O verdadeiro desafio de uma sociedade democrática consiste não na eliminação da divergência de interesses, mas, antes, como propôs Paul Ricoeur, no inventário dos procedimentos "que permitam que eles se expressem e se tornem negociáveis" (1) . Na verdade, em muitas análises é frequente o conflito social surgir como uma força maléfica, como devendo ser absolutamente evacuado. Ora, o conflito é uma força socializadora em qualquer sociedade. Uma sociedade sem diferenças, sem variabilidade histórica e sem conflitos é uma sociedade impossível. Por isso, um outro grande desafio de uma cultura democrática consiste, como escreveu Brazão Mazula num dos seus livros, em saber até que ponto o Estado é capaz de respeitar "as interpelações da história, da diversidade cultural e da descentralização" (2).
(1) Ricoeur, Paul, Du texte à l'action. Paris: Éditions du Seuil, 1986, p.404.
(2) Mazula, Brazão, As eleições moçambicanas: Uma trajectória da Paz e da Democracia, in Mazula, Brazão (org.), Moçambique, Eleições, Democracia e Desenvolvimento. Maputo: ed. do autor, 1995, p.66.
(1) Ricoeur, Paul, Du texte à l'action. Paris: Éditions du Seuil, 1986, p.404.
(2) Mazula, Brazão, As eleições moçambicanas: Uma trajectória da Paz e da Democracia, in Mazula, Brazão (org.), Moçambique, Eleições, Democracia e Desenvolvimento. Maputo: ed. do autor, 1995, p.66.
3 comentários:
Acontece que muitas vezes os obreiros de conflitos são os maiores apóstolos de organizações de prevenção de conflitos. O cinismo.
Na sua definicao primitiva, a democracia de Atenas era assim. Nao sendo por acaso que, a Filosofia dos Gregos, seja cadeira obrigatoria em muitos estabelecimentos de ensino. Depois, vieram outros estudiosos que propuseram o centralismo-democratico e outros ismos como um aperfeicoamento da democracia. Agora, outros, escrevem-nos livros para nos mandarem para as calendas gregas...
E chamam a isso, o progresso da ciencia!
Ofra aqui está, há quem queira sempre ter na boca o gosto das coisas que não mudam.
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