30 outubro 2011

Triplamente mestiça

Tenho para mim que uma parte do nosso povo é triplamente mestiça em suas crenças: acredita ao mesmo tempo no médico, no pastor e no curandeiro. Se algo é suposto falhar num, há reservas à espera. Isso é especialmente visível nas doenças, encaradas num espectro inflexível que vai do mosquito ao desajuste de um mau espírito, passando, dada a crescente influência das igrejas evangélicas salvacionistas, pelo diabo. Do paracetemol à mezinha que é suposta blindar corpo e alma, habita a infinita crença na vida, crença em vaivém permanente entre o hospital, o consultório e o templo.

4 comentários:

Salvador Langa disse...

De acordo consigo Professor. Quanto mais pobreza mais as pessoas procuram consolo.

TaCuba disse...

Isso também faz a fortuna de muitos malandros que exploram as crenças.

BMatsombe disse...

Como aqui e em muitos outros países.

ricardo disse...

Nao ha mesticagem. Ha desespero e desnorte de um povo que nunca foi ensinado (porque ninguem o deseja) a saber quem ele e, e o que dele espera o seu pais. Mesmo hoje, ainda assoma a janela, gesticulando para todos os lados, e gritando para ser ouvido por alguem mais velho. E um povo que se libertou das amarras coloniais, mas que todavia, ainda nao se libertou das amarras mentais dos lideres que escolheu.

Outros povos, questionariam. Interpelariam. Estudariam. Exigiriam. Mudariam esses lideres!