10 outubro 2014

Perigo nas "barreiras" de Maputo

As "barreiras" da cidade de Maputo em frente ao Clube Naval têm agora várias clareiras, fruto de queimadas recentes (as cinzas estão ainda visíveis, como as imagens abaixo mostram). Os problemas de erosão nas barreiras são crescentes e as queimadas podem agravá-los. Hipótese: pode acontecer que a areia seja gradualmente arrastada, pondo eventualmente em risco, a longo prazo, os edifícios da Avenida Friedrich Engels, por falta de compactação.
Pedi a um arquitecto um parecer sobre a situação. Ei-lo: "Solos: vermelhos, designados como colapsáveis, em presença de água perdem rapidamente a coesão entre as partículas e desabam. Métodos de contenção e sustentação – arborização quer rasteira quer vertical. Ou em caso de falhas existentes e periódicas – misturar gabiões em socalcos e arborização. Último recurso, gunitagem de toda a superficie – ancoragens, rede e betão. Processo em que toda a reflorestação não funcionou. As barreiras de Maputo, segundo a legislação e as portarias municipais, não podem servir de área de descarga superficial ou em profundidade de águas quer domésticas quer pluviais. Qualquer descarga precisa de órgãos complexos de contenção e encaminhamento para o mar ou para os sistemas de drenagem existentes.  Casos em que ocorreram processos de desmoronamento nos últimos 20 anos - Hotel Girassol, em que a barreira cedeu durante fortes chuvadas e a terra assoreou o campo do Maxaquene; Hotel Cardoso, necessitou de obras de contenção avultadas para estabilização dos solos; descida do Parque dos Professores para a baixa colapsou e foi refeita." Finalmente: recorde um texto de 2010 intitulado "O drama de uma urbanização caótica", aqui.

1 comentário:

nachingweya disse...

O mais provável é que as barreiras sejam retalhadas em talhoes e cada um execute as obras de estabilização do seu próprio quintal porque tanto a autarquia como o próprio Estado vão a reboque de iniciativas privadas, nem sempre boas.
Na subida da futura sede do BCI daqui para o Ministerio de Defesa Nacional já existe uma vala resultante das ultimas chuvas. Se este não for ano de seca, a via é capaz de conhecer bloqueios mais sérios.