26 outubro 2011

Manifestação e descrições

Ainda sobre a manifestação dos desmobilizados de guerra ontem reportada neste diário: o "Notícias" digital, que ontem citou uma fonte não identificada a dizer que Hermínio dos Santos, presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra,  procurava criar desordem no país com o aval de uma "chancelaria ocidental" também não identificada, abandonou hoje a teoria do complô e refere a presença de centenas de desmobilizados da "ala de Hermínio dos Santos" na manifestação, em "ambiente ordeiro" e "atentamente acompanhada por um contingente policial despachado para o local". Aqui. Por sua vez, o "O País" digital de hoje resgasta um termo das manifestações europeias e refere-se a desmobilizados "indignados" em "manifestação pacífica", ao mesmo tempo que dá conta de que "o governo mobilizou um contingente impressionante de forças de defesa e segurança - Força de Intervenção Rápida, Polícia de Protecção, Polícia de trânsito, Força de Protecção de altas individualidades, além de elementos da PIC e do SISE vestidos a civil. Refira-se que a FIR se fez presente no local com uma mega-viatura anti-motim até aqui desconhecida pelo público." Aqui. Finalmente, o "Diário de Moçambique" digital reporta a presença na manifestação de "mais de mil pessoas, entre homens e mulheres, na sua maioria desmobilizados de guerra ou seus supostos familiares", enquanto "um forte contingente policial patrulhava a capital moçambicana", sem que, porém, tivesse havido "quaisquer contactos entre agentes e manifestantes". Aqui.
Adenda às 9:51: por sua vez, o "@Verdade", em texto de Hermínio José,  reporta que os governantes entraram e saíram pela porta traseira do edifício onde se localiza o gabinete do primeiro-ministro e dá conta de que numa carta "submetida à Presidência da República a 29 de Setembro passado e espalhada pelas embaixadas sedeadas na capital do país, o Fórum dos Desmobilizados de Guerra pretende ver construído um edifício de 15 pisos imediatamente, para albergar todos os combatentes, alocação pelo governo de 30 viaturas de cinco em cinco anos para garantir o transporte de diversas actividades e escoamento de bens, entre outros." Aqui.

3 comentários:

Anónimo disse...

PROF.
Alguém aqui poderia me dizer quanto recebe um antigo combatente dos 10 anos de luta armada e um combatentente da Luta da Democracia ou seja os 16 anos de luta?????

Mário Lithuri

ricardo disse...

Penso que sabe a resposta. Uns sao oficiais generais na reserva. E outros, soldados rasos no caixote de lixo da Historia. Portanto, dispensa comparacoes.

A unica coisa que tenho a dizer a respeito sobre esta estratificacao social e politicamente aceite (inclusive neste blogue) em classes de herois e desmobilizados. Parece que os da Luta Armada, sao uma casta superior aos demais. Pergunto-me se aqueles mocambicanos dos anos 40-50 (como Kamba Simango por exemplo e outros) nao poderiam ser classificados tambem? Eu creio que e justo TODO antigo combatente tem direito a uma pensao de sobrevivencia, por principio, mas sobretudo, a possibilidade de sobreviver a custa dos seus projectos e rendimentos proprios. Nunca me pareceu correcto, assumir que TODOS os que fizeram os 16 anos de guerra eram camponeses e semi-analfabetos. E os que combateram na Luta Armada eram o que? Mas foi isso que se viu. Desde a ONUMOZ ate a iniciativa dos Cristaos "Armas por Enxadas" todos afinaram no mesmo diapasao.

Raras vezes constatei em Mocambique projectos estruturantes que fundamentalmente garantissem aos antigos combatentes mais recentes:

1- Assistencia medica-medicamentosa;
2- Auto-emprego pela formacao/actualizacao profissional;
3-Condicoes basicas de recomeco da vida no regresso as origens.

Nada vi. Entenderam que o dinheiro na mao resolvia tudo. Nao so nao resolve, como nos coloca periodicamente a merce da chantagem de individuos que no passado nao souberam fazer outra coisa senao matar, esfolar e roubar impunemente ou as ordens do poder instituido, e que hoje, grosso modo padecendo de stress pos-traumatico, e que fazem a sua anamnese quando estouram os poucos cobres da pensao no "senta-abaixo' das redondezas, ou na "colombia" vizinha. Vi naquela multidao, jovens de 30 anos que poderiam estar a trabalhar. Esclareceram-me que eram ex-criancas-soldado. Hoje sao jovens adultos que sobrevivem, entre outras coisas, como vendedores-ambulantes de quinquilharia chinesa, lavadores de carros, catadores de ferro-velho, aluminio e papelao, e por ai em diante. Sem nenhuma especializacao profissional, alguns ate sem saber ler e escrever.

Mas eles, tambem sao mocambicanos como os outros que nos governam!

Ja se fez um estudo para se avaliar quantos destes antigos combatentes recentes conseguiram estabilizar as suas vidas a custa do auto-emprego e poupancas? Pois bem, facam-no e verao.

Salvador Langa disse...

Prédio de 15 pisos e mais 30 viaturas de 5/5 anos e mais tudo o que pedem? Melhor alimentar um burro a pão de ló.