*O que significam acordo, Estado e paz no Moçambique pré-Outubro, quer dizer, antes das eleições gerais marcadas para esse mês?
* Toda e qualquer luta entre partidos visa, não só um fim objectivo, mas ainda e acima de tudo o controlo sobre a distribuição de cargos" (Max Weber, O político e o cientista. Editorial Presença, s/d, p.64)
Décimo oitavo número da série. Eis a décima sexta e última nota sobre o que chamo Acordo de Maputo, homologado ontem pelo presidente da República, Armando Guebuza, e pelo presidente da Renamo, Afonso Dhlakama e que será rapidamente transformado em lei pela Assembleia da República na segunda-feira. Indo para além dos discursos nefelibatas e das expectativas quiliásticas, a hipótese central de todo este imbróglio é a seguinte: uma genuína paz (palavra grandiosa e cheia de problemas, esta) no país passa pelo realização das seguintes três condições em evidente acordo bipartidário (Frelimo+Renamo):
1. Redistribuição de recursos de vida pelos guerrilheiros da Renamo;
2. Redistribuição de recursos de poder e prestígio ao nível das forças de defesa e segurança pela elite militar da Renamo;
3. Redistribuição de alguns cargos de poder e prestígio - por exemplo para o presidente da Renamo, digamos que ao nível de uma vice-presidência -, cargos que poderão ser acompanhados por algum tipo de sinecura (participação simbólica em conselhos de administração de empresas públicas).
Talvez assim se possa compreender a enigmática frase do ex-reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Prof. Filipe Couto ("Ninguém será castigado pelo eleitorado em Outubro") e, bem mais recentemente, a promessa do candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, no sentido de que vai formar um governo inclusivo caso ganhe as eleições de Outubro. Por outras palavras: no âmbito da hipótese avançada, os resultados de Outubro não porão em causa a efectivação das três condições, destinadas a desarmar e a desguerrilhar a Renamo. Ainda que a redistribuição de topo possa provocar ressaibos ao nível dos aspirantes a topcargos nas hostes da Frelimo, poderá ser adoptado o lema de que alguns sacrifícios locais permitirão manter e reproduzir o sistema a nível geral.
Finalmente, resta saber se os sacrificados políticos em todo este processo bipartidário (Frelimo+Renamo) não serão Daviz Simango e o MDM.
* Toda e qualquer luta entre partidos visa, não só um fim objectivo, mas ainda e acima de tudo o controlo sobre a distribuição de cargos" (Max Weber, O político e o cientista. Editorial Presença, s/d, p.64)
Décimo oitavo número da série. Eis a décima sexta e última nota sobre o que chamo Acordo de Maputo, homologado ontem pelo presidente da República, Armando Guebuza, e pelo presidente da Renamo, Afonso Dhlakama e que será rapidamente transformado em lei pela Assembleia da República na segunda-feira. Indo para além dos discursos nefelibatas e das expectativas quiliásticas, a hipótese central de todo este imbróglio é a seguinte: uma genuína paz (palavra grandiosa e cheia de problemas, esta) no país passa pelo realização das seguintes três condições em evidente acordo bipartidário (Frelimo+Renamo):
1. Redistribuição de recursos de vida pelos guerrilheiros da Renamo;
2. Redistribuição de recursos de poder e prestígio ao nível das forças de defesa e segurança pela elite militar da Renamo;
3. Redistribuição de alguns cargos de poder e prestígio - por exemplo para o presidente da Renamo, digamos que ao nível de uma vice-presidência -, cargos que poderão ser acompanhados por algum tipo de sinecura (participação simbólica em conselhos de administração de empresas públicas).
Talvez assim se possa compreender a enigmática frase do ex-reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Prof. Filipe Couto ("Ninguém será castigado pelo eleitorado em Outubro") e, bem mais recentemente, a promessa do candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, no sentido de que vai formar um governo inclusivo caso ganhe as eleições de Outubro. Por outras palavras: no âmbito da hipótese avançada, os resultados de Outubro não porão em causa a efectivação das três condições, destinadas a desarmar e a desguerrilhar a Renamo. Ainda que a redistribuição de topo possa provocar ressaibos ao nível dos aspirantes a topcargos nas hostes da Frelimo, poderá ser adoptado o lema de que alguns sacrifícios locais permitirão manter e reproduzir o sistema a nível geral.
Finalmente, resta saber se os sacrificados políticos em todo este processo bipartidário (Frelimo+Renamo) não serão Daviz Simango e o MDM.
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