Quarto número da série. Como já observei, esta série é tributária dos relatos e das análises que vão surgindo na imprensa sobre a construção política dos adversários. Um dos vectores de certo tipo de artigos de opinião apresenta o Partido A como único detentor do patrotismo e do desenvolvimento, sendo os partidos B e C absolutamente destituídos dessas virtudes. Acresce que esses partidos antipatriotas são - argumentam os autores daqueles artigos - financiados pela direita estrangeira, em última análise pelo ultracolonialismo. E aqui temos um exemplo da síndrome da mão estrangeira, com múltiplas aplicações. Por exemplo, quando acontece um protesto popular no país, imediatamente surgem as teorias de que à retaguarda estão mentes e mão estrangeiras. Por outras palavras, os protestos não podem ser locais, genuinamente locais. Cartune reproduzido com a devida vénia daqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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1 comentário:
Bertrand Russell, escrevia há muitas décadas:
"Uma democracia em que a maioria exerce os seus poderes sem quaisquer restrições, pode ser quase tão tirânica como a ditadura. A tolerância para com as minorias constitui a faceta essencial duma democracia consciente, mas uma faceta que nem sempre é suficientemente recordada".
O recurso a argumentos do género "à rectaguarda estão mentes e mãos estrangeiras" denuncia, no mínimo, um problema grave de amnésia histórica! Salazar e Caetano ocultavam~se por detrás de afirmações deste tipo para justificarem a guerra colonial
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