29 abril 2007

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (5) (e os vendedores da pátria em troca de dólares ou de euros na lógica de Lázaro Mabunda) (continua)


I
Prossigo esta série, depois de, no número anterior, ter apresentado duas peças contraditórias de Jorge Rungo do semanário "Domingo", procurando situá-las no contexto da classificação que o seu colega Lázaro Mabunda do semanário "O País" fez dos vendedores da nossa pátria.
Em Fevereiro deste ano, o "Notícias" reportou a extraordinária odisseia de 50 contentores de madeira em toros apreendida no porto de Pemba graças a um telefonema anónimo para o governador de Cabo Delgado. Na altura, o jornalista Pedro Nacuo escreveu o seguinte: "Mas ficou algo muito intrigante: que resulta do facto de constatarmos que quem esteve envolvido na “operação” que desaconselhou a exportação ilegal da madeira, são as mesmas pessoas ou instituições que chefiam, que deviam ter evitado que nem sequer a madeira saísse do seu parque, no bairro de Muxara."
Em Março, o porto de Nacala foi descrito como "porta" de saída de diversas espécies de madeira retirada do país, com o aparente envolvimento dos líderes comunitários. Fontes que revelaram o facto a nossa Reportagem, apontaram os distritos de Meconta, Mogincual, Monapo, Eráti e Muecate, como regiões, cujos recursos florestais são explorados sem a observância de critérios plausíveis."
No mesmo mês, dezoito contentores, provenientes de Manica, com 250 metros cúblicos de madeira serrada e de outro tipo em toros, do tipo panga-panga, foram apreendidos no porto da Beira. A apreensão foi possível graças a um denúncia chegada ao ao gabinete do governador de Sofala.
Os leitores deste diário sabem que existem aqui dezenas de entradas concernentes ao saque da nossa madeira.

II
A denúncia do saque não começou com o relatório de Jacqueline Mackenzie, como Sr. Lázaro Mabunda escreveu.
Como a imagem desta entrada comprova, como centenas de entradas comprovam na imprensa escrita do nosso país há vários anos, como vários relatórios independentes comprovam, o saque da nossa floresta é real.
E são Moçambicanos quem tem escrito na nossa imprensa, reportando esse saque.
Ora, rigorosamente na lógica de pensamento de Macatai Mathendja (evidente pseudónimo) e de Lázaro Mabunda, os jornalistas que têm reportado o saque, o ex-governador Abdul Razac que se mostrou preocupado com a situação em 2004 (veja recorte da imagem desta entrada) e muitos outros Moçambicanos, entre os quais os ambientalistas, todos eles estão ao serviço da União Europeia (contra os Chineses na tese de Mabunda) para, como diz de forma grave o mesmo Mabunda, venderem "a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros".
E, naturalmente, dentro da mesma lógica, também vende a pátria o procurador-geral da República, Joaquim Madeira, que há dias e pela primeira vez se referiu, no seu informe anual à Assembleia da República, ao tema "extracção e exportação de madeiras das nossas florestas", lamentando, por exemplo, que as ilegalidades tenham o beneplácito dos fiscais "ou até de agentes superiores do sector, que se comportam como se delas tirassem proveito pessoal" (no próximo número desta série reproduzirei a parte do relatório sobre florestas que aqui interessa).
Não há dúvida de que Lázaro Mabunda vai ter que justificar muitas coisas aos muitos Moçambicanos que acusou de venderem a Pátria.

2 comentários:

Capitão-Mor disse...

A triste realidade da colocação de países emergentes à venda para nações estrangeiras!

Carlos Serra disse...

Veremos a continuação da série.