05 novembro 2013

Cenários pós-Santungira (15)

Décimo quinto número da série. Termino o primeiro e inicio o segundo dos cinco pontos do sumário proposto no número inaugural, com a indicação expressa de que em todos eles apenas terei em conta pequenas hipóteses que, absolutamente, precisam ser testadas. 1. O significado de Santungira. Escrevi que Santungira era produto dos fenómenos propostos aqui. Mas não só: esta terra da Gorongosa era, também, simbolicamente, um processo compensatório e um manifesto extremo contra o efeito halo. Compensatório, no sentido em que pelo sacrifício, pela frugalidade, pela heroicidade e pela fidelidade, a liderança da Renamo pretendia mostrar que estava em sintonia com a pobreza do povo, que vivia como esse povo. Partido conservador, partido da direita, a Renamo tem procurado, em linha com o populismo mais moderno, apresentar-se como vanguarda das aspirações e das críticas populares. A este nível, Santungira foi preparada para ser mais do que uma base guerrilheira, foi cenicamente organizada para ser um retorno político vistoso às origens rurais. Como escreveu um dia Georges Balandier, "Todo o sistema de poder é um dispositivo destinado a produzir efeitos, entre os quais os que se comparam às ilusões criadas pelo teatro." Por outro lado, Santungira era, também, um manifesto extremo contra o efeito halo, no sentido em que, criminalizada em permanência em função do seu passado, não importando o que fizesse ou faça, a Renamo procurou e procura, pela retoma da guerrilha, pelo resgaste da história castrense, mostrar que protestava definitivamente contra a lógica política da soma-zero.  2. O cenário da guerrilha líquida de baixa intensidade. Segue-se, agora, o segundo ponto do sumário. Mas, se não se importam, prossigo amanhã.
(continua)
Adenda às 6:28: o presidente Guebuza convidou Dhlakama para um encontro dia 8, na cidade de Maputo. Confira aqui.
Adenda 2 às 14:48: o "@Verdade/Facebook" reporta um novo ataque esta manhã na região de Vandúzi, confira aqui.
Adenda 3 às 19:31: notícia preocupante aqui. No seu noticiário das 19:30 da "Rádio Moçambique", há o registo de 16 feridos.

2 comentários:

nachingweya disse...

Se o que se sabe é que o homem encontra-se fugido (das FDS) em parte incerta para que endereço foi enviado o convite?
PS: Será que os nossos ministros das contas e estatisticas jé produziram um numero de quanto o país perdeu em dinheiro, credibilidade e confiança desde o dia 21 de Outubro? Acho que não

Salvador Langa disse...

Cada vez mais ataques na EN 1, cada vez mais feridos.