não o fizesse valia pena tê-la? Uma oposicão serve para escamotear os factos ou denunciá-los? Olhemos para o mundo democrático para podermos obter a resposta.



Entendo que o partido no poder está com cagufas e está consciente que este tipo de barbaridade favorece aos outros partidos. Mas quem é o culpado pela accão? Quem lhe obrigou a constituir célualas nas instituicoes públicas? Quem lhe mandou a não separar-se do Estado? Não acham que esta é uma das ofertas dos comandantes ao partido no poder?



Amigos, os jornalistas Mouzinho de Albuquerque e Pedro Nacuo revelam-nos o suficiente para analisarmos do porque houve prisões e mortes em Montepuez e Mogincual. Porém, isso não é só lá, pois os acontecimentos de Chipene em Memba, em Fevereiro último segue o mesmo. E, quantas há por aí e que não se reportam?

Anónimo disse...

Caro umBhalane,

acompanhando o seu reciocinio:

i) assim, com a entrada de centenas de milhoes de EUROS, as contas bancarias dos nossos governabtes vao crescer.

ii) o imperio empresarial do nosso Presidente e seus amigos, vai tomar porporcoes grandiosas.

iii)o financiamento das celulas do partido nos distritos com dinheiro do Contribuintes e Doadores, vai ganhar dimensao partidaria.

iv)o PODER tera que ser mantido a qualquer custo.TODOS tem que ser da FRELIMO.

Resumindo,
os massacres e crimes contra humanidade continuarao, MOCAMBIQUE teima em conservar a sua pobreza.

MZ

Unknown disse...

A minha inquietação é quando encontramos bodes espiatórios num caso que é de todo um sistema! fora da Morte do mondlane, na morte do camarada Samora Machel quem é que foi detido para as investigações?

Digo isto porque o problema da superlotação das cadeias não é só de Mongicual é de todo um sistema prisional Nacional, não de certas pessoas que só iram servir para esquecermos esta cena macabro (quem ainda se lembra da fuga do anibalzinho? he he he he he isto só muda no dia que mudarmos o regime social em vigor entrarmos no da responsabilização. só que vai sr difícil porque até tribunal de africa esta sendo constituido para garantir dualidade de critérios em casos semelhantes!

Reflectindo disse...

Isso mesmo Chacate e congratulo-te por saber interpretar do que se passa no nosso país.

A questão não é só de Mogincual. Os assassínios correm em todo o lado, uns ouvidos outros não.

Ainda está viva a fuga de Anibalzinho.

É sim um sistema que está em problemas e não o comandante da polícia de Mogincual que nunca foi do BO, de Chipene ou Montepuez.

Joaqum Macanguisse disse...

Em Fevereiro de 2006 a cooperação Italiana lançou uma caderno, veja no (http://www.italcoopmoz.com/docs/nostre_pubblicazioni/quaderno_8.pdfem )pagina 6 ,segundo paragrafo que Avertino Barreto
na altura Director Nacional Adjunto da DNS-MiSau na sua intervenção disse
"-Esta doença, hoje considerada endémica no país, atinge praticamente todas as províncias, variando apenas nos níveis de intensidade de incidência destas, nomeadamente Inhambane e alguns distritos da província de Nampula, como é o caso do distrito de Mongincual que nunca sofreu qualquer epidemia desde a independência nacional."
a viragem da tradição histórica do distrito na matéria da imunidade da doença terá sido a alavanca da suspeita da sua introdução com base no cloro?

Joaqum Macanguisse disse...

Acima escrevi uma caderno no lugar de um caderno .isto deveu-se ao facto de inicialmente ter escrito uma brochura e posteriormente ter substituído a palavra brochura por caderno, sinceras desculpas

Reflectindo disse...

Kimmanel, interessante o que abordas e ainda com fontes.

Anónimo disse...

Meus caros vivemos numa sociedade onde o governo não está com nenhuma intenção de acabar com a ignorancia e o anafalbetismo!
As pessoas têm que se agarrar ao que melhor lhes dê certa segurança para prosseguirem com as suas humildes vidas, agarran-se a seitas religiosas, agarrams-se a tradições e quando o governo não faz o seu papel de educador as mesmas tendem a segurar-se nas suas tradições
pois quando reza a história de Mongincual que esta região nunca tinha sido assolada por nenhuma epidemia até que os governantes trouxeram o cloro, não culpemos a atitude de desconfiança deste humilde povo, que abandonado a sua sorte e dentro da ignorancia que o seu governo muito teima em mante-la, ousou levantar-se e combater o que eles muito acreditam que é a fonte da doença
já tivemos casos de quem julgasse que o governo prendeu a chuva no céu e todo mundo governamental achou piada, mas não fez o que deveria fazer que é investir mais na educação das pessoas, dado que mantém em certos distritos turmas de 200 alunos na escola primária e todos com direito a passagem automática

Este país anima mesmo
O ESTADO DA NAÇÃO É BOAZUDO

Anónimo disse...

Meus caros vivemos numa sociedade onde o governo não está com nenhuma intenção de acabar com a ignorancia e o anafalbetismo!
As pessoas têm que se agarrar ao que melhor lhes dê certa segurança para prosseguirem com as suas humildes vidas, agarran-se a seitas religiosas, agarrams-se a tradições e quando o governo não faz o seu papel de educador as mesmas tendem a segurar-se nas suas tradições
pois quando reza a história de Mongincual que esta região nunca tinha sido assolada por nenhuma epidemia até que os governantes trouxeram o cloro, não culpemos a atitude de desconfiança deste humilde povo, que abandonado a sua sorte e dentro da ignorancia que o seu governo muito teima em mante-la, ousou levantar-se e combater o que eles muito acreditam que é a fonte da doença
já tivemos casos de quem julgasse que o governo prendeu a chuva no céu e todo mundo governamental achou piada, mas não fez o que deveria fazer que é investir mais na educação das pessoas, dado que mantém em certos distritos turmas de 200 alunos na escola primária e todos com direito a passagem automática

Este país anima mesmo
O ESTADO DA NAÇÃO É BOAZUDO