Como ama dizer o arquitecto Mário Mabjaia em suas intervenções irónicas na televisão, a vida é muito complicada. Por quê? Então não é que esta manhã, manhã cedo, logo duas senhoras me puseram o fantástico fenómeno de uma jovem de 17 anos que deu à luz três chávenas - duas brancas e uma castanha, asseguram-me, firmes em seu alvoroço -, lá por terras de Gaza, sul do país, segundo notícia da STV onde à noite, noticiário das 20 horas? Que a moça nem ao hospital conseguiu chegar e que teve o parto onde foi possível ter? Que chorava, que havia muita gente junto dela e que o caso foi entregue à polícia? "Já viu professor? O professor não viu? Foi mesmo assim, três chávenas!"
Agora, eu, pobre Carlos cartesiano, aguardo que algém da STV me fale mais em pormenor de tão bela e garciamarquesiana história, bem ao jeito das histórias que o meu conterrâneo Arune Valy costuma contar na RM, quando fala das fantásticas coisas da nossa terra, Tete.
Agora, eu, pobre Carlos cartesiano, aguardo que algém da STV me fale mais em pormenor de tão bela e garciamarquesiana história, bem ao jeito das histórias que o meu conterrâneo Arune Valy costuma contar na RM, quando fala das fantásticas coisas da nossa terra, Tete.
1.ª adenda às 14:09: bem, a sempre gentil Bordina da STV disse-me telefonicamente que a reportagem foi feita pelo correspondente da estação em Gaza e que, agora, aguarda-se pela chegada de novo material. Que os médicos foram interrogados sobre o caso mas que não há nenhum testemunho oficial ainda. Parece que a jovem é virgem e nunca deu à luz - foi o que apurei de Bordina, que me prometeu manter informado sobre novos desenvolvimentos. No entretanto, vou pensando no imaginário que tem como êmbolo chávenas feitas na China...
2.ª adenda às 15:56: pensem um pouco não apenas na origem de fabrico das chávenas, mas, também, nas suas cores.
10 comentários:
:-) Não só voçê como eu tb vou esperar por esse fenómeno de veras estranho..
Pergunto-me quem seria o pai! O bule?
Lisa
Algumas vezes a pressa jornalistica em divulgar noticias leva a ligeireza nos assuntos a rocar a inconsistencia. Dizia o reporter ou jornalista que a jovem dera parto a tres chavenas (Made in China), entretanto a gravidez teria tres meses. Pois a isso chamar-se-ia aborto e nao parto. Acho seria bem mais interessante olhar para a historia como linguagem de algo mais profundo que seria interessante compreender, por exemplo poderiamos perguntar o que levaria a producao, circulacao, validacao, aceitacao e reproducao do 'discurso' sobre a gravidez que gera chavenas, e por meio de que processos. Poderiamos perguntar tambem por que processos ocorrem as dimensoes atras levantadas.
Eish, eu também fico deste lado a aguardar detalhes. Depois traduzo e coloco no meu blog, com a sua permissão. Mas só depois de ter detalhes, professor. Eu quero nome do pai, e se puder, das chávenas, bem como a ordem de nascimento. Depoimento de testemunhas oculares (com ou sem óculos). O dia promete!...
Com cada coisa...
eu nao sei o que é mais hilariante...o aborto de três chavenas 'made in china' ou a pressa do reporter em cobrir a peça...
Made in China...Sem dúvida que importa estudar o imaginário que vai tão longe no perto das chávenas aqui compradas.
A euforia de publicar leva os reportes ou Jornalistas a cometerem erros graves, primeiro fala-se de parto, depois de gravida de 3 meses (que confusão) ninguém preocupou-se numa possivel perícia às chavenas (em que aspecto se encontravam? Havia sinais de sangue? ou eram chavenas new from the box?)terá a menina algum teste de gravidez passado por uma entidade competente? Como vai a relação dela com o marido ou namorado? Não terá essa menina antecedentes passionais que possam leva-la a simular uma gravidez? Será que houve alguma preocupação em estudar a inveja naquele meio social? Um mar de perguntas por fazer, por vezes é melhor ter calma e trazer noticias com conteudo e credibilidade.
Maxango
Há sempre uma lógica atrás de uma aparente ilógica, há sempre uma racionalidade atrás de uma aparente irracionalidade.Mesmo ao nível do jornalista. A questão consiste em encontrar a sua chave, o seu código.
Concordo com as questões colocadas pelo Sr. Maxango. Será que quando a moça descobriu que estava grávida, fez nenhuma consulta? Planeamento? Ecografia? Será que possui documentos que comprovam que estava grávida? Acho que é um caso que necessita de um estudo profundo.
Macicane, Zefanias
O mais interessante nesta historia, foi ver o sr. da aMETRAMO a confirmar a 'possibilidade' de tal occorencia...pois que no mundo da feiticaria tudo eh possivel. Dizia ele, que os da cidade poderiam nao acreditar (e tenho pra mim que todos voces sao parte deste grupo), mas la no campo, nas zonas rurais as pessoas sabem que isso acontece.
Mas ok..mas vejma so que o assunto foi primeira noticia...ou noticia de destaque na....STV!! kakakaka...I love it
PP
É sempre fascinante o campo das crenças. Há dias, comigo num programa da STV, o presidente da Ametramo, Sr. Morais, afirmou que poderia tentar muitas coisas (por exemplo, dar sorte às equipas de futebol, assegurar uma pasta ministerial para alguém) desde que as pessoas não fossem preguiçosas (sic), quer dizer, desde que acreditassem...
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