Segundo o "Notícias", o ministro da Saúde, Alexandre Manguele, "criticou de forma veemente atitudes pouco recomendadas do pessoal médico afecto às diversas unidades hospitalares, por aquilo que considera de um mau serviço ao paciente". Aqui.
Em 1996 tive a honra de proferir a "oração de sapiência" da Faculdade de Medicina, intitulada "O desafio de uma medicina bernardiana em Moçambique" (a faculdade editou uma brochura com o texto). Um extracto: "O (...) o médico bernardiano que pratica a medicina experimental, que pratica a dúvida metódica e sujeita a prova à contraprova, tem de ser, também, intrinsecamente, permitam-me a ousadia, uma espécie de nhamussoro, quer dizer alguém que ajude emocionalmente, que transforme o antibiótico, por exemplo, numa ponte de contacto humano, que saiba ouvir e acarinhar o doente, que tente introduzir ou reintroduzir, sobretudo após esta guerra longa e mortífera que destruiu o país, o espírito das crenças e dos valores de uma comunidade solidária à Tönnies. Por outras palavras, o laboratório bernardiano deve conter o espírito da nossa cultura, o húmus do nosso ser (...). É nessa dualidade íntima que vejo o percurso do futuro médico, daquele que começa hoje a estudar, daquele que, oriundo dos mais variados pontos deste país, portador de um determinado universo de socializações, decidiu nobremente que a sua vida seria dedicada à promoção da saúde e a curar os que adoecem. É nessa dualidade que vejo, também, o término do curso de medicina, término que, afinal, é sempre um novo começo, um novo processo".
Em 1996 tive a honra de proferir a "oração de sapiência" da Faculdade de Medicina, intitulada "O desafio de uma medicina bernardiana em Moçambique" (a faculdade editou uma brochura com o texto). Um extracto: "O (...) o médico bernardiano que pratica a medicina experimental, que pratica a dúvida metódica e sujeita a prova à contraprova, tem de ser, também, intrinsecamente, permitam-me a ousadia, uma espécie de nhamussoro, quer dizer alguém que ajude emocionalmente, que transforme o antibiótico, por exemplo, numa ponte de contacto humano, que saiba ouvir e acarinhar o doente, que tente introduzir ou reintroduzir, sobretudo após esta guerra longa e mortífera que destruiu o país, o espírito das crenças e dos valores de uma comunidade solidária à Tönnies. Por outras palavras, o laboratório bernardiano deve conter o espírito da nossa cultura, o húmus do nosso ser (...). É nessa dualidade íntima que vejo o percurso do futuro médico, daquele que começa hoje a estudar, daquele que, oriundo dos mais variados pontos deste país, portador de um determinado universo de socializações, decidiu nobremente que a sua vida seria dedicada à promoção da saúde e a curar os que adoecem. É nessa dualidade que vejo, também, o término do curso de medicina, término que, afinal, é sempre um novo começo, um novo processo".
4 comentários:
Manguele repete o discurso de Garrido.
As clínicas privadas, esqueceram?
O médico devia ser com o verdadeiro pastor...entregue à causa dos doentes...
E por falar em Garrido. Ele foi o unico ministro desde 1975 que percebeu o quao importante era articular a assistencia medica com a assistencia psicologica ao doente. Ou seja, muitas vezes, as doencas podem ser evitadas e ate curadas se houver uma competente abordagem psicosomatica. Ora, o exercicio da psicologia clinica na nossa saude publica, nao e, nem popular, nem sequer bem aceite pela Ordem dos Medicos. Todavia, na saude privada, o cenario e bem diferente para melhor. So que, muitas vezes, ela limita-se a puro mercenarismo medico, quasi extorsao do doente.
E e ai que a visao de Garrido entra. Quando defendeu no seu consulado a partir de determinado momento, a adopcao da Terapia Comunitaria (partindo da excelente escola brasileira sobre o assunto) em Mocambique, justamente para confluir a "medicina bernardiana" que o sr. Prof. tantas vezes nos recorda, e porque nao dizer, poupar custos do proprio sistema de Saude, que afinal nao gera receitas suficientes nem sequer para pagar salarios condignos. Sucede porem que, Manguele e outros, decidiram simplesmente meter o assunto na gaveta a pretexto de falta de verba!
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